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Trânsito é o principal gatilho para um infarto, diz estudo

Ranking de causas do ataque cardíaco é formado ainda por café, sexo, drogas, esforço físico

Uma revisão de 36 estudos envolvendo mais de 700 mil pessoas definiu quais são os principais inimigos do coração da população. O ranking das causas de infarto foi publicado no The Lancet, um dos mais importantes veículos médicos do mundo.

Para chegar à lista de fatores de risco dos ataques cardíacos, os pesquisadores ligados à Hasselt University, da Bélgica, levaram em conta não apenas o potencial de letalidade de cada ?vilão? mas também o número de pessoas que ficam expostas a ele. Esta combinação fez o trânsito desbancar todos os concorrentes e ocupar o topo das causas, superando as drogas, as refeições pesadas e as emoções negativas.

Uma das explicações para o tráfego ser o principal gatilho de infarto é que nele estão associados outros inimigos cardíacos, como poluição e estresse, que também aparecem de forma isoladas no ranking estipulado pelo estudo.

Além das panes cardíacas, os congestionamentos são apontados como responsáveis por várias outras doenças, sendo a trombose um exemplo. A própria poluição também é culpada não só pelos infartos, mas outros problemas de saúde, como infertilidade e até apendicite.

Sem considerar o número de pessoas expostas e só o potencial de detruição, a cocaína ? um dos pós brancos que, ao lado do sal e do açúcar, forma o trio assassino do coração ? foi considerada a mais nociva por aumentar em 23 vezes o risco de infarto.

Entretanto, segundo estimativas do Centro Brasileiro de Informações Sobre Dorgas Psicotrópicas (Cebrid), ligado à Unifesp, apenas 0,5% da população brasileira é usuária habitual desta droga - as mulheres, quando estão na faculdade, usam mais a droga e o porcentual chega a 7%. Já um estudo conduzido pelo Laboratório de Poluição da Universidade de São Paulo (USP) mostrou que as principais capitais brasileiras ? São Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre, Recife e Curitiba ? têm concentração de partículas finas na atmosfera (um dos poluentes mais nocivos) em índices muito superiores ao que preconiza como limite a Organização Mundial de Saúde (OMS).

?Este estudo é um aviso de que não podemos negligenciar os efeitos dos riscos moderados quando eles afetam toda a população?, disse ao jornal New York Times Andrea Baccarelli, professor associado de epigenética ambiental da Escola de Saúde Pública da Harvard e coautor de um editorial sobre o estudo.

Um outro alerta feito na pesquisa é que as emoções negativas também são desencadeadoras de infarto. Especialistas brasileiros já haviam endossado que a ?síndrome do coração partido? é uma das principais protagonistas do infarto do novo século.