A Universidade Bandeirante está pedindo ao site YouTube a remoção de todos os vídeos com conteúdo sobre o incidente ocorrido em um campus de São Bernardo, no último dia 22, em que uma estudante é hostilizada pelos colegas por estar usando roupa curta. Uma equipe de quatro funcionários da Uniban trabalha para rastrear os videos no YouTube. Assim que os arquivos são localizados, os funcionários entram em uma área do próprio site e pedem sua despublicação. De acordo com a Uniban este trabalho tem sido feito desde quarta-feira (28).
Ainda de acordo com a assessoria da Uniban, o trabalho tem surtido efeito, mas ainda não é possível saber quantos videos foram retirados do ar. Como as cenas foram registradas em vários aparelhos celulares, é impossível controlar a publicação. Além disso, o trabalho dos técnicos está focado no Youtube, mas nada impede que os mesmos videos sejam transferidos para outros sites.
A Uniban informou nesta quinta-feira (29) que determinou a instauração de uma sindicância interna para apurar o incidente.
Segundo nota divulgada pela universidade, a sindicância foi instaurada já no dia seguinte ao fato. "Alunos, professores, seguranças e também a aluna estão sendo ouvidos individualmente pela universidade, que pretende aplicar medidas disciplinares aos causadores do tumulto, conforme o seu regimento interno, respeitando-se o contraditório e a ampla defesa", afirma o documento.
A Uniban disse que a posição "é de total repúdio a qualquer manifestação de preconceito de gênero e qualquer forma de difamação ou violência".
"Cumpre esclarecer que algumas matérias veiculadas estão equivocadas quando se refere ao crime de tentativa de estupro, uma vez que não houve qualquer contato físico nem perseguição à aluna. O que houve foram manifestações verbais de caráter ofensivo", conclui a nota.
As imagens foram postadas no site no dia seguinte à confusão. Na manhã desta quinta-feira (29), um dos vídeos contabilizava quase 20 mil acessos.
Anderson Araújo de Oliveira, colega de classe da jovem, disse ao G1 que quando chegou à aula, um pouco atrasado, encontrou vários alunos aglomerados na porta de sua classe, tirando fotos e gravando vídeos com o celular. Ao entrar na sala, disse que queria ligar para a Polícia Militar. Ele então ofereceu seu celular.
?Ela estava com uma roupa meio insinuante, o pessoal da faculdade ficou perseguindo para vê-la. Quando eu cheguei já estava uma confusão. Ela estava lá dentro, com os outros alunos e o professor?, contou o estudante.
Os vídeos colocados na internet mostram a confusão criada quando a Polícia Militar foi chamada para conter os rapazes e moças que xingavam a estudante. As imagens, feitas de telefones celulares, mostram quando a jovem deixou a Uniban vestindo um jaleco branco, acompanhada dos policiais sob gritos, assobios e xingamentos.
De acordo com Oliveira, a estudante estava com um vestido ?muito curto, rosa, bem curto?. Segundo o estudante, a universidade não procurou os alunos coletivamente para comentar o caso ou fez alguma punição. O G1 não localizou a estudante.
A PM do ABC confirma que recebeu o chamado às 21h33 para uma ocorrência de ?confusão?. Segundo o porta-voz da corporação, Emerson Massera, a situação foi resolvida no local. ?Ela teria ido à faculdade com trajes inapropriados e os alunos começaram a fazer provocações e a xingá-la?, disse ele.