Faltam dez rodadas para terminar o Campeonato Brasileiro. Estar bem posicionado a essa altura da disputa costuma garantir título ou vaga na Libertadores às equipes. Mas o contrário também é verdadeiro. Ocupar as quatro últimas posições nesse momento já tirou o sono de muita gente, e, apesar de algumas retomadas, a maioria foi parar na Série B na temporada seguinte. O único fato que até hoje se mostrou definitivo na era dos pontos corridos foi o futuro do lanterna da competição: sempre acabou entre os quatro últimos.
É verdade que em 2003, como só caíam dois times, o Grêmio, lanterna a dez rodadas do fim, salvou-se. Porém, o Tricolor gaúcho terminou em 21º lugar, o que corresponderia ao Z-4, caso mais dois fossem rebaixados. Portanto, o Fluminense pode se conformar com o futuro dos outros últimos colocados ou fazer algo inédito na atual forma de disputa.
Para o Botafogo, uma boa notícia, além das duas vitórias seguidas. O Alvinegro, que está uma posição acima da zona de rebaixamento, tem a maior diferença para o primeiro do Z-4 neste momento da competição, no caso, o Santo André. Dois pontos podem não parecer muito, mas não deixam de ser uma vantagem a mais para quem está desesperado. Nas últimas seis temporadas, apenas um ou nenhum ponto separava os times imediatamente acima da área de perigo.
Dos 24 times que terminaram nas quatro últimas posições - considerando 2003, apesar de apenas dois terem sido rebaixados -, nove, entre os que estavam no Z-4 faltando dez rodadas, conseguiram chegar ao fim acima destas posições, ou seja, 62,5% dos times acabaram na Segundona ou, no caso do primeiro ano dos pontos corridos, bem perto dela. No entanto, um dado animador é que pelo menos uma equipe acabou saindo deste grupo perigoso entre os que se encontravam lá a essa altura da disputa.
Subindo para a parte de cima da tabela de classificação, 66,6% dos times que estavam liderando a dez rodadas acabaram comemorando o título ao fim do Brasileirão. As exceções foram o Atlético-PR em 2004, que concorria com o Santos - tanto que apenas um ponto separava os rivais neste momento do campeonato -, e a disputa do ano passado. O Palmeiras tinha tomado a liderança do Grêmio, apesar de que os dois adversários tinham o mesmo número de pontos - 53, enquanto o São Paulo, que seria tri, era apenas o quinto colocado, com 49.
Tanto alviverdes quanto tricolores podem ver a atual situação de maneira positiva. A diferença que o São Paulo tirou em 2008 era de quatro pontos, e a desta temporada é de cinco (54 x 49). Melhor para os palmeirenses. Mas o São Paulo é atualmente o vice-líder e não tem tanta gente na frente quanto na última temporada.
Pensando em termos de Libertadores, das 24 equipes que nesses anos se encontravam no G-4 faltando dez rodadas para o encerramento, 79% classificaram-se de fato para a competição sul-americana. Apenas cinco ficaram pelo caminho, considerando que o Cruzeiro, apesar de terminar em quinto lugar em 2007, ficou com a vaga, já que o Fluminense, quarto colocado, já tinha assegurado presença no torneio continental por ter conquistado a Copa do Brasil.
A maior diferença de pontos já tirada para entrar no seleto G-4 a essa altura do Brasileirão dá um alento ao Goiás e complica a vida de Flamengo, Grêmio e quem mais sonhar com a Libertadores 2010. O Esmeraldino está a dois pontos do Atlético-MG, quarto lugar, igual à desvantagem superada por Palmeiras, em 2005, e Fluminense, em 2007. Mas a maior diferença já superada foi de três pontos, feitos realizados por São Caetano, em 2003, e Flamengo, em 2007. Neste ano, o Rubro-Negro carioca está a cinco pontos do G-4, e o Tricolor gaúcho, a seis.