Antes mesmo do início da final, Quinho, interprete do Salgueiro, campeão do carnaval carioca em 2009, e torcedor apaixonado do Botafogo, já soltava a garganta e ensaiava o grito de campeão. E com a bola rolando, o Alvinegro dominou completamente a partida e não deu chance para a zebra. Com gols de Reinaldo, Lucas Silva e Maicosuel, o Botafogo venceu por 3 a 0 o Resende, neste domingo, no Maracanã, e conquistou pela quinta vez na história a Taça Guanabara.
Com o título, o clube garante uma vaga na decisão do Campeonato Carioca contra o vencedor da Taça Rio. Se o Botafogo conquistar também o segundo turno será declarado campeão estadual de 2009 sem a necessidade de disputar a final. E para os supersticiosos alvinegros uma ótima notícia. Todas as vezes que o clube conquistou a Taça Guanabara acabou levando, também, o título estadual. Isso aconteceu em 1967, 1968, 1997 e, por último, em 2006.
Os jogadores do Botafogo nem vão ter muito tempo para comemorar. O time terá que viajar para Brasília, onde enfrenta o Dom Pedro II, na quinta-feira, no estádio Bezerrão, pela primeira fase da Copa do Brasil. E já no próximo domingo estreia na Taça Rio contra o Tigres, fora de casa, no Estádio de Los Larios, em Xerém.
O título premia a equipe mais regular desde primeiro turno do Campeonato Carioca, dona do melhor ataque, com 20 gols, e da segunda melhor defesa, com apenas seis gols sofridos. Como gosta de dizer o técnico Ney Franco, no Botafogo, a única estrela está no escudo que os jogadores carregam na altura do coração.
O goleiro Renan só fez uma defesa difícil durante toda a partida e o Botafogo manteve a tradição de não dar chance a clubes de menor expressão em jogos decisivos no Campeonato Carioca nos últimos anos. Em 2007, o time foi campeão da Taça Rio em cima do Cabofriense. Em 2006, o clube conquistou a Taça Guanabara após vencer o Americano, na semifinal, e o América, na decisão. Depois, o título carioca veio em cima do Madureira.
Com a camisa 7, Reinaldo abre o placar
A torcida alvinegra não lotou o Maracanã. O setor amarelo da arquibancada à esquerda das cabines de rádio ficou praticamente vazio. Havia muito espaço também nas cadeiras inferiores. Mas quem compareceu apoiou o time desde o primeiro minuto.
Apesar do forte calor no Rio de Janeiro, o jogo começou em um ritmo intenso. Leandro Guerreiro chegou de surpresa duas vezes, mas os chutes foram para fora. Aos 14, Alessandro cruzou para a área e Reinaldo cabeceou entre os zagueiros por cima do travessão. Aos 20 minutos foi a vez de Thiaguinho fazer boa jogada e chutar forte da entrada da área. O goleiro Cléber defendeu sem problemas no meio do gol.
O Resende estava muito recuado e tentava explorar os contra-ataques. Apesar de previsível, a jogada sempre assustava. Bruno Meneghel arrancava pela direita e cruzava para Fabiano no meio da área. Por três vezes os defensores alvinegros conseguiram cortar pouco antes da conclusão do atacante.
Maicosuel era o melhor alvinegro. O meia fazia a festa na defesa do Resende e conduzia o time. Mas era pouco. Sozinho, não conseguia fazer milagres. Lucas Silva lutava, mas estava apagado. Assim como Alessandro e Thiaguinho.
Aos 28 minutos, Maicosuel fez grande jogada, foi até a linha de fundo e tocou para a área. Reinaldo não conseguiu concluir para o gol. O atacante teve outra chance logo depois. Alessandro arrancou e tocou para o camisa 7 na área. Mas o chute do atacante foi fraco. Cléber defendeu com tranquilidade.
Mas na terceira oportunidade seguida, Reinaldo não perdoou. Um gol de oportunismo, de artilheiro, de um jogador que tem estrela. Emerson subiu ao ataque e deu um magnífico passe para Fahel, que foi até a linha de fundo pela direita e cruzou para a área. O Breno foi cortar, mas a bola bateu em Naílton, voltou em Breno e sobrou limpa para Reinaldo na pequena área. O atacante só tocou rasteiro, sem chance para o goleiro Cléber. Fogão 1 a 0. Na comemoração, Reinaldo, que havia prometido para o ídolo alvinegro Maurício balançar a rede na final, erguei os braços para o céu e agradeceu.
Após o gol, o Botafogo passou a dominar completamente o jogo e ficou muito perto do segundo gol. Reinaldo teve uma chance. Alessandro, outra. Mas os dois chutes pararam nas mãos do goleiro Cléber. E o técnico Antônio Carlos Roy comemorou o fim do primeiro tempo.