A Argentina sofreu, mas está nas oitavas. Ao vencer a Nigéria por 2 a 1 nesta terça-feira (26), em São Petersburgo, a seleção de Jorge Sampaoli garantiu vaga na próxima fase da Copa do Mundo, na qual enfrentará a França. O jogo teve o primeiro gol de Lionel Messi nesta edição do torneio. Moses empatou em cobrança de pênalti, mas Rojo selou a vitória com um golaço nos minutos finais.
O time alviceleste confirmou a classificação ao deixar de lado sua própria limitação, que gira em torno da grande dependência por Messi e da esperança de que o craque resolva tudo. O sofrido gol de Rojo fez explodir o choro dos jogadores argentinos, como Di María, e expôs que a equipe terá de evoluir técnica e emocionalmente no mata-mata.
Mas, para garantir a vaga, o time sul-americano não só precisou triunfar em uma partida extremamente dramática, como também contou com a vitória da Croácia por 2 a 1 sobre a Islândia, em partida que ocorreu no mesmo horário. Os croatas, que já estavam garantidos nas oitavas, vão encarar a Dinamarca.
A Argentina esteve perto de viver o drama que enfrentou na Copa do Mundo de 2002, quando foi eliminada na primeira fase. Curiosamente, a Nigéria estava no mesmo grupo naquele ano e caiu junto com o seu algoz de 2018.
O melhor: Messi
Messi não joga sozinho e nem deveria, mas sua redenção, enfim, veio. Ele esteve em todos os lugares do gramado nesta terça e trabalhou relativamente bem até na defesa, como no corte que fez aos 40 do primeiro tempo.
Mas o principal setor do campo em que ele se fez presente e deixou sua marca foi no gol. Aos 14 minutos do primeiro tempo, aproveitou belo passe de Banega para tocar na saída do goleiro nigeriano e marcar o seu primeiro tento nesta Copa, o 100º do Mundial da Rússia.
Quase fez mais. Aos 33, o camisa 10 cobrou falta sofrida por Di María e acertou a trave esquerda de Uzoho. Cinco minutos depois, Messi tabelou com Higuain e parecia ter condições de chutar, mas preferiu tocar para Di María, que não não tinha tanto ângulo assim.
O pior: Mascherano.
A Argentina ia vencendo por 1 a 0 de maneira confiante até os cinco do segundo tempo, quando Mascherano decidiu acrescentar uma dose extra de tensão e cometeu pênalti sobre Balogun. O árbitro turco nem mesmo precisou do suporte do árbitro de vídeo para apitar a infração. Moses, tranquilo, converteu a cobrança.
Esta não foi a primeira vez que o jogador do Hebei Fortune, da China, se atrapalhou na defesa. Aos 12 do primeiro tempo, Mascherano fez um péssimo passe no campo da Nigéria e só não deu uma chance de gol aos adversários porque correu a tempo para recuperar a bola.
Messi + 10. Até o gol de Rojo
Condenado pelo desempenho da equipe nos dois primeiros jogos, Jorge Sampaoli decidiu moldar a escalação para que o time jogasse em função de Messi. O problema é que esta decisão é uma faca de dois gumes. Por um lado, o craque teve maior chance de decidir, mas o time esteve mais dependente dele.
A Argentina só se libertou de suas próprias limitações aos 41 do segundo tempo, em jogada totalmente criada por defensores. O zagueiro Rojo aproveitou um cruzamento do lateral Mercado e fez o golaço da vitória e da classificação.
Dentre as mudanças, os destaques negativos e positivos foram as entradas de Higuain e Banega. O segundo parece não ser o preferido de Sampaoli, mas foi dele o grande passe para Messi marcar, em lance que ilustra bem a estratégia de jogar pelo camisa 10.
Higuain, por outro lado, foi destaque negativo por uma atuação apagada e mais gols perdidos com a camisa da seleção. Aos 26 do primeiro tempo, recebeu ótimo passe de Messi e chutou em cima do goleiro. Aos 35 do segundo, errou de novo.
O emocional deu trabalho a todos
Depois de se mostrar mais tranquila em campo nos primeiros 10 minutos, a Nigéria sofreu o gol aos 14 do primeiro tempo e desandou. Difícil dizer se os africanos se assustaram ou se foram os argentinos que ganharam confiança.
A seleção de Sampaoli passou a marcar os adversários na saída de bola. Os nigerianos, por outro lado, erravam passes simples. No entanto, é importante dizer que o time reclamou de pênalti aos 44 do primeiro tempo, quando Iheanacho foi atingido no rosto pela canela de Rojo. Nada foi apitado.
A etapa final inverteu completamente o fator emocional. Com o pênalti cometido por Mascherano logo aos cinco do segundo tempo, foi a Argentina que falhou em toques simples. Na defesa, Otamendi comprometia; no ataque, Di María não criava.
Foi no coração que a seleção alviceleste conquistou a vaga nas oitavas, em um estádio lotado e completamente pautado pela tensão. Nos últimos 10 minutos de jogo, já não havia mais sistema tático. Não havia nada além de um grupo de jogadores de azul e branco partindo em desespero para o gol.
Metade dos gols de Messi em Copas
Contando o gol que fez nesta terça, o único de 2006 e os quatro que marcou em 2014, Messi tem seis gols em Copas do Mundo. Três foram marcados contra a Nigéria; ou seja, 50% do total de gols do craque no torneio foram feitos contra o adversário desta tarde.
Antes desta terça-feira, as duas seleções tinham se enfrentado quatro vezes em Copas, com quatro vitórias argentinas: 2 a 1 em 1994, 1 a 0 em 2002 (ano em que ambas caíram na primeira fase), 1 a 0 em 2010, e 3 a 2 em 2014.
Argentina mais velha da história
Com média de idade de 30 anos e 190 dias, a Argentina levou a campo o time titular mais velho de sua história na Copa do Mundo. A seleção sul-americana nunca havia entrado em campo com atletas mais experientes que os que jogaram nesta terça-feira.
FICHA TÉCNICA NIGÉRIA 1 X 2 ARGENTINA
Data e hora: 26 de junho de 2018, às 15h
Local: Estádio Krestovsky, em São Petersburgo (Rússia)
Árbitro: Cuneyt Cakir (Turquia)
Auxiliares: Bahattin Duran e Tarik Ongun (ambos da Turquia)
Cartões amarelos: Balogun (Nigéria); Mascherano, Banega (Argentina)
Gols: Moses, aos cinco minutos do segundo tempo (Nigéria); Messi, aos 14 minutos do primeiro tempo, e Rojo, aos 41 do segundo tempo (Argentina).
NIGÉRIA: Uzoho; Balogun, Ekong e Omeruo (Iwobi); Etebo, Mikel, Ndidi, Moses e Idowuç; Musa (Nwankwo) e Iheanacho (Ighalo) Técnico: Gernot Rohr
ARGENTINA: Armani; Mercado, Otamendi, Marcos Rojo e Tagliafico (Aguero); Mascherano, Banega, Pérez (Pavón) e Di María (Meza); Messi e Higuain Técnico: Jorge Sampaoli.