Gus Kenworthy nunca foi apenas mais um. Uma das estrela da delegação americana em PyeongChang, o esquiador foi medalha de prata em Sochi 2014 no slopestyle e ganhou a atenção da mídia mundial ao resgatar dezenas de cachorros de rua na cidade russa que recebeu os Jogos Olímpicos. Um ano depois, em entrevista à ESPN americana, assumiu sua sexualidade com a intenção de ajudar que outras crianças em situação igual a sua não sofressem preconceito. Além de atleta, é modelo, posou nu usando apenas os equipamentos de esqui, já apareceu em fotos sensuais, e neste domingo protagonizou mais uma cena histórica apesar de ter ficado fora do pódio: beijou o namorado ao vivo durante a transmissão olímpica da prova, para uma audiência de milhões de pessoas.
"Que bom que isso foi televisionado. É bom que torna cada vez mais normal", disse Matthew Wilkas, namorado de Gus, à Time.
Gus não tem papas na língua. É um atleta engajado na questão LGBT e sempre que pode usa suas redes sociais e aparições na mídia para tratar sobre o assunto, como no beijo em Wilkas diante de todo o público e com uma audiência mundial. Competindo, desta vez, não conseguiu repetir o bom resultado de Sochi. Ele foi mal nas três descidas da final, com notas 35,00, 32,00 e 20,00, e ficou fora do pódio, no último lugar, não conseguindo uma segunda medalha olímpica. O ouro ficou com o norueguês Oystein Braaten, com 95,00, seguido do americano Nick Goepper, com 93,60, e do canadense Alex Beaulieu-Marchand, com 92,40.
Antes da prova, Gus também recebeu energias positivas de uma estrela da música mundial. Britney Spears usou o Twitter para mandar uma mensagem de boa sorte para o conterrâneo americano. A comunidade vê o atleta como um mensageiro contra o preconceito, o que para o seu namorado é importantíssimo.
"É estressante. Ele tenta ser a voz da comunidade ao lado do Adam Rippon. Mas acho que neste momento isso só acrescenta mais pressão a ele. Temos pessoas dos dois lados. A comunidade gay olha por ele, mas outras pessoas odeiam ele e mal podem esperar por vê-lo falhar"
Gus, por outro lado, entende que hoje basta ele ser ele mesmo diante das pessoas e também quando compete.
- Depois que tornei pública minha decisão, eu realmente sinto que tenho que me explicar menos. Eu deixei muito claro quem eu sou, e fiz um passo em um papel de liderança para a comunidade LGBT porque não há uma tonelada de representação nos Jogos. Mas também é só eu e ser eu mesmo, então é quase mais fácil do que nunca estar aqui e competir, sentir-se livre e libertado - disse Gus.