Atleta olímpica trabalha como ambulante no Carnaval para pagar viagem

Atleta olímpica dos saltos ornamentais, Ingrid Oliveira diz que pretende vender milho e mate na praia antes dos Jogos Olímpicos para ter dinheiro para visitar irmã que não vê há 3 anos nos EUA

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Ingrid Oliveira está acostumada a ver sua vida virar de cabeça para baixo. Mas segue sem medo de se arriscar. Atleta olímpica dos saltos ornamentais, a carioca de 23 anos que representou o Brasil nos Jogos do Rio está aproveitando o Carnaval na capital olímpica de 2016 para realizar outro trabalho em 2020: ela o o namorado, o fotógrafo Gabriel Molon, estão como vendedores ambulantes em blocos de rua. Com informações do Globo Esporte.

- Se está me ajudando para uma coisa que eu quero, que é viajar para ver minha irmã, e está entrando dinheiro, não tem porque reclamar. Eu até tinha falado para o Gabriel para a gente vender mate e milho de final de semana na praia. Não acho ruim, acho uma profissão como qualquer outra. Acho normal e não vejo como uma coisa ruim, não - explica Ingrid.

Foto: André Pessoa

A atleta foi flagrada pelo jornal O Estado de S.Paulo no bloco carnavalesco do Barbas, que saiu no sábado, na zona sul do Rio. No domingo, ela e o namorado voltaram ao trabalho em um outro bloquinho "lotado de ambulantes" em Botafogo e as vendas foram "bem ruinzinhas". Na segunda e na terça-feira de Carnaval eles pretendem continuar na função. Tudo para começar a juntar os 4 mil dólares que ela precisa para viajar aos Estados Unidos visitar a irmã que mora próximo a Nova York e ela não vê há mais de três anos. O seja, na cotação atual, Ingrid precisa juntar cerca de R$ 17,5 mil. Hoje, ela está vendendo latão de cerveja a R$ 7 e água a R$ 4. As contas precisam fechar até 24 de julho, quando começam os Jogos Olímpicos de Tóquio, nos quais ela pretende competir.

- Depois da Olimpíada eu pretendo visitar minha irmã nos Estados Unidos. Eu estou sem muitos patrocínios, sem dinheiro, então, resolvi fazer alguma coisa para ganhar dinheiro e o Carnaval estava aí. Falei para o meu namorado para a gente vender cerveja no Carnaval. E quando acabar a gente podia vender milho ou mate na praia. Preciso juntar dinheiro, o dólar está muito caro e já faz uns três anos que eu não visito a minha irmã. Estou querendo ir, muito mesmo, até para visitar o meu sobrinho também - conta.

Foto: Satiro Sodré/SSPress/CBDA

Ela, que ficou famosa em 2015 por uma foto postada no Pan de Toronto e que namora um fotógrafo, nem sequer registrou os dias de trabalho no Carnaval porque está poupando o celular por medo de furto nos blocos. Outra economia acontece na hora de comprar as três marcas de cerveja, que compraram num atacadão. Ao menos eles não bebem. E salvam mais um dinheirinho assim. Afinal, ela está precisando.

- A gente está em um ano olímpico, mas está difícil conseguir patrocínio. Eu tenho patrocínio de roupa e maiô da Speedo. Não posso reclamar. É uma graninha. Mas perdi minha Bolsa Pódio (que varia de R$5 mil a R$ 15 mil) ano passado. Fiquei ano passado todo sem receber do Governo. Recebo salário só do Fluminense, meu clube - diz Ingrid, que agora recebe a Bolsa Atleta olímpica, de R$ 3.100.

 Foto: Acervo pessoal

Ingrid conseguiu, na semana passada, o índice para disputar a Copa do Mundo de Saltos Ornamentais, evento que serve como Pré-Olímpico para os Jogos de Tóquio. No momento ela segue fazendo um tratamento intensivo no punho com foco nos treinos para o evento que acontece em abril na capital japonesa e dá vaga olímpica para as 18 melhores.

- Se tudo der certo me classifico para a Olimpíada, e vai dar certo - conclui.

Enfim, não é por falta de esforço ou vontade que ela vai deixar de viajar para visitar a irmã nos EUA os os Jogos Olímpicos em Tóquio.

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