Cristiano Ronaldo voltou de sua mini suspensão, mas os desfalques pesaram mais na balança do clássico de Madri. Como uma pedra no sapato do Real, o Atlético humilhou o seu arquirrival no Vicente Calderón e conseguiu um resultado histórico neste sábado, pela 22ª rodada do Campeonato Espanhol: 4 a 0. Fora o baile, inédito para a imensa maioria dos 55 mil torcedores presentes no estádio, que passaram poucas e boas ao longo das últimas décadas, quase sempre à sombra dos galácticos.
Foi uma tarde de sábado abençoada para o Atleti. Ela começou com um frango de Iker Casillas, ícone merengue, em chute de Tiago. Em seguida, Saúl, substituto do machucado Koke (a revelação deverá perder algumas semanas com uma lesão muscular), acertou um lindo voleio para ampliar. Mais do mesmo no segundo tempo. Griezmann, dono de grande atuação, e Mandzukic, um guerreiro em campo, fecharam o placar, usando e abusando dos cruzamentos diante de uma defesa claudicante.
Este foi o sexto confronto entre os dois times desde a decisão da Liga dos Campeões, vencida pelo Real, em maio. O Atlético acumula agora quatro vitórias e dois empates, incluindo o título da Supercopa da Espanha e o fato de ter eliminado o rival nas oitavas de final da Copa do Rei - caiu para o Barcelona na sequência. Para quem não se lembra, o Real ficou sem perder um clássico sequer entre 1999 e 2013, quando Falcao García e Miranda deram o título da Copa do Rei aos colchoneros no Santiago Bernabéu.
Desfalcado, real vira presa fácil
O Real não esboçou reação. Sem Marcelo (suspenso), e Sergio Ramos, Pepe e James Rodríguez, todos lesionados, foi presa fácil para um rival intenso, movido por cada grito das arquibancadas. Se o placar eletrônico apontou uma goleada inapelável, nas finalizações o sacode foi ainda maior: 17 a 3. Cristiano Ronaldo, recém-completados 30 anos, ganhou de presente uma atuação discutível, nada digna de melhor do mundo. Gareth Bale, o jogador mais caro da história, também segue devendo futebol.
Além de todo o simbolismo de um 4 a 0, foi um resultado para aquecer a briga pelo título. O Real ainda lidera a liga, com 54 pontos, mas pode ver a vantagem diminuir para um ponto se o Barcelona (50) derrotar o Athletic Bilbao, neste domingo, fora de casa. O Atlético, ali pertinho, chegou aos 50 e se disse presente na disputa para defender o seu título, conquistado com tanto suor na temporada passada. O roteiro para a reta final promete ser empolgante, com Barça x Real na 28ª rodada e Atlético x Barça na 37ª, ou penúltima rodada.
Aos merengues, que chegaram a acumular 21 vitórias consecutivas no fim do ano, surge um sinal de alerta. James e Sergio Ramos serão desfalques por mais de um mês (o colombiano poderia ultrapassar 60 dias de molho por conta de uma fratura no dedo do pé) e já deixam Carlo Ancelotti um pouco mais preocupado. Para conhecer o tamanho da derrota, e o que ela pode causar, é preciso voltar até 2010: o Real não perdia por quatro ou mais gols de diferença desde o dia 29 de novembro daquele ano, quando o Barcelona aplicou 5 a 0 no Camp Nou. Aquela foi a estreia de José Mourinho, hoje no Chelsea, em Superclássicos como técnico.