O Atlético-MG se preparou para uma verdadeira guerra na sua viagem ao Rio de Janeiro, onde enfrenta o Flamengo nesta quarta-feira, às 22h, no Engenhão. Preocupado com a relação tumultuada entre Ronaldinho Gaúcho e seu ex-clube e um possível ataque surpresa da torcida rival na capital carioca, o clube chegou a bloquear vagas em dois hotéis diferentes com o intuito de despistar os rubro-negros e destacou sete seguranças para andarem na cola do camisa 49.
O mistério e a blindagem eram tão grandes que a assessoria de imprensa do clube de Belo Horizonte não aceitou divulgar horário de desembarque e local de hospedagem no Rio de Janeiro. Enquanto isso, pessoas ligadas à diretoria despistavam a imprensa informando locais diferentes do pouso e da concentração na capital carioca para o jogo de quarta pelo Campeonato Brasileiro.
O presidente Alexandre Kalil ainda tentou minimizar a situação. "Está tudo calmo. Eu, por exemplo, vou andar sozinho pelo Rio amanhã. Não tem nada de especial", disse, antes de ser desmentido pelos seguranças do clube que estavam no hotel.
"É uma situação especial, sim. Não dá para negar. Estamos com sete homens e atentos a tudo que possa acontecer", disse o chefe da equipe de seguranças atleticanos, antes de uma rápida conversa com Ribeiro, que comanda a escolta particular de Ronaldinho.
"Estamos ligados a madrugada inteira. Qualquer coisa, me chama. É só me ligar", disse o segurança particular do meia, antes de deixar o local, em conversa com a equipe de vigias mineiro.
E os responsáveis pela tranquilidade do Gaúcho estão assustados, mesmo após o desembarque sem problemas no Rio de Janeiro. Eles entendem que a torcida não quis fazer grande tumulto pela quantidade de policiais, mas que poderia preparar algum protesto no hotel para tirar o sono do jogador e desconcentrá-lo para o jogo desta quarta-feira.
Ainda assim, os rubro-negros terão que driblar um forte esquema. Além de sete homens dentro do hotel, outros quatro à paisana estão de prontidão do lado de fora e duas viaturas da Polícia Militar completam o patrulhamento.
O curioso é que dentro do local, em frente ao famoso mar da Praia de Copacabana, nenhum funcionário do hotel recebeu orientação especial. Muitos, inclusive, diziam não saber da chegada dos atleticanos e revelaram que o clube chegou a reservar vagas em outro hotel do Rio de Janeiro.
"São 22h30 e até agora não nos passaram nada. É tudo um mistério. Sabemos até que eles fizeram reserva em outro hotel da cidade. Estamos aguardando aqui. Geralmente, somos informados com antecedência", disse um dos recepcionistas do lugar, pouco antes da delegação do Atlético-MG chegar.
Assis longe do tumulto
Se por um lado terá a companhia de muitos seguranças, por outro Ronaldinho estará longe de uma das pessoas que mais o acompanham nestes momentos conturbados. Assis, irmão e empresário do jogador, nem sequer virá ao Rio de Janeiro para assistir ao reencontro do meia com o Flamengo, com quem também teve problemas antes da rescisão que foi parar na Justiça.
O irmão de Ronaldinho acompanha a mãe, Dona Miguelina, na fase final do tratamento de um câncer e ficará em Porto Alegre com a genitora.
E Assis não será o único longe do Engenhão desta quarta-feira. Muitos torcedores do Flamengo que pretendiam assistir ao reencontro do time com o desafeto não conseguiram comprar ingressos para as partidas. As entradas para o esperado jogo se esgotaram ainda na tarde desta terça-feira.
Ciente do grande apelo e das possíveis confusões pela carga conturbada entre as partes, a Polícia do Rio de Janeiro se movimentou e preparou um esquema de final de campeonato para a partida. Ao todo, cerca de 500 militares estarão no Engenhão para garantir a segurança e reforçar ainda mais o "esquema de guerra" iniciado pelo Atlético-MG.