Vitor Belfort ficou marcado ao longo dos anos por seu um lutador explosivo, que parte com tudo para cima dos adversários logo no início do combate e, na maioria das vezes, acaba conquistando a vitória por nocaute ou finalização. Contra Jon Jones, no entanto, o brasileiro não manteve essa estratégia e atuou mais conservador, esperando uma brecha do americano para dar o bote no jiu-jítsu. Ele quase conseguiu, de fato, quando encaixou uma chave de braço ainda no primeiro round, mas Jones saiu da posição naquele momento e venceu por finalização no quarto assalto. Essa mudança de estilo gerou um sentimento de arrependimento em Vitor, conforme ele próprio revelou.
- Eu me arrependo de não ter explodido. Deveria ter feito isso - disse, em entrevista por e-mail nesta segunda-feira.
O lutador carioca falou abertamente sobre o revés no UFC 152, no último fim de semana, e se disse contra as cotoveladas no MMA, principal arma do jogo de Jon Jones. Belfort disse achar justo que lhe seja concedida uma revanche contra o atual campeão dos meio-pesados e lembrou o fato de ter tido um tempo de preparação menor do que o habitual para esse duelo:
- Acho justo, porque, como ele (Jon Jones) mesmo falou, foi a luta mais dura que ele já teve, e cheguei perto de ganhar logo no primeiro round. Lembrando que meu "camp" foi de apenas três semanas, e ele já estava pronto para lutar desde 1º de setembro.
Vitor Belfort afirmou ainda que não sabe se vai retornar à categoria dos médios (até 83,9kg) ou se segue entre os meio-pesados (até 93kg), mas que pretende voltar a lutar em um espaço curto de tempo. A seguir, leia a entrevista com o "Fenômeno" na íntegra:
Como você está se sentindo física e psicologicamente?
Estou bem. Graças a Deus tenho uma família que me apoia. Eles são meu maior prêmio.
O braço está legal? Sentindo dores?
O meu está tranquilo.
O que realmente aconteceu na hora que você soltou o braço do Jon Jones?
Eu senti o braço dele estalar e tinha certeza de que ele bateria. Vacilo meu, soltei um pouco e ele conseguiu sair. Eu vacilei porque ouvi os estalos e perdi o encaixe na hora. Na sequência, o Jones saiu muito bem.
O que você acha que faltou para ajustar o golpe?
Minha perna não estava na posição exata. E se tivesse rodado pegaria.
O seu treinador José Mário Sperry pediu diversas vezes para que você não puxasse para a guarda. Por que optou por fazer isso nos rounds seguintes?
Tinha certeza de que finalizaria e, de repente, esse foi o meu erro. Assisti às lutas dele e vi que seria "fácil" fazer isso.
Saiu na impresa americana que você lutou com a mão quebrada. É verdade isso?
Não é verdade.
O jogo do Jon Jones era exatamente o que você esperava ou te surpreendeu de alguma forma?
Tinha certeza que ele tentaria me colocar para baixo. Não me surpreendeu.
Você é explosivo e costuma partir para cima na trocação logo de cara. A diferença de alcance entre vocês foi fundamental para isso?
Não fez diferença. Eu me arrependo de não ter explodido. Deveria ter feito isso.
Sentiu que poderia ter vencido a luta ali na chave de braço? Como foi aquele momento?
Tinha certeza de que venceria. Mas não foi desta vez.
O que te prejudicou mesmo foram as cotoveladas? Qual foi a maior dificuldade que você sentiu?
Quando estava tentando a chave de braço senti cãibras nas minhas duas pernas. Se lutasse hoje, faria diferente.
Muita gente é contra as cotoveladas no MMA. Você é a favor ou contra?
Sou contra e tenho certeza de que muita coisa ainda vai mudar no esporte.
A revanche contra o Jones é uma coisa que você vai buscar?
Acho justo, porque, como ele (Jon Jones) mesmo falou, foi a luta mais dura que ele já teve, e cheguei perto de ganhar logo no primeiro round. Lembrando que meu "camp" foi de apenas três semanas, e ele já estava pronto para lutar desde 1º de setembro.
Acha que, no jiu-jítsu, você mostrou para todo mundo uma forma de vencer o Jon Jones?
Assistindo às lutas dele percebi que daria para pegar o braço.
O Jones disse que ele precisa melhorar o jiu-jítsu. O que achou do jiu-jítsu dele?
Achei bom. O jiu-jítsu é a única arte que salva. Todos nós temos que melhorar sempre.
Como você se sentiu lutando novamente na categoria de cima? Mais à vontade?
Só de não ter que cortar tanto peso fez eu me sentir muito bem, confortável. Tenho um cinturão dessa categoria (conquistado em 2004, quando venceu o americano Randy Couture) e gosto da minha atuação nesse peso.
Conversou com o Dana White e o Lorenzo Fertitta depois da luta?
Ainda não. Vamos conversar aqui em Las Vegas.
Agora você volta para a divisão dos médios?
Ainda não sei.
Quando espera estar em condições de lutar novamente?
Também não sei. Só estou pensando em curtir minha família e minhas merecidas férias. Mas o mais breve possível.