Simone Biles foi mencionada pela primeira vez como uma das autoras no processo civil contra a Federação de Ginástica dos Estados Unidos (USA Gymnastics) e o Comitê Olímpico e Paralímpico do país (USOPC). Nesta segunda-feira, os advogados das vítimas dos abusos sexuais do ex-médico Larry Nassar apresentaram uma moção pedindo testemunhos de dirigentes olímpicos e incluíram o nome da ginasta campeã olímpica entre as autoras do pedido. As informações são da "ESPN" americana. Informações do site GloboEsportes.com
- Vamos ser claros. Eles sabiam que Larry Nassar era um molestador de crianças e nunca disseram a Biles. Ela não descobriu até 14 meses depois que eles foram informados e que tudo havia diminuído. Os pais dela não foram notificados. Acho que o fato de Biles, que é com justiça a estrela do Movimento Olímpico, estar dizendo "quero respostas", acho que nosso país deveria dar isso a ela. Devemos isso a ela - disse John Manly, advogado da ginasta, ao jornal "The Orange County Register".
Em janeiro de 2018, Simone Biles revelou que estava entre as centenas de mulheres molestadas por Larry Nassar no maior escândalo de abuso sexual do esporte. A ginasta de 23 anos passou a ser uma voz ativa no combate aos abusos na ginásticas e por diversas vezes já havia atacado a USA Gymnastics e o USOPC. Junto com dezenas de vítimas, ela afirma que as entidades falharam no dever de proteger as ginastas e as acusam de conivência nos crimes de Larry Nassar. Simone pede uma investigação independente sobre a ação das duas entidades no caso.
Maior campeã mundial da história e dona de cinco medalhas nos Jogos do Rio, Simone é uma grande esperança de medalha para os Estados Unidos nas Olimpíadas de Tóquio, adiadas para 2021 por causa da pandemia do coronavírus. No entanto, ela agora entra numa situação de processar as duas entidades que sancionam sua modalidade junto ao Comitê Olímpico Internacional (COI).
A moção apresentada ao Tribunal Federal de Falências, em Indianápolis, pede o testemunho de Susanne Lyons (atual presidente do USOPC), Scott Blackmun (antigo CEO do USOPC) e Alan Ashley (antigo chefe de desempenho esportivo do USOPC). Além de Simone Biles, assinam o pedido as também campeãs olímpicas Madison Kocian, Aly Raisman, McKayla Maroney, Kyla Ross e Jordyn Wieber.
- A intenção é proteger os sobreviventes, a Corte e o público da verdade sobre o que o USOPC sabia sobre o abuso sexual de seus atletas - afirmou a moção desta segunda-feira.
No início do ano, as vítimas receberam uma proposta milionária de acordo para abafar o escândalo dos abusos de Larry Nassar, mas a oferta foi recusada. As vítimas querem encontrar os responsáveis por permitir anos de crimes do ex-médico.
Larry Nassar deixou o cargo de coordenador médico da USA Gymnastics em 2015 depois das primeiras acusações de abuso. O caso se tornou público em 2017, quando centenas de mulheres se juntaram no processo como vítimas do ex-médico, inclusive ginastas campeãs olímpicas. No início de 2018, Nassar foi condenado a até 360 anos de prisão por seus crimes.