O poderoso Milan está ameaçado de ser expulso das competições europeias da temporada que vem. E o Botafogo de Ribeirão Preto é o protagonista da ação que pode acabar na ausência do clube italiano.
O Botafogo fez reclamações formais contra o Milan junto à Fifa e à Uefa por falta de pagamento de Indenização por Formação. O Botafogo reclama uma indenização de 298.750 euros (aproximadamente R$ 900 mil) pela contratação do jovem Sergio Ceregatti, em 2010.
O jogador deixou Ribeirão para jogar no Ancona em 2008. Dois anos depois, o brasileiro foi transferido para o Milan. O Botafogo alega que Ceregatti, também conhecido como Serginho, passou quatro anos em suas categorias de base antes de chegar à Italia.
O Milan contesta e argumenta que sua dívida se restringe ao valor de 61.250 euros, pagos ao clube de Ribeirão em maio de 2011, após uma reclamação inicial pelo não pagamento da Indenização de Formação ? a obrigação de buscar o histórico de formação do atleta é do clube contratante, mas, diante da omissão do Milan, o Botafogo fez a primeira queixa e recebeu o montante.
Em documentos obtidos pela reportagem, o Milan alega que, em 2011, foi informado pelo jogador, pelo Botafogo e pelo empresário de Serginho de que o período de treinamento do atleta na base do clube de Ribeirão havia sido de somente sete meses. No início de 2012, o jogador teria, sempre segundo a versão do Milan, ?abandonado o clube e sumido do país?. Só então o Botafogo ?se lembrou? que o jogador havia estado treinando por quatro anos em suas categorias de base.
?O passaporte esportivo que nos foi entregue em 4 de maio de 2011 é único e não pode ser substituído pelo segundo, entregue em 24 de maio de 2012?, alega Massimo Campioli, diretor financeiro do Milan, em carta após a exigência dos adicionais 298.750 euros por parte do Botafogo.
No entanto, o processo enviado à Fifa tem anexada uma carta da CBF, assinada por Luiz Gustavo Vieira de Castro, diretor do Departamento de Registros e Transferências, comprovando o registro do jogador como afiliado ao Botafogo entre 2004 e 2007, por quatro anos.
Assim como o Milan ironiza o ?esquecimento? do Botafogo ao pedir, em 2012, uma indenização maior que a pedida em 2011, é importante ressaltar que a Fifa exige do clube contratante a responsabilidade de ir atrás dos clubes formadores para pagar indenizações. O Milan também ?se esqueceu? disso e ignorou o fato de que Serginho haveria de ter passado por alguma formação anterior à sua reta final no clube de Ribeirão.
As regras de licenciamento e fair play financeiro da Uefa especificam que clubes que queiram disputar competições organizadas pela entidade máxima do futebol europeu devam estar livres de dívidas ?que se refiram a atividades de transação de jogadores ocorridas antes do último 31 de dezembro?.
A Indenização por Formação, um mecanismo estabelecido pela Fifa para compensar clubes que formaram um determinado jogador entre 12 e 21 anos de idade, está incluída na lista de débitos observados pela Uefa. Clubes não podem entrar na Liga dos Campeões ou na Liga Europa sem uma licença oficial da Uefa.
O caso está atualmente na Câmara de Resolução de Disputas da Fifa, mas a entidade adiou a deliberação porque o Milan não submeteu provas e documentos em um dos quatro idiomas oficiais aceitos (inglês, espanhol, alemão e francês). Na semana passada, a Fifa deu ao Milan o limite do dia 17 de abril para retificar o erro.