Acabou a fase de teste. Agora é Copa do Mundo. Nesta segunda-feira, em Dar es Salaam, a seleção brasileira goleou a Tanzânia por 5 a 1, com gols de Robinho (2), Ramires (2) e Kaká, no último amistoso preparatório para o Mundial. Mas o que mais chamou a atenção foi a melhora do camisa 10 Kaká, principal estrela do Brasil.
Ainda longe das suas melhores condições, já que vem de uma lesão muscular na coxa esquerda, o craque do Real Madrid foi bem mais ativo no jogo do que na partida anterior, contra o Zimbábue. Se daquela vez ele ficou 45 minutos em campo e pouco fez, nessa ele jogou o tempo todo, deu bons passes, arrancou e balançou a rede. Há, porém, algo com que o técnico Dunga precisa se preocupar: o lado esquerdo da seleção brasileira. No primeiro tempo, ele virou uma avenida para os tanzanianos.
Já havia sido assim contra o Zimbábue, na semana passada. Na etapa final com as trocas de Michel Bastos por Gilberto e Felipe Melo por Ramires, a situação melhorou. O gol sofrido pela seleção brasileira nesta segunda-feira acabou com um período de 596 minutos em que o time de Dunga não sofria gols. Antes disso, a última vez que o Brasil foi vazado ocorreu contra a Bolívia, em La Paz, no dia 11 de outubro de 2009, pelas eliminatórias.
A presença da torcida da Taifa Stars (Estrelas da Nação), como é conhecida a seleção da Tanzânia, foi menor do que a esperada no estádio Nacional Benjamin Mkapa nesta segunda-feira. Aproximadamente 15 mil torcedores. O time comandado pelo brasileiro Marcio Máximo, aliás, tinha jogado no domingo, e perdido por 1 a 0 de Luanda. A seleção brasileira só entrará em campo agora no dia 15 de junho, contra a Coreia do Norte, no estádio Ellis Park, em Joanesburgo, na estreia da Copa do Mundo.
Duas vezes Robinho Assim como aconteceu no amistoso contra o Zimbábue, na última quarta-feira, a Tanzânia foi para cima da seleção brasileira com tudo. Pior para o Brasil. Cada vez mais perto da Copa do Mundo, os jogadores já haviam avisado que não pretendiam exagerar demais nas disputas. Tudo isso contra o risco de lesões mais sérias. Para acalmar o ímpeto dos tanzanianos foi preciso um gol irregular. Aos 10 minutos, Robinho recebeu lançamento na entrada da grande área e dominou com o braço. Só que o árbitro nada marcou.
Na sequência, Kaká ganhou disputa com a zaga e a bola sobrou para o próprio Robinho chutar cruzado e fazer 1 a 0. Da mesma maneira que reclamou do gol brasileiro, a Tanzânia descobriu rapidamente a principal fragilidade do adversário: o lado esquerdo. Muito adiantado e sem cobertura, Michel Bastos deu muito espaço para os rivais. Assim como Felipe Melo, que além de não conseguir marcar bem parecia nervoso na partida. Levou até amarelo. Sem qualidade para chegar ao gol de Gomes tocando a bola, a Tanzânia optou pelos chutes de longa distância.
Nas duas primeiras vezes com Ngassa, aos 12 e aos 21. Em ambos, o goleiro do Brasil fez ótimas defesas. Mais tarde, aos 22, foi a vez de Ngassa armar a jogada para a conclusão de Mgosi, por cima do gol. Apesar das tentativas do time africano, foi o Brasil que marcou mais um. Michel Bastos cruzou da esquerda, a bola quicou em frente à zaga e sobrou para Robinho anotar, de cabeça, o seu segundo gol no jogo, aos 33 minutos. Um minuto antes, vale destacar, Luís Fabiano perdeu a cabeça e empurrou sem bola um rival. Logo pediu desculpas.
Ainda longe do que espera o torcedor brasileiro, a seleção de Dunga conseguiu criar apenas uma jogada envolvente, daquelas que dão ânimo. Foi aos 40 minutos, quando Kaká, a principal estrela desse time, arrancou em seu melhor estilo e lançou Luis Fabiano. O atacante dominou na grande área, mas bateu em cima do goleiro. Pouco antes do fim do primeiro tempo, um susto. Nizar deu um carrinho por trás em Kaká no meio de campo.
O meia brasileiro ficou irritado, reclamou, mas se levantou. Kaká: peito de ouro Para o segundo tempo, o técnico Dunga voltou com quatro alterações. Luisão, Gilberto, Josué e Ramires entraram nos lugares de Lúcio, Michel Bastos, Gilberto Silva e Felipe Melo. E o terceiro gol saiu justamente dos pés de um desses que entraram na etapa final: Ramires. A jogada, por sinal, foi bonita. Aos oito minutos, Josué deu bom passe para o volante dominar, arrancar em velocidade, deixando os adversários para trás, e chutar da entrada da área: 3 a 0.
Com o jogo nas mãos, já que a seleção da Tanzânia, cansada, não conseguia mais imprimir o mesmo ritmo, o Brasil resolveu fazer mais um teste. Dunga sacou Elano e colocou o lateral-direito Daniel Alves no meio. É uma formação que já foi utilizada pela seleção brasileira na Copa das Confederações do ano passado. Aos 20 minutos, um torcedor tanzaniano conseguiu invadir o gramado para tentar contato mais próximo com os brasileiros. Mas rapidamente ele deixou o local, sem nem precisar que a polícia fosse para cima dele. Dois minutos depois, Kaká voltou a aparecer.
O camisa 10 deu um chute de fora da área, para fora. A hora de Kaká desencantar estava chegando... Aos 30 minutos, o lateral-direito Maicon acertou belo cruzamento da direita e o meia marcou, de peito, o quarto gol do Brasil. Foi a recompensa por ter ficado mais tempo em campo do que no jogo anterior e ter aparecido mais, com boa movimentação e finalizações. O time da Tanzânia ainda conseguiu deixar a sua marca e fazer um gol contra a seleção brasileira, comemorado pela torcida como se fosse o da vitória. Aos 41 minutos, após cobrança de escanteio da esquerda, Aziz fez de cabeça. Mas o Brasil ainda faria o quinto, aos 47, mais uma vez com Ramires.