Era preciso algo mais, e a seleção sabia disso. Mas, por um momento, mesmo uma postura mais agressiva se mostrou pouco eficiente. Diante de um dos times mais fortes do mundo, o Brasil sofreu - e muito. Aos poucos, porém, conseguiu se reerguer. Na marra e no talento, a equipe do técnico Renan Dal Zotto mudou o rumo do jogo em Goiânia, pela Liga das Nações. De virada, evitou dois match points e venceu os até então invictos Estados Unidos por 3 sets a 2, parciais 21/25, 20/25, 25/19, 25/20 e 20/18. A partida também marcou o recorde de público da competição até aqui: 11.306 torcedores foram à arena da capital goiana torcer pela seleção.
Isac entrou e mudou o jogo. Maurício Borges, gigante, foi o maior pontuador. Wallace, sempre explosivo, fez o Brasil voltar de vez à partida. Neste domingo, foram muitos os destaques do Brasil em uma virada exemplar. Pelos Estados Unidos, Matt Anderson, um dos melhores jogadores do mundo, foi a principal referência.
O Brasil, então, parte rumo à terceira semana da Liga das Nações. A seleção vai para Ufa, cidade russa, sede da etapa. Lá, os brasileiros enfrentam os donos da casa, na próxima sexta-feira, às 8h30. Na sequência, encara o Irã e a China.
Virada sofrida e na marra
A cada bola a favor dos Estados Unidos, o ginásio explodia em vaias. Os americanos, porém, foram melhores no início. Abriram 4 a 2, mas os pontos brasileiros saíram em erros de saque dos rivais. Mais seguros, os visitantes chegaram à primeira parada técnica em vantagem, com 8/6. Mas o Brasil cresceu pelas mãos de Lucão. Primeiro, em uma pancada pelo meio. Depois, em um bloqueio absoluto junto à rede: 11/11.
O jogo seguiu equilibrado, mas um ponto tirou os brasileiros do sério. Em ataque para fora dos EUA, o árbitro viu desvio no bloqueio. A seleção já havia pedido seus dois desafios a que tinha direito. Os jogadores reclamaram, e muito, mas o juiz manteve a marcação e deu um amarelo para Lipe. No fim, um ataque de Evandro também gerou dúvidas, mas o próprio árbitro pediu o desafio. O ponto, no entanto, foi mesmo dos americanos: 25/21. Foi o primeiro set perdido pelos brasileiros em Goiânia.
Os EUA mantiveram o embalo no início do segundo set. Abriram 3/0 e jogaram a pressão para os donos da casa. Quando o placar marcou 6/2 para os rivais, Renan Dal Zotto pediu tempo. No decorrer do set, mandou William e Isac para a quadra, nos lugares de Bruninho e Maurício Souza. O Brasil, porém, não achou o equilíbrio. A seleção americana abriu vantagem, principalmente pelas mãos de Anderson. O time da casa ainda tentou encostar no fim da parcial – sem muito sucesso. Depois de uma pancada de Anderson no saque, a defesa brasileira se enrolou e deu o fim do set de graça para os rivais: 25/20.
A seleção cresceu no terceiro set. Melhor em quadra, o Brasil conseguiu abrir vantagem logo no início (4/1). Era o melhor momento da equipe no jogo, e a torcida sentiu. No embalo das arquibancadas, a seleção da casa abriu 17/12 e viu o técnico John Speraw pedir tempo. Nada, porém, mudou até o fim do set. O Brasil seguiu melhor e, depois de uma pancada de Wallace, fechou a conta: 25/19.
Russell abriu o placar no quarto set. Os EUA cresceram, e o jogo voltou a ser equilibrado. Um bloqueio de Lipe e Isac fez o Brasil ganhar força. Isac, mais uma vez, apareceu bem pelo meio e abriu 11/9 para os donos da casa. O momento era, definitivamente, outro. Àquela altura, eram os EUA que sofriam e pouco conseguiam fazer. No saque na rede de Anderson, vitória brasileira e tie-break garantido: 25/20.
O Brasil manteve o ritmo para o set decisivo. Abriu 2/0, depois 4/2 e tentou se manter sempre à frente no placar. Os EUA, porém, foram buscar e chegaram ao empate em 9/9. A virada veio em um bloqueio sobre Isac, marcando 11/10 no placar. Renan pediu tempo. Quis arrumar a casa e incentivar seus jogadores. O drama, porém, já estava instaurado. Os EUA chegaram ao match point. Perderam os dois primeiros, mas viram Lucão errar o saque. Evandro conseguiu salvar mais um e manteve o Brasil vivo na briga. Foi a vez de Wallace brilhar. Com um bloqueio perfeito, o oposto recolocou a seleção à frente.
Havia mais espaço para drama. No ataque de Maurício Borges, o árbitro não viu o jogador americano encostar na rede. No desafio, porém, não restaram dúvidas. Na sequência, Isac, com um ace espetacular, deu fim a um jogaço: 20/18.