Viajar é bom, mas cansa... e como cansa. Pelo menos é isso o que dizem os jogadores que vão disputar as Séries A e B do Campeonato Brasileiro. Dizem, não. Reclamam mesmo. Para 33,3% deles, as viagens são a maior dificuldade encontrada na profissão.
Logo atrás, com 25,8%, aparece o calendário, seguido por arbitragem, adversário e gramado. Há ainda outras adversidades, que totalizam 6,1%. A pesquisa foi realizada com a revista ?Monet?, com 334 jogadores, de 23 equipes do futebol brasileiro.
Para os jogadores que disputarão a Série A, houve empate entre viagens e calendário, com 72 votos cada, mas o primeiro quesito rendeu mais queixas. O volante Nilton, do Vasco, é um dos que mais reclamam das viagens no Campeonato Brasileiro.
- Se não fossem as conversas e as brincadeiras, seria difícil suportar as viagens. Esse negócio de aeroporto, espera pelo voo e o tempo das viagens são as coisas mais chatas para nós, jogadores. Além disso, há a diferença de clima. Muitas vezes, no período de uma semana, viajamos para lugares com temperaturas bem diferentes, e fica complicada a adaptação.
Richarlyson, meia do Atlético-MG, revela a logística feita para evitar desgastes maiores com os deslocamentos.
- Quando vamos fazer viagens longas, tem aquele trabalho de descanso e de gelo após a partida na casa do adversário. Assim, minimizamos os efeitos, já que ainda teremos a viagem e ficaremos muito tempo sem poder esticar a perna, sem andar. Mas, acima de tudo, temos que nos acostumar e saber que este ano teremos viagens para o Nordeste. Por isso, temos que conversar com a comissão técnica para não sairmos desgastados e, às vezes, até antecipar a concentração.
Atlético-GO, Bahia, Coritiba e Figueirense não possuem adversários da mesma cidade, o que significa que jogo sem o mando de campo representa necessariamente uma viagem.
- As viagens são um problema muito sério. Quando jogamos quarta e domingo, quase não paramos. Não dá nem tempo de treinar direito, tem que andar para lá e para cá, é um desgaste muito grande - disse Fernando Bob, volante do Atlético-GO.
Companheiro dele no Dragão, o também volante Pituca reforça a tese e lembra ainda o excesso de partidas disputadas.
- Muitas vezes não temos tempo para treinar, de nos recuperarmos de uma lesão, e bate o cansaço. Quando começa a maratona de jogos, então, fica bem complicado, pois são muitas viagens. É o período mais difícil do campeonato.
Para os clubes do Nordeste que disputam a Série A, casos de Bahia, Sport e Náutico, os deslocamentos são maiores, e as viagens, mais desgastantes. Percorrer o Brasil de Norte a Sul com certa frequência não é nada fácil. Alexandre Gallo, técnico do Náutico, lembra que o descanso é tão importante quanto os treinamentos.
- O desgaste das viagens influencia muito no rendimento dos atletas, principalmente no daqueles que jogam em clubes do Nordeste. Para a maioria dos times do Brasileiro, a viagem é curta, é diferente. É essencial a recuperação de 48 horas. É tão importante quanto os treinamentos. É o ?pijama training?.
O zagueiro Tobi, do Sport, também comentou o problema.
- Realmente as viagens prejudicam bastante. No ano passado, para se ter uma ideia, nós tínhamos que sair para Criciúma e fazíamos duas escalas para chegar lá. Neste ano, isso vai acontecer quando enfrentarmos o Figueirense ou algum clube do Sul. É bastante complicado porque desgasta. No Sport ainda é bom, porque temos a condição de viajar com certa antecedência. Mas existem clubes que não conseguem fazer isso.
Por outro lado, Leandro Damião, artilheiro do Internacional, aproveita sua juventude para levar as viagens de um jeito mais leve.
- Eu estou começando agora. Então, nem tenho como reclamar. Sou muito novo. Talvez, em alguns anos, eu sinta isso, mas hoje nada me incomoda.