A japonesa Mariko discutia com os pais, que pareciam perder a oportunidade ideal de fotografar a filha em meio a dois manequins com a camisa 10 e 11 do Barcelona. Bem ao lado, uma família de americanos tentava explicar, num espanhol mais gesticulado que pronunciado, que o vendedor precisava encontrar um tamanho menor de uma camisa com o nome de Neymar que coubesse numa criança que ali não estava.
Em volta, papos paralelos em idiomas nórdicos e português com sotaque brasileiro. Benvindos à ?ONU intensificada?? que a chegada de Neymar provocou na megastore do Camp Nou, o estádio do Barcelona. Aglomerações em tornos de fileiras de camisas e afins faziam com que vendedores corressem de um lado para outro na tarde desta segunda-feira.
No piso inferior da loja, uma fila que parecia do caixa era, na verdade, a espera pela oportunidade de imprimir o número 11 com o nome ??Neymar Jr?? nas costas. Isso porque pelo menos o tamanho ??P? pré-impresso dos uniformes principal e reserva já tinha se esgotado nos últimos dias.
?A impressão que tenho é a de que o gerente da loja foi pego de surpresa com a popularidade de Neymar?, resmungou um dos atendentes, obviamente em confidência. O fato é que a demanda foi mesmo surpreendente diante do único teste de popularidade feito pelo clube logo após o anúncio da contratação do atacante brasileiro: apenas 160 camisas de um lote de duas mil com nome e sem número foram vendidas.
?Quando foi anunciado que ele usaria a 11, foi como se um furacão tivesse passado por aqui??, brincou a balconista Maite Lopez, aparentemente já conformada como a notícia de que sua folga na sexta-feira, dia do amistoso entre Barcelona e Santos, havia sido sumariamente caçada diante da expectativa de uma leva ainda maior de transeuntes pelas megastore. ?A Espanha está em crise e todo mundo quer trabalhar?, brincou Maite.
Também pareceu haver um pouco de distração. Na seção de impressão de números e nomes, uma tabela ainda mostrava a 11 com Thiago Alcântara, já transferido para o Bayern de Munique, não Neymar. O pouco tempo que o clube teve para preparar material promocional também foi notado pela ausência de souvenires com a imagem de Neymar e pela presença tímida na publicidade do amistoso de estreia ? o brasileiro aparece em apenas uma foto coletiva nos cartazes anunciando a partida.
Mas não parece que vão faltar oportunidades de recuperar o tempo perdido. Mesmo com uma camiseta do uniforme reserva para crianças com nome e número de Neymar custando 70 euros.