O torcedor do São Paulo sofreu por mais de 90 minutos e viu a vaga nas quartas de final da Libertadores ser decidida nos pênaltis contra o Universitario-PER, na noite desta terça-feira, no Morumbi. Mas os tricolores respiraram aliviados ao vencerem a disputa por 3 a 1, após 0 a 0 no tempo normal (no primeiro jogo, no Peru, houve empate sem gols também). Principalmente por Rogério Ceni, que perdeu a sua cobrança, mas defendeu duas. O Tricolor poderia ter evitado tanto sufoco. Afinal, perdeu muitas oportunidades durante o tempo regulamentar. Com a classificação garantida, espera o vencedor de Nacional (URU) x Cruzeiro, que será realizado nesta quarta, em Montevidéu (o time mineiro venceu em BH por 3 a 1).
Depois de roerem as unhas e verem Hernanes, Marcelinho e Dagoberto converterem as cobranças, os torcedores exaltaram Ceni e viram toda a equipe comemorar muito a classificação. E não esqueceram do Corinthians ao gritarem "Mengo", mostrando apoio ao time carioca, rival do Timão nesta quarta, em outra decisão pelas oitavas.
Washington no banco, e muralha peruana
Ricardo Gomes decidiu colocar em campo um time mais veloz, mas sem a referência na área. Com isso, Washington voltou ao banco de reservas, e Fernandinho começou ao lado de Dagoberto. Juan Reynoso, treinador do Universitario, não escondeu de ninguém que tinha o objetivo de não sofrer gols. E colocou sua equipe toda atrás.
O Tricolor até criou oportunidades boas, mas não conseguia concluir com precisão. Com Fernandinho e Dagoberto mais abertos pelas pontas, os laterais pouco apareceram na partida. Marlos era bastante esforçado, mas errava muitos passes. Fernandinho, por sua vez, irritou os companheiros, pois carregava a bola pela ponta esquerda e muitas vezes não passava para os jogadores que estavam na área.
A primeira grande finalização do São Paulo só veio aos 18 minutos, quando Hernanes cobrou escanteio, e Rodrigo Souto cabeceou a bola na trave de Llontop. O time da casa seguia tentando furar o bloqueio, mas o adversário estava em todas as partes do campo.
Aos 30, Marlos ganhou de Revoredo, mas o goleiro rival chegou antes para fazer a defesa. Aos 45, Fernandinho repetiu a jogada pela linha de fundo e tentou o chute a gol, mas a bola bateu na rede pelo lado de fora. Sem gols no primeiro tempo, o time e o técnico Ricardo Gomes deixaram o campo vaiados.
Três atacantes: tudo ou nada
Gomes voltou para o segundo tempo arriscando tudo. Tirou Jorge Wagner e colocou Washington. Com três atacantes, o sonhado gol deveria sair. E, aos sete minutos, quase aconteceu: Hernanes deu um belo passe para Dagoberto, que, aberto pela direita, invadiu a área e passou para Marlos. O meia, sozinho na frente do gol aberto, conseguiu acertar o travessão, para desespero dos torcedores.
Mais ofensivo, o São Paulo crescia em campo. Criava muitas chances, mas tinha dificuldades na conclusão. Ao mesmo tempo, dava mais espaços para os peruanos, que de vez em quando tentavam se aproximar do gol de Ceni. Aos 12 minutos, mais uma oportunidade desperdiçada: Dagoberto tocou para Washington que jogou de pivô e deixou para Marlos concluir. Mas o meia novamente chutou torto.
O Universitario encontrava espaços pelo lado direito do São Paulo. Aos 17, Espinoza desceu e cruzou, mas a defesa afastou. No rebote, Rabanal chutou muito forte. Aos 22, Washington perdeu uma grande chance ao receber a bola na área, mas não conseguiu dominar. A torcida ficava cada vez mais desesperada com a possibilidade de a vaga ser decidida na disputa de pênaltis.
Pouco depois, Washington se livrou de dois marcadores e tocou rasteiro para Dagoberto, mas o atacante chegou atrasado e a bola passou à frente do gol de Llontop. Chance incrível perdida pelo Tricolor. Aos 33, mais sofrimento: Fernandinho tocou em cima de Llontop, que espalmou. A bola voltou para o camisa 12, e ele tocou para Washington, mas o Coração Valente, de primeira, tocou por cima do gol. Neste momento, a torcida acordou e passou a incentivar o time, na esperança de que os últimos dez minutos fossem mais felizes.
O tempo foi correndo, e nada de o gol sair. Gritos de "raça" surgiram da arquibancada. Rogério Ceni era o único do lado são-paulino do campo. Todos os demais estavam em cima do Universitario, desesperados por um gol salvador. Que não veio. Gomes se preparou para a disputa de pênaltis ao colocar Marcelinho Paraíba, bom cobrador. Fernandinho saiu vaiado. Marcelinho só teve tempo de arriscar um chute de longe. A vaga seria decidida nas cobranças de pênalti.
Ceni perde cobrança, mas se redime e pega dois
Antes mesmo do início das penalidades, alguns tricolores chamavam Gomes de burro, e a pequena torcida do Universitario celebrava bastante. Após as críticas, vieram os gritos de apoio. Os mais de 48 mil torcedores passaram a cantar o hino do Tricolor, enquanto Gomes escolhia os batedores. Ceni trocou a camisa laranja por uma preta.
Ramirez abriu a série ao cobrar bem, no lado direito do goleiro são-paulino: 1 a 0 Universitario. O camisa 1, ídolo maior do tricolor, foi o primeiro a bater. Llontop pulou no canto esquerdo e defendeu. Tensão no Morumbi.
Alva foi o segundo a bater para o time peruano, e Ceni se redimiu: defendeu, fazendo a torcida explodir em alegria. Agora era a vez de o camisa 10 empatar as cobranças. Hernanes não decepcionou e colocou a bola na rede: 1 a 1.
Galvan viu Ceni ficar gigante, e não conseguiu passar pelo goleiro: tentou o canto esquerdo, mas o ídolo tricolor também defendeu. Marcelinho Paraíba, que entrou nos minutos finais, anotou o seu no canto esquerdo, ainda acertando a trave, enquanto Llontop caía para o direito: 2 a 1 para o Tricolor.
Labarthe mostrou todo o nervosismo que o Universitario passava ao bater o pênalti para fora. Ceni nem precisou se esforçar. E a torcida, enlouquecida, celebrava: faltava mais um. Dagoberto partiu para a bola e correu para o abraço: era a classificação do São Paulo na rede.