Cielo fica com medalha de prata e lamenta

O segundo lugar é uma derrota para mim, sinceramente. Não tem outra explicação

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Cesar Cielo tentou, porém não conseguiu cumprir sua promessa. Depois do bronze nos 100m livre do Pan-Pacífico, ele, acostumado às vitórias, disse que não queria mais subir em um pódio se não fosse para ocupar o lugar mais alto. Resolveu, então, descansar e se concentrar. Neste sábado, nadou a final de sua prova preferida, os 50m livre, em 21s57. Ficou olhando o placar, incrédulo. Por dois centésimos, teve de se contentar em pôr no peito a prata. O ouro foi para o americano Adrian Nathan, com 21s55. O brasileiro Bruno Fratus surpreendeu ao terminar em quarto, atrás do canadense Brent Hayden.

- O segundo lugar é uma derrota para mim, sinceramente. Não tem outra explicação. Não estava esperando isso - disse.

Cielo não igualou seu melhor tempo na temporada (21s55), tampouco chegou perto dos 21s36 do francês Fred Bousquet. A marca, melhor ano, melhor da era sem os supermaiôs, continuará escrita em seu papel de metas - o tempo a ser perseguido, braçada a braçada.

O brasileiro acordou cedo neste sábado, último dia de provas no complexo William Woollett Jr., na pequena e pacata Irvine. Fez 21s64 nas eliminatórias e quebrou, por 20 centésimos, o antigo recorde do campeonato, que estava em poder do americano Cullen Jones.

Os 21s64, porém, significavam mais. Foi com essa marca, em 2000, que o russo Alexander Popov quebrou o último recorde mundial antes dos supermaiôs. Um recorde que, mesmo batido, manteve-se como um dos mais importantes da história. E que, em janeiro deste ano, com a proibição dos supertrajes, emergiu do fundo das piscinas, deixando o de Cielo ? 20s91, no Mundial de Roma (2009) - apenas como lembrança de um tempo onde a tecnologia falava mais alto.

Sem maiô, todos voltaram a condições semelhantes à de Popov, e a marca do russo nos 50m passou a ser perseguida. O primeiro a riscá-la foi justamente Cielo, no Paris Open, em junho, com 21s55. No início de agosto, Fred Bousquet, companheiro do brasileiro em Auburn, nadou ainda mais rápido. Duas vezes. Fez 21s36 nas eliminatórias do Europeu de natação. Depois, 21s49 para faturar o ouro.

Durante toda a semana, a pressão sobre Cielo era grande. Uma pressão imposta por ele mesmo. O maior nadador da história do Brasil queria mais. E, assim como os tapas que dá em seu peito antes das provas, punia-se psicologicamente pelo ?fracasso? nos 100m.

Neste sábado, porém, ele dizia estar tranquilo. Uma tranquilidade assustadora. Tinha certeza da vitória. Os sete nadadores que dividiam com ele a piscina na final dos 50m não o preocupavam. O adversário real estava escrito em um pequeno pedaço de papel. Os tais 21s36 de Fred Bousquet.

De touca dourada e bermuda, na raia quatro, Cielo largou em primeiro e chegou em segundo. O americano Adrian arrancou na última parte da piscina e garantiu o ouro. Bruno Fratus terminou em quarto, com 21s93, atrás do canadense Hayden (21s89).

Foi a terceira medalha de Cielo no Pan-Pacífico. Além do bronze nos 100m livre, ele tinha conquistado, no primeiro dia da competição, o ouro nos 50m borboleta.

- Está faltando um pouco de treino. O final da prova está pesando muito. Estou forte, rápido, mas está durando pouco. Tenho que ver o vídeo para entender o que deu errado. A competição não está sendo muito boa para mim. E, para os adversários, é a melhor da vida deles. Agora, é olhar o que precisa fazer para melhorar e esperar por resultados melhores no ano que vem - disse.

Outros resultados do Brasil em Irvine

Nos 50m livre feminino, a americana Jessica Hardy levou o ouro ao estabelecer 24s63, novo recorde do campeonato. Amanda Weir, com 24s70, garantiu a dobradinha americana. A brasileira Flavia Delaroli terminou em sétimo, com 25s36.

Nos 200m medley, Thiago Pereira faturou o bronze. Nos 800m, os brasileiros não tiveram um bom resultado. Lucas Kanieski foi o 12° colocado (8m07s68) e Luiz Arapiraca terminou em 20° lugar (8m17s17). A prova foi vencida pelo canadense Ryan Cochrane (7m48s71), seguido pelo americano Chad La Tourette (7m51s62) e pelo japonês Takeshi Matsuda (7m51s87).

Henrique Barbosa foi o oitavo colocado nos 200m peito. O brasileiro terminou a prova com 2m14s42, seis segundos acima de seu melhor tempo. A disputa foi vencida por Kosume Kitajima. O japonês conseguiu a marca mais rápida do ano ao fechar em 2m08s36. O australiano Brenton Rickard (2m09s97) e o americano Eric Shanteau (2m10s13) completaram o pódio.

Entre as mulheres, Rebecca Soni, dos Estados Unidos, conquistou a medalha de ouro (2m20s69), seguida pela compatriota Leisel Jones (2m23s23) e o canadense Annamay Pierse (2m23s65). Na final B, as brasileiras Carolina Mussi e Juliana Marin ficaram em sétimo e oitavo lugares, com 2m39s76 e 2m41s54, respectivamente.

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