O melhor jogador do futebol brasileiro é também o mais bem pago. Entre o salário que ganha do Santos e a remuneração por campanhas publicitárias, Neymar embolsa todo mês R$ 2,3 milhões.
Mas, recém-saído da adolescência, o astro de 20 anos parece ignorar sua conta bancária. Em entrevista ao jornal Folha de São Paulo, o principal jogador do Santos, que completa 100 anos amanhã, afirmou desconhecer quanto recebe para jogar.
Também disse que não se incomoda de ter sua vida pessoal devassada pela imprensa, mas criticou jornalistas que chamou de "sabichões".
O grande nome de uma seleção brasileira cheia de garotos -Paulo Henrique Ganso, Lucas e Leandro Damião- afirmou não temer a pressão de representar o país na Olimpíada e na Copa de 2014.
Folha - Você sempre disse que joga para se divertir. E ganha quase R$ 30 milhões por ano. Você não acha que recebe demais? Em um país em que tanta gente ganha tão pouco...
Neymar - Pelo que estou trabalhando... eu trabalho até demais. Se você falou que tem algumas pessoas que trabalham mais do que eu é porque você não sabe da minha vida [risos]. Mas eu acho que não tem essa de... Eu não trabalho para... Eu jogo futebol porque eu amo jogar futebol. E o futebol, graças a Deus, me dá condições financeiras maravilhosas. Acho que não tem de ficar de olho no dos outros. Cada um tem o seu porque merece, porque trabalhou para conquistar aquilo.
Você já recebia salário desde a base. Sentia algum peso, alguma responsabilidade?
Peso nenhum. Meu pai sempre cuidou da parte financeira, sempre me deixou bem tranquilo para fazer o meu papel, o meu trabalho, que é [ter a] cabeça vazia. E até hoje é assim, ele que cuida de tudo. Eu nem sei quanto que eu ganho, meu pai que cuida de tudo isso. É uma pessoa de confiança. Se está dando certo, não tem que mudar nada.
Como é sua relação com a imprensa?
Minha? Nenhuma.
Incomoda-se quando publicam sobre sua vida pessoal?
Eu não me incomodo nem um pouco. Claro que tem alguns caras que querem saber demais, ficam fuxicando a vida dos outros, a vida pessoal. Mas eu não tenho nada a ver com isso. Ele faz o que quiser, eu toco a minha vida. Eu não vou ficar me limitando, vivendo a vida por causa de certas pessoas. Eu não ligo.
No ano passado, disseram que você sairia do país. Você sempre negou. No final, acabou ficando. Como avalia isso?
Eu não ligo. A minha palavra é a que vale. Se eu falei que não iria sair é porque não vou sair. Só que têm aqueles sabichões, que sabem de tudo, e falam "Ele vai, ele vai". E eu falando que não. Mas é o trabalho do jornalista querer saber o que acontece, a notícia. Tem alguns que acabam inventando. Normal. Não ligo. Eu sempre falo a verdade.
Se a Copa de 2014 fosse hoje, qual seria a seleção favorita?
O Brasil. Tenho confiança total. Com todos os jogadores que o Brasil tem, sempre estará entre os favoritos. Não [que esteja] em um momento maravilhoso. Mas, no momento atual, sempre que tiver Copa, estará entre os favoritos.
Você acha que uma seleção tão jovem, que depende de jogadores que têm cerca de 20 anos, está preparada para segurar a pressão de representar o país?
Vou falar por mim, não sinto pressão nenhuma. Acho que vou falar por todos. Todos que estão ali não têm medo de nada, não têm receio de nada. Todos estão preparados. Se chegamos na seleção brasileira, é porque temos alguma coisa. Claro que vai ser a nossa primeira vez, mas é a primeira vez que a gente estará preparado também.
Ronaldinho, pela experiência que tem, pode ser o líder dessa seleção de garotos?
O Ronaldinho Gaúcho é sempre muito importante. Duas vezes melhor do mundo, tudo que já fez no futebol. E é um cara de grupo, bacana, tem tudo pra ser esse cara.
Você disse que recebeu uma aula do Barcelona em 2011, quando o Santos perdeu de 4 a 0 no Mundial. Como tranquilizar o torcedor brasileiro de que, no caso de mais um duelo com o Messi em 2014, você não receberá outra aula?
[Risos] Espero que a gente possa vencer essa Copa. No final do ano passado, aprendemos muito. Não apenas eu, mas todos os meus companheiros [do Santos]. A gente viu que o futebol é uma coisa simples. E é o que a gente está fazendo neste ano, tendo calma, trabalhando bem a bola, tendo [mais] posse de bola do que quase todos os times.
Você já assistiu àquele jogo de novo?
Não. Só lances.
Você tem ideia da importância que tem para o Santos? De ser o grande jogador durante o centenário do clube?
Não [risos]. É um bagulho meio maluco. Não sei o que represento, não tenho noção, mas estou me acostumando. As pessoas nos aeroportos, todo mundo gritando, chorando. Mas é muito bom.
Você sonha em nunca sair do Santos? Imagina-se defendendo algum outro clube?
Por tudo que represento para o Santos e por tudo que estou fazendo, ganhando títulos, é difícil me ver com outra camisa. Só me vejo com a camisa do Santos. Não iria para outro time no mundo.
Seu contrato acaba em 2014. Se o Santos fizer boa proposta, é possível ficar mais tempo?
Claro. Vamos sentar e conversar bastante para que isso possa acontecer.
É possível fazer uma carreira de alto nível sem ir para fora?
Acho que sim. Não é preciso ir para fora para melhorar. Tenho um sonho de jogar na Europa desde criança. Mas, analisando bem tudo, conversando, quem sabe posso ficar aqui por mais anos.
Sua vida aqui é muito boa.
Não tenho por que sair. É tudo maravilhoso, clube maravilhoso, ambiente maravilhoso, família, filho, amigos, enfim, tenho tudo.