O campo de terra batida, a estrutura precária e a presença na Terceira Divisão do Campeonato Mineiro não diminuem o orgulho do Venda Nova. Localizado em um distrito da região metropolitana de Belo Horizonte, o clube não se incomoda de ser um pequeno, mas tem muito orgulho de ter revelado alguns dos principais nomes do futebol de Minas Gerais nos últimos tempos: Fred, do Fluminense, Bruno, do Flamengo, e Euller, o ?Filho do Vento?, são alguns nomes que engrossam a lista.
Recentemente, no entanto, o Venda Nova tem sido lembrado não pelo que suas pratas da casa fizeram dentro de campo ou pelo talento de lapidar meninos. A procura pelo alvirrubro mineiro tem sido por um único motivo: a prisão do goleiro que deixou o campo de terra para brilhar no Maracanã e acabou na cadeia como principal acusado do desaparecimento da ex-amante, Eliza Samúdio.
Responsável por tirar Bruno de Ribeirão das Neves e levá-lo ao Venda Nova, Valmir Menezes, até hoje técnico do infantil, relembra os primeiros passos do goleiro no futebol.
- O Bruno chegou aqui por volta de 96 ou 97, com 12 anos. Ele fez um peneira para garotos nascidos em 83, para suprir algumas carências do Venda Nova, mas não foi aprovado por causa da idade, já que nasceu em 84. Só que o pré-infantil, que eu treinava, estava sem goleiro. Foi quando soubemos do desempenho dele no teste e fomos até Ribeirão das Neves buscá-lo. Ele veio e começou a se destacar. Passou três anos no clube. O que mais chamou a atenção no começo foi o tamanho. Bruno sempre foi muito alto. Com o tempo conquistou a posição dele, deslanchou e ninguém segurou mais.
No período em que defendeu a equipe, Bruno já demonstrava uma postura de liderança e, assim como no Flamengo, assumiu a braçadeira de capitão. Segundo o treinador, tratava-se de um jovem com espírito de grupo e obediência.
- Sempre foi uma pessoa tranquila. De família humilde, pobre. Existia uma vaquinha para que viesse treinar. Era um menino alegre, descontraído, de grupo. Tudo que pedíamos, acatava. Nunca deu problema ? disse Valmir.