Os atletas da natação dos Estados Unidos tiveram de se controlar nos últimos dias. Não puderam tocar em assuntos como aposentadoria, reta final da carreira, últimas provas ou a vida depois do esporte. Não por causa de Michael Phelps (31), porém. O recordista de pódios da história dos Jogos Olímpicos já avisou que vai deixar o esporte após a Rio-2016, mas ele não é o único.
Maya DiRado, 23, que debutou em Jogos Olímpicos e coletou quatro medalhas no Brasil, também encerrou sua trajetória nas piscinas. Quando voltar a seu país, a americana terá apenas alguns dias de folga antes de 9 de setembro, quando precisará se apresentar em um novo emprego.
DiRado havia decidido antes dos Jogos que a Rio-2016 seria sua primeira e última participação em Olimpíadas. Conseguiu quatro pódios (ouros nos 200 m costas e no revezamento 4x200 m livre, prata nos 400 m medley e bronze nos 200 m medley), mas a jornada prolífica não foi suficiente para fazê-la mudar de ideia.
“Eu estou bem emocionada com tudo que tem acontecido. Meu último treino, meu último jantar com as meninas, minha última conversa. Mandei um e-mail para os meus pais hoje [sexta-feira] cedo e agradeci por tudo que eles fizeram. Fiquei um pouco mais no meu quarto porque estava realmente com medo de me sentir muito emocionada. Eu ia chorar por 24 horas se não me controlasse”, contou a nadadora.
O controle emocional era fundamental para DiRado na sexta-feira. Ela ainda tinha os 200 m costas pela frente – venceu na prova final a húngara Katinka Hosszú, 27, que era a favorita. Por isso, a norte-americana pediu colaboração de seus companheiros de equipe.
“Eu pedi para ninguém dizer nada porque estava muito emotiva. Eles só me deram grandes sorrisos e me abraçaram. Eu penso na minha carreira na natação como um grande sucesso e não poderia imaginar um jeito melhor de terminar”, explicou DiRado.
A aposentadoria precoce diz muito sobre o perfil da nadadora. Graduada em gestão e engenharia em 2014 pela tradicional universidade de Stanford, DiRado é apaixonada por livros e já admitiu que a falta de desafios intelectuais é uma de suas principais dificuldades na natação. Antes da Rio-2016, decidiu que deixaria as piscinas para assumir uma vaga de analista de negócios em uma empresa de consultoria.
“Fico entediada. Honestamente, tenho muito problema com essa parte durante as provas”, contou a atleta em julho.