"Diferentemente dos outros times que trocaram de técnico para não cair, nós não vamos trocar", afirmou na segunda-feira César Sampaio, gerente de futebol do Palmeiras. Dois dias depois, a história já é diferente. O mesmo dirigente que tentava transbordar confiança, agora, marca reunião com a cúpula do clube para discutir ou não a permanência do técnico Luiz Felipe Scolari.
Atônito com a fraca atuação palmeirense diante do Vasco, que venceu o jogo por 3 a 1 e afundou o adversário na zona de rebaixamento, Sampaio já afirmou que conversará com seus superiores e poderá se pronunciar a respeito de alguma decisão nesta quinta-feira, um dia após a segunda derrota consecutiva com três gols sofridos.
Protestos de torcedores já são esperados no desembarque no aeroporto de Congonhas, em São Paulo, às 10h25 desta quinta-feira. A segurança da delegação já foi reforçada.
Ainda no Rio de Janeiro, o próprio treinador mostrou um conformismo que nunca foi visto nas últimas rodadas. ?Pelo estado anímico que me apresento, pelas dificuldades que tenho com o grupo, tentei de uma forma ou outra e só vejo que existe uma dificuldade a mais. Vamos conversar, vamos ver o que acontece e tentar mudar algo pra domingo?, disse ele, para depois comentar a possibilidade de queda.
"Não (mancha meu currículo). Por quê? Trabalho todo dia com vontade, disciplina, organização, dedicação... Fazendo isso eu ainda tenho problema em enfrentar as dificuldade e não vejo nada disso ( sobre um possível rebaixamento ser uma mancha na carreira)".
Raio-x do Conselho do Palmeiras
A derrota acabou com o resto de apoio que Scolari tinha no Conselho Deliberativo do Palmeiras. Se antes a oposição via no treinador a única salvação da gestão de Arnaldo Tirone, hoje vê na mudança de comando uma chance do time respirar a 14 rodadas do fim do campeonato.
Boa parte, aliás, não culpa o treinador como o responsável pelo fracasso, mas diz que esse seria o único jeito de dar o choque de realidade pedido publicamente por alguns jogadores, como foi o caso de Tiago Real.
Nomes importantes do Conselho como Seraphim del Grande, Fábio Raiola e Mário Quaranta, que transitam por diferentes alas políticas, têm a mesma opinião sob a necessidade de mudança de comando. Nem mesmo entre os Eternos Palestrinos, outro grupo que tenta ser alheio ao maquiavelismo palmeirense, o gaúcho é unanimidade.
No poder, o vice-presidente Roberto Frizzo nunca morreu de amores por Felipão, mas precisou engolir o comandante especialmente por ser subordinado às ordens de Arnaldo Tirone, defensor ferrenho do pentacampeão. Essa defesa exacerbada, aliás, sempre gerou críticas, que apontavam que o cartola usava o técnico como escudo. Agora, com a situação se apertando, os críticos do comandante voltam a ganhar força.
Logo após a derrota, o diretor jurídico Piraci de Oliveira postou em seu blog que não era o momento de ataques, tampouco de ficar quieto. Ele também defendeu uma conversa entre diretores para definir o futuro do time.
Sobre sua própria situação, Felipão preferiu pedir tempo para conversar e tentar focar, apenas, na reação da equipe diante do Corinthians.
"Não tive tempo para pensar nisso (demissão) e acho que nem eles (diretoria). Vamos chegar a São Paulo e fazer o que for preciso para o clássico de domingo (contra o Corinthians)", disse ele ainda em São Januário.