O Palmeiras chegou até as oitavas de final da Taça Libertadores no embalo de sua torcida. Jogando sem muito requinte, mas com garra, raça. Nesta terça-feira, contra o Tijuana, no Pacaembu, o clima estava propício: estádio cheio, torcedores animados, time aceso. Só que ninguém contava com uma falha impressionante do goleiro Bruno. Num chute fraco de Riascos, aos 26 minutos do primeiro tempo, ele deixou a bola escapar e desestabilizou o time, que acabou perdendo por 2 a 1 e está eliminado. Arce marcou o segundo dos mexicanos, e Souza descontou, de pênalti.
O Verdão, que era considerado o azarão entre os times brasileiros na Libertadores, vinha fazendo uma campanha empolgante, mas caiu no primeiro mata-mata, após conseguir voltar do México com um empate por 0 a 0. Bastava uma vitória "simples" no Pacaembu. Mas quem disse que vencer é simples? Principalmente no torneio continental?
Agora acabou. É pensar na Série B do Brasileirão, juntar os cacos e se preparar para voltar à elite. O Tijuana, em sua primeira Libertadores, avança às quartas de final para enfrentar o Atlético-MG.
Ah, Bruno...
Parecia um jogo tranquilo para o Palmeiras. Não que o time estivesse conseguindo criar muitas jogadas. Era uma partida brigada, lances ríspidos, divididas fortes, chutões, típico de mata-mata de Libertadores. O Verdão até acertou a trave, em cobrança de falta de Ayrton, aos 24 minutos. Até então, nenhum lance que alarmasse os palmeirenses lá atrás.
Até que, aos 26 minutos, uma jogada capital, que marcará para sempre a carreira do goleiro Bruno. Martínez invadiu a área e rolou para Riascos. O atacante colombiano pegou mal: o chute saiu fraco, no meio do gol. Bruno se ajoelhou para segurar. Só que o camisa 1 não segurou. Ela escapou e entrou mansa no gol do Verdão. O palmeirense baixou a cabeça, depois tentou pedir desculpas. De um camarote no Pacaembu, o ex-goleiro Marcos parecia não acreditar na falha incrível do seu pupilo.
Após o gol, não houve mais futebol. Só pancadas. Confusa, a arbitragem enervou sobretudo o time palmeirense - aos 31, o árbitro Juan Ernesto Soto, da Venezuela, se enganou e expulsou Ruíz pelo acúmulo de dois amarelos. No entanto, o jogador do Tijuana ainda não havia recebido o primeiro. O juiz reconheceu o erro e desconsiderou a punição. A confusão chega a ser compreensível: os jogadores abusaram tanto das pancadas que foram aplicados oito cartões amarelos na primeira etapa. Um retrato do que foi a partida.
Arbitragem vacila
No intervalo, a torcida palmeirense se mostrou compreensiva. Aplaudiu e gritou o nome de Bruno, que agradeceu a manifestação. Iniciada a segunda etapa, não houve muito tempo para o Verdão se assentar em campo. Em uma bola esticada da intermediária, Henrique tentou afastar de cabeça e mandou nos pés de Arce, que acertou um belo chute, de primeira, ampliando o placar e o sofrimento verde.
No banco, Gilson Kleina abatido. Sentado num canto, cara desanimada. O seu Palmeiras não parecia mais aquela equipe aguerrida, que se embalava pelo canto das arquibancadas e ia para cima compensando falta de técnica com garra. A torcida fazia sua parte, gritava, cantava, mas o time parecia perdido. A impressão era que o terceiro gol do Tijuana seria questão de tempo. Eis que, aos 16, a bola bateu na mão do zagueiro Aguilar dentro da área - não houve intenção de corte. Mesmo assim, o árbitro apontou para a marca de pênalti. Souza, que não tinha nada com o erro do juiz, chutou com categoria para renovar a esperança palmeirense.
O jogo mudou. O gol e a presença de Maikon Leite acenderam o Palmeiras, que passou a rondar com mais perigo a área adversária. Aos 22, explosão no Pacaembu. Era o segundo gol, marcado Kleber. No entanto, a arbitragem marcou impedimento do atacante. Mais um erro do trio, já que o palmeirense estava na mesma linha da zaga no momento do cruzamento.
Com o passar do tempo, o Palmeiras foi se tornando vítima da ansiedade, do nervosismo e, principalmente, de suas próprias limitações. O time foi para cima, mas sem nenhum senso de coordenação. Erros de passes, de finalizações, de posicionamento. No fim, a eliminação. E a sensação de que foi bom enquanto durou.