O Brasil encarará Gana, em amistoso na segunda-feira, com um ataque feito em casa e uma defesa à europeia. Os sete atletas com obrigações defensivas que serão titulares nesse jogo da seleção atuam em clubes europeus. E os quatro homens de frente defendem times brasileiros, dos quais, dizem, não pretendem sair tão cedo, apesar do assédio que sofrem --exceção feita a Ronaldinho.
O técnico Mano Menezes pôde contar na sexta-feira com os 22 jogadores chamados para o amistoso --os dez que chegaram do Brasil foram poupados de parte das atividades.
O treinador armou a defesa com Júlio César e Lúcio, da Inter de Milão, Daniel Alves, do Barcelona, Thiago Silva, do Milan, e Marcelo, do Real Madrid. À frente deles, Lucas Leiva, do Liverpool, e Fernandinho, do Shakhtar Donetsk.
Dali para a frente, Ganso e Neymar, do Santos, Ronaldinho, do Flamengo, e Leandro Damião, do Internacional. Trata-se da confirmação da tendência que já se verificava em 2010: craque brasileiro na Europa atua na defesa.
Momentos antes de Mano montar esse time para o treino tático, três das maiores revelações do futebol brasileiro esnobaram a Europa.
"Tenho contrato longo, estou feliz no Inter", disse Leandro Damião, 22, que em seguida seria oficializado como o substituto de Alexandre Pato na seleção brasileira. O meia Lucas, 19, disse ter recebido proposta "de um clube italiano" e não teve nenhum problema para dizer que prefere continuar no São Paulo.
"Gostaria de jogar num grande clube da Europa, mas sei que ainda não é a hora e não tenho pressa". Por fim, Neymar também reafirmou sua intenção de continuar no Santos, em vez de se mudar para a Espanha.
"Tenho tudo que gosto em Santos, meus amigos, minha família, o clube do coração", afirmou, para em seguida driblar as seguidas perguntas de um jornalista espanhol sobre Real Madrid, Cristiano Ronaldo, Barcelona e Messi.
Ele brincou sobre o nascimento do filho, David Lucca. "Tenho que correr em dobro para alimentar mais um". Pato, que sexta completou 22 anos, fez o caminho inverso dos "brasileiros" que por ora rejeitam a ideia de jogar no velho continente.
Aos 17, trocou o Inter pelo Milan, mas nunca se firmou na seleção --nem com Dunga nem com Mano, que perdeu a paciência com a quantidade de gols desperdiçados. Robinho, que provavelmente seria reserva de Ronaldinho, foi cortado por lesão.