Em silêncio desde o início da semana, quando o Brasil foi anunciado como sede da Copa América, os jogadores da Seleção preparam um manifesto para externar a posição do grupo a respeito da disputa do torneio em meio à pandemia de Covid-19.
Além de esclarecer informações e boatos que vêm sendo divulgados nos últimos dias, os atletas pretendem afastar a conotação política da decisão deles. Na visão dos jogadores, disputar ou não a Copa América não significa um ato de apoio ou protesto contra o presidente da República, Jair Bolsonaro, ou ao presidente da CBF, Rogério Caboclo.
Eles acompanharam posicionamentos diversos em redes sociais e perceberam avaliações polarizadas entre apoiadores da competição e quem defendia o cancelamento do torneio.
A ideia é também mostrar união entre os atletas e todo o grupo de trabalho de Tite. Apesar de os jogadores mais experientes liderarem as conversas e a abordagem ao presidente Rogério Caboclo, todos participam das discussões internas.
O texto começou a ser preparado ainda antes da partida contra o Equador, na concentração da Seleção em Porto Alegre. A data de publicação da nota ainda não foi definida, mas a tendência é que isso ocorra na terça-feira, após o duelo contra o Paraguai, em Assunção, pelas Eliminatórias.
Os jogadores da Seleção estão insatisfeitos com a forma como o presidente da CBF conduziu o tema junto ao elenco. Caboclo esteve na Granja Comary no domingo e em nenhum momento tratou da possibilidade de transferência da Copa América para o Brasil, o que se consumou na manhã do dia seguinte.
Também causou mal-estar, inclusive na comissão técnica da Seleção, o fato de nenhum dirigente ter se pronunciado publicamente sobre a transferência da competição para o País. Eles se sentiram expostos com a situação.
Desde então, as três entrevistas coletivas de jogadores que estavam previstas foram canceladas.
Depois da vitória brasileira sobre o Equador, o capitão Casemiro disse que "todo mundo sabe" o posicionamento dos atletas, sem explicitar o que lhes incomodava.
Alguns jogadores do Brasil - liderados por Neymar - procuraram atletas de outros países para discutir um boicote à Copa América. Apesar dos problemas da competição, outros jogadores de seleções lembraram que existe compromisso em jogar, o que acarretaria consequências e prejuízos financeiros também àqueles que não são tão bem renumerados quanto às estrelas do futebol europeu.
Segundo o zagueiro Arboleda, do Equador, o tema está sendo tratado por capitães das seleções.
A seleção segue em Porto Alegre até a próxima segunda-feira, quando embarca para Assunção. A programação prevê que, depois do jogo no Paraguai, o grupo siga reunido para a disputa da Copa América. A estreia está marcada para o dia 13, no Nilton Santos, contra a Venezuela.
As informações são do Ge.