Castelão cheio, com recorde de público neste Brasileirão - 44.500 pagantes
e 5.156 não pagantes - e bonita festa da torcida do Ceará e do Corinthians num jogo de líderes invictos. O clima era o ideal para um grande duelo de alvinegros na volta do campeonato após a paralisação da Copa do Mundo. O Vovô, com melhor defesa, recebia o Timão, com ataque mais positivo. Mas emoção mesmo se viu nos 20 minutos finais, quando os dois times tentaram a vitória para disparar na ponta da tabela. A partida, no entanto, terminou 0 a 0 na noite desta quarta-feira. O resultado favoreceu a equipe paulista, que com melhor saldo de gols segue em primeiro lugar na tabela, com 18 pontos ganhos.
Mas a liderança pode ser perdida nesta quinta-feira, quando termina a oitava rodada. Se o Fluminense bater o Presidente Prudente no Maracanã, empata em pontos ganhos e fica na frente no critério de desempate por vitórias.
O jeito para os dois times é secar o Fluminense e esperar a nona rodada. No próximo domingo, o Ceará, em segundo lugar, também com 18 pontos, encara o Inter no Beira-Rio. No mesmo dia, o Corinthians recebe o Atlético-MG, no Pacaembu.
Vovô no ataque
O primeiro tempo do duelo da melhor defesa com o melhor ataque já terminou num empate sem gols justíssimo. Não que o sistema defensivo do Ceará, menos vazado do Brasileirão, com apenas um gol sofrido, merecesse. Sem o zagueiro Anderson e o volante Heleno, suspensos, abusou das falhas de marcação e na saída de bola. Com isso, o goleiro Diego saiu como destaque, com pelo menos duas boas defesas. Sorte também que a linha de frente corintiana sentia a falta dos contundidos Ronaldo, Dentinho e Jorge Henrique. Iarley e Defederico pouco agrediam.Tanto que a melhor chance de gol foi do Vovô.
O time da casa, apoiado pela torcida e estimulado pela possibilidade de roubar do Corinthians a liderança, procurava o ataque logo de início. O cartão de visitas foi logo aos cinco minutos, quando Misael, livre pela direita, tentou tirar Julio Cesar da jogada, mas o goleiro tocou com a ponta dos dedos para escanteio.
O Vovô buscava velocidade, principalmente pelas pontas. O Timão, cadenciado, tinha noção da falta do trio de ataque. Mas a equipe paulista nem demorou tanto a dar o troco. Aos oito minutos, Roberto Carlos bateu cruzado pela esquerda, num cruzamento que quase surpreendeu Diego. O goleiro salvou com um tapa na bola.
Gol perdido
A defesa menos vazada sentia a falta de Anderson e Heleno, e os substitutos Jorge Luís e Careca protagonizaram uma videocassetada ao baterem cabeça aos nove minutos, possibilitando contra-ataque corintiano mal aproveitado devido à lentidão de Danilo. O Ceará mostrava tantos erros de marcação que o Timão alugou meio-campo até os 20 minutos, mas sem criar situações de gol - Alessandro, preso do lado direito, dava poucas opções para abrir o jogo.
A torcida do Vovô começava a se impacientar quando, aos 22, o time conseguiu pela direita a melhor jogada até então. Oziel arrancou, foi à linha de fundo e centrou rasteiro. Geraldo, que tentou organizar as jogadas do time na primeira etapa, mergulhou de peixinho e não alcançou a bola. Washington subiu e a testou na pequena área, mas ela, caprichosamente, quicou e subiu sobre o travessão.
Timão assusta
Se tentava desafogar o Timão da pressão cearense atacando pela esquerda, Roberto Carlos, por outro lado, se atrapalhava na defesa. Aos 29 minutos, deu uma canelada na bola, que foi a escanteio. Na frente, o ataque mostrava tanta lentidão para aproveitar as falhas na marcação adversária que Mano Menezes esbravejava com Defederico, Iarley e Bruno César. As broncas só deram resultado a partir dos 34, quando Iarley rolou para Bruno César soltar uma bomba no ângulo direito que Diego espalmou de mão trocada para escanteio, na defesa mais bonita do jogo.
O Ceará recuou, e o goleiro do Vovô voltou a trabalhar aos 41, quando Bruno César, o melhor do Corinthians, bateu falta de longe que quicou e quase o enganou, e aos 42, quando Danilo tentou encobri-lo em cabeçada pela esquerda. Diego espalmou novamente e saiu como destaque de um primeiro tempo sem brilho das duas equipes.
Bem que o Timão tentou mudar esse panorama no início da segunda etapa. Mas esbarrava num apático Defederico, logo substituído por William Morais. O goleiro Diego, destaque do primeiro tempo, falhou ao cortar mal escanteio cobrado por Bruno César e deu susto na zaga cearense. O técnico Estevam Soares, que estreava no lugar de Paulo César Gusmão no comando da equipe, trocou o meia Geraldo, cansado, por Tony, para dar mais velocidade aos contra-ataques. Mas Misael, que caía pela direita, e Ernandes, pela esquerda, não acertavam os cruzamentos na área.
Jogo melhora
Aos 25 minutos, Mano voltou a mexer no ataque corintiano, ao sacar Iarley, ovacionado pela torcida cearense - natural de Quixeramobim, foi campeão pelo Vovô e é torcedor declarado do clube -, por Souza. Mas quem assustou foi o Ceará, num chute venenoso de Tony. A bola quicou no gramado antes de chegar na direção de Julio Cesar, que espalmou com dificuldade para escanteio.
O jogo melhorou quando Mano trocou o megalento Danilo, que saiu vaiado pela torcida, por Tcheco. No minuto seguinte, aos 32, o meia bateu com violência da meia-direita, para boa defesa de Diego, que socou a bola. Dois minutos depois, Bruno César sofreu falta de Fabrício na altura da meia-lua, desperdiçada para fora dois minutos depois por Chicão, exímio batedor por ali.
Se Tcheco despertou o Corinthians, Tony acendeu a chama do Ceará, que teve três chances seguidas de marcar. Aos 39, ele serviu Washington, que girou e bateu de canhota à direita de Julio Cesar. Aos 41, tocou para Careca bater com violência por cima do travessão. Mas foi aos 42 que a torcida teve o gol da vitória entalado na garganta, quando Misael, pela esquerda, bateu para defesa sensacional de Julio Cesar. O Corinthians até deu uma desafogada no fim e atacou para vencer, mas o empate acabou merecido para as duas equipes.