O encontro foi em um hotel do Rio. Com os filhos por perto, Adriano estava tranquilo, depois de ter acertado o fim de um contrato de três anos com o Roma, da Itália. Ele ficou por lá só oito meses.
Patricia Poeta: Adriano, você diz que sua volta ao Brasil era em busca de felicidade. Há um ano você achava que podia ser feliz no Roma?
Adriano: Eu achava sim, não deu certo porque eu me machuquei muito, me machuquei três vezes num ano, nunca me machuquei tanto assim na minha vida.
Patricia Poeta: Você acha que isso era cabeça ou era corpo?
Adriano: Eu acho que foi mais corpo, dessa vez. Eu estava super tranquilo lá, não estava triste, estava feliz em uma cidade maravilhosa.
Patricia Poeta: Por que parece ser mais difícil pra você do que é para outros jogadores brasileiros viver longe do país, ficar longe da família?
Adriano: É porque os outros jogadores têm a família perto, tem a mulher, são casados e eu nunca me casei. Queria ter uma mulher do lado, queria ter um carinho, às vezes chegava nervoso não tinha ninguém para conversar. Então, querendo ou não é difícil.
Patricia Poeta: Dá pra dizer que aos 29 anos a sua carreira internacional está encerrada ou não?
Adriano: Está, hoje eu não saio do meu país mais não.
Ele quer voltar à seleção, onde brilhou em 2004 e 2005. Jogava no Inter de Milão, onde ganhou o apelido de Imperador. Mas a última conquista faz dois anos, foi o Campeonato Brasileiro pelo Flamengo. Adriano sabe que o Corinthians é a chance de estar de novo no topo.
Adriano: Eu estou indo para o Corinthians de coração, quero conquistar o coração dos corintianos. O Ronaldo me ajudou também muito , ele disse ?vamos para lá que você vai gostar?.
Patricia Poeta: Então, foi o Ronaldo que aconselhou você a ir para o Corinthians?
Adriano: É um amigo de muito tempo. Então, ele com certeza vai me botar no eixo, digamos assim.
Patricia Poeta: Você acha que vai conseguir corresponder à expectativa da torcida?
Adriano: Com certeza, eu não sou uma pessoa que corro da briga, eu adoro adoro quando as pessoas ficam falando mal de mim.
Patricia Poeta: Você se sente desafiado?
Adriano: Gosto porque depois tem um gostinho mais na frente, maravilhoso .Eu já escutei muitas coisas...
Patricia Poeta: O que por exemplo?
Adriano: Que eu sou vagabundo, que não presto, que não vai adiantar. Eu adoro isso.
Patrícia Poeta: Agora a pergunta que nenhum jogador gosta de responder. Como está o peso?
Adriano: Vou ser sincero, não está. É normal, eu estou parado há quase três meses.
Adriano vai usar a camisa número 10 no Corinthians.
Patrícia Poeta: Não vai atrasar nos treinos?
Adriano: Vou fazer o possível (risos).
Adriano brinca com a má fama, não esconde o jogo nunca. Já assumiu suas depressões, vai às festas que quer ir, visita abertamente a favela onde nasceu, hoje ocupada pela polícia do Rio. Os clubes ficam com um pé atrás.
Patrícia Poeta: Você ficou triste por não ter recebido uma proposta do Flamengo?
Adriano: Fiquei um pouquinho, não tem como não ficar. Quando eu cheguei eu falei que queria voltar ao Flamengo, mas isso não aconteceu.
Patricia Poeta: O Palmeiras saiu da disputa dizendo que contratar você era arranjar confusão. Contratar você é arranjar confusão?
Adriano: Se eu fosse isso, eles não me procuravam para me contratar.
Patricia Poeta: Contratar o Adriano é o quê?
Adriano: É gol.
Patricia Poeta: Uma vez, em uma entrevista bem franca que você me deu, mais ou menos há um ano e meio atrás, você falou que bebia mais ou menos três vezes por semana. Eu queria que você falasse um pouquinho mais para a gente como é que é essa sua relação com a bebida. Você tem ou não tem problema?
Adriano: Hoje em dia eu acho que não. Com certeza. Eu saio para almoçar ou para jantar, eu tomo minha cervejinha com meus amigos normalmente. Mas não é uma coisa pra se dizer exagero.
Patricia Poeta: Você tem tentado parar?
Adriano: Hoje quando eu falo chega é chega e acabou.
Patricia Poeta: O que aconteceu em fevereiro desse ano em uma blitz da lei seca no Rio de Janeiro? Conta pra gente.
Adriano: Eu explico. Eu não quis fazer o bafômetro. Tinha bebido umas cinco, seis cervejas. Errei de estar dirigindo mas não é que estava bêbado.
Patricia Poeta: Hoje em dia você faria diferente?
Adriano: Com certeza. É porque também eu dei mole.
Patricia Poeta: Que imagem você acha que tem hoje?
Adriano: Esse nome Imperador é um nome muito forte. Isso acaba fazendo que as pessoas tenham um pouquinho mais de raiva de mim. Não sei se é porque também sempre falei que gostava da minha comunidade. Eu não sei o que é. Hoje ninguém fala mais, né? Porque agora tem polícia lá na comunidade, aí eu vou lá falar com a minha rapaziadinha, faço a mesma coisa que eu fiz sempre, ninguém agora me chama de traficante, tem policia lá. (risos)
Patricia Poeta: Você continua indo para a comunidade?
Adriano: Continuo. Não vou perder minha raiz, nunca.
Patricia Poeta: Hoje você é um homem rico?
Adriano: Rico de felicidade (risos).
Patricia Poeta: Está buscando aqui no Brasil a felicidade. Pelo menos foi o que você falou para gente.
Adriano: Vou encontrar, vou encontrar.
Patricia Poeta: Adriano, obrigada pela sua entrevista. A gente deseja que você seja feliz em São Paulo. E que você traga muitas alegrias para a torcida alvinegra e para todo Brasil.