Muito prazer, meu nome é Corinthians e tenho 102 anos. Se antes o Timão era o clube que não tinha estádio, que via a Libertadores apenas como uma ilusão e que não tinha reconhecimento internacional, agora a história é outra. A construção da arena está a todo vapor, a competição continental foi conquistada de forma invicta e a visibilidade no exterior aumentou com a participação no Mundial de Clubes da Fifa no Japão. Agora, para encerrar esse ciclo com maestria, o Alvinegro precisa vencer o Chelsea neste domingo, às 8h30m (horário de Brasília, 19h30m no horário local), em Yokohama, e conquistar o bicampeonato do torneio (levou a edição de 2000, no Brasil). Mas os Blues prometem dar muito trabalho. Afinal, essa pode ser a redenção de um segundo semestre abaixo das expectativas para o campeão europeu.
- Uma emoção tomou conta do aeroporto de Guarulhos na saída do Brasil. Eu nunca vi aquilo. Foi algo significativo. Quando chegamos a Dubai, foi a mesma coisa, e também quando chegamos ao hotel no Japão. Nós não sabíamos o quanto o Corinthians é internacionalmente conhecido, admirado e acompanhado pelos seus fãs - declarou o presidente Mário Gobbi, presente em todo o processo de reconstrução do clube, que caiu para a Série B em 2007, deu a volta por cima e está a um passo do topo do mundo.
É verdade que os times do Velho Continente encaram o Mundial de Clubes da Fifa com olhos bem diferentes. Para os ingleses, no caso, seria mais um torneio na temporada, enquanto para os brasileiros é "a" competição. Desta vez, no entanto, o Chelsea parece estar vendo a competição pela ótica da América do Sul, afinal precisa se agarrar a algo para tentar aplacar o vexame de ter sido eliminado ainda na primeira fase da Liga dos Campeões deste ano.
Não há comparação, no entanto, com o que pode representar essa conquista de Mundial ao Timão. Paulista no nome e "do Brasil o mais brasileiro", como diz o hino do clube, o Corinthians pode, enfim, encerrar com a última das gozações dos seus rivais: a de que a edição de 2000, no Brasil, com vitória na final sobre o Vasco, também brasileiro, não tem a mesma legitimidade. Àquela época, o time alvinegro entrou no torneio como campeão brasileiro de 1999, não por um título de Libertadores.
Porém, desde a queda para a Série B, o Corinthians tem se especializado em derrubar esses tabus. Com a Fiel colada no time, sem nunca abandonar, a diretoria adotou uma postura de continuidade do trabalho, viabilizou a construção de um estádio, trocou apenas duas vezes de técnico nesse período, conquistou o Brasileirão, a Libertadores e chegou ao Japão. Na cola do elenco alvinegro, milhares de corintianos invadiram o território japonês na esperança de ver o Timão bicampeão do mundo.
- A torcida do Corinthians é muito fanática. É isso que os jogadores gostam, que eles sejam loucos. Eu me identifico com essa loucura. Vou fazer de tudo para ser campeão mundial. Vou dar o meu máximo dentro de campo - declarou o peruano Paolo Guerrero. O atacante foi o autor do gol do Timão na vitória por 1 a 0 sobre o Al Ahly, do Egito, na semifinal do Mundial de Clubes.