Os extremos opostos se encontram na chave do Fluminense. O Grupo 4 une a experiência do Boca Juniors, bicho-papão da Libertadores nos últimos anos, com a virgindade do Zamora, representando pela primeira vez a Venezuela no torneio continental. A eles, soma-se o Arsenal de Sarandí, adversário tricolor nesta terça-feira, na largada da chave.
O torcedor mais otimista pode dizer que é impossível ser difícil um grupo onde se encontra o Zamora. Outro torcedor mais pessimista pode dizer que é impossível ser fácil um grupo onde se encontra o Boca Juniors. O Arsenal pode fazer a balança pender para um lado ou para outro.
A chave traz saudosismo ao Tricolor. Em 2008, quando foi vice-campeão, o Fluminense enfrentou tanto Arsenal quanto Boca Juniors. O primeiro foi oponente na fase de grupos. Os brasileiros golearam por 6 a 0 no Rio e levaram 2 a 0 na Argentina. Os xeneizes cruzaram o caminho tricolor nas semifinais. O Flu empatou por 2 a 2 fora de casa e garantiu presença na decisão com vitória por 3 a 1 no Maracanã.
Arsenal -ARG
A campanha do Arsenal em 2011 não foi boa, e a equipe garantiu vaga na Libertadores graças ao novo regulamento da AFA (Associação de Futebol Argentino), que coloca a melhor equipe argentina na Copa Sul-Americana na principal competição da América. No Apertura-2011, o time não foi bem. Terminou na 13ª colocação.
Comandado por Gustavo Alfaro, o time não gera muito volume de jogo e atua no 4-4-2. Sua maior arma são os contra-ataques, se aproveitando da velocidade de seus atacantes que jogam pelas pontas. Ademais, o time tem uma considerável linha defensiva, composta por Hugo Nervo, Lisandro López e Guillermo Burdisso, irmão de Nico Burdisso.
O Arsenal vai para sua segunda Libertadores. Disputou a competição em 2008, quando enfrentou o Fluminense na etapa de grupos, da qual foi eliminado.
Fique de olho: a principal contratação da equipe para esta Libertadores foi o meia Carlos Carbonero, que em 2011 esteve no Estudiantes de La Plata. O jogador foi contratado para ser o responsável para fazer a transição da equipe e se adapta ao estilo de jogo proposto por Gustavo Alfaro. Dará uma maior velocidade ao contragolpe da equipe.
Efeito caldeirão: não é fácil jogar no acanhado estádio Julio Humberto Grondona, a casa do Arsenal. A capacidade é para 16 mil pessoas. E elas ficam muito próximas ao campo, separadas apenas por uma grade. Foi lá que o Fluminense perdeu em 2008.
Desempenho recente: pela pré-Libertadores, o Arsenal bateu o Sport Huancayo, do Peru, por 3 a 0 no primeiro jogo e empatou por 1 a 1 na partida de volta. Antes, em amistosos, levou 2 a 0 do Flandria e fez 1 a 0 no Comunicaciones.
Boca Juniors - ARG
Existem duas Libertadores: uma com o Boca Juniors, outra sem ele. O gigante argentino tem seis títulos do torneio. E o mais impressionante: quatro deles nos últimos 12 anos. Mas não disputou as duas últimas edições da disputa.
Campeão invicto do Apertura, o Boca Juniors começou 2012 com um elenco ainda mais forte. O clube xeneize contratou o centroavante uruguaio Santiago ?El Tanque? Silva (ex-Vélez), que, apesar de não ter ido bem na Itália, sempre tem um bom retrospecto na Argentina, e repatriou o meia Juan Pablo Ledesma.
No Apertura, o Boca apresentou uma defesa muito sólida, comandada pelo experiente Schiavi . A equipe marcou 25 gol e sofreu apenas seis em 19 partidas. Como não faz muitos gols, contratou Santiago Silva. Riquelme atuou pouco. Sem ele, alguns consideraram que a equipe teve um desempenho melhor, já que a saída de bola ficou mais rápida.
A principal característica desta equipe é a solidez encontrada por Facioni. Mesmo sem grandes estrelas, o treinador armou uma defesa muito boa, com Schiavi e Orion. Walter Erviti e Leandro Somoza tornam a saída rápida e forte, e Pochi Chávez é a solução caseira para substituir Riquelme.
Fique de olho: apesar de Riquelme ser a grande estrela deste elenco, o jogador atuou em apenas dez jogos no Apertura. Vale ficar atento a Santiago Silva, artilheiro no Vélez e no Banfield, e que pode ser o novo Palermo.
Efeito caldeirão: é infernal jogar em La Bombonera. O mítico caldeirão do bairro de La Boca, santuário dos xeneizes, recebe uma das torcidas mais fanáticas do planeta. La 12, organizada que fica atrás de um dos gols, canta sem parar. Há momentos em que toda a torcida acompanha o ritmo, e aí o barulho é de impressionar. A ressalva é que o gramado costuma ser bom.
Desempenho recente: pela Copa Argentina, empatou por 1 a 1 com o Santamarina. Pelo Torneo de Verano, empatou por 0 a 0 com o San Lorenzo, perdeu por 1 a 0 para o Independiente e fez 2 a 0 e depois 1 a 0 no River plate.
Zamora- VEN
O Zamora vive um momento único. Pela primeira vez em sua história de 35 anos, disputa a Libertadores da América. A presença na competição é resultado de uma zebra no futebol venezuelano: a conquista do Clausura de 2010/2011, depois de ser o penúltimo no Apertura.
A experiência internacional do Zamora é quase nula. Disputou duas vezes a Sul-Americana, com duas eliminações precoces: na etapa preliminar em 2007 e na primeira fase em 2009. Excetuado o Clausura, só ganhou uma Copa da Venezuela, em 1980. O clube fica em Barinas, 525km distante de Caracas.
O elenco do Zamora é uma mistura de atletas criados na cidade, jogadores que circulam pelo futebol venezuelano e estrangeiros. O grupo tem quatro colombianos, um argentino, um uruguaio e um panamenho.
Fique de olho: a aposta em colombianos tem reflexo no setor ofensivo do Zamora. É ali que estão Jhon Córdoba e, em especial, Luis Yanez, o destaque do time, autor de sete gols no campeonato local.
Efeito caldeirão: o Zamora manda seus jogos no Agustín Tovar, apelidado de La Carolina. O estádio tem capacidade para 30 mil pessoas. Em 2006, sofreu forte reforma para ser sede, no ano seguinte, da Copa América. É um espaço moderno para os padrões da Libertadores. Neste domingo, houve confusão, e o estádio corre risco de interdição. Trinta pessoas ficaram feridas após confronto entre torcida e polícia.
Desempenho recente: o Zamora largou bem no Clausura venezuelano. Empatou por 2 a 2 com o Tucanes de Amazonas, bateu o Atlético el Vigía por 2 a 1 e superou o Zulia por 1 a 0. Na última rodada, porém, levou 3 a 1 do Lara em casa.