Abatido, chateado, mas determinado a provar sua inocência, o atacante do Flamengo, Paolo Guerrero, voltou na segunda-feira do Peru, onde foi preparar sua defesa. Apesar de ter pedido ao laboratório alemão a contraprova, os advogados e o próprio jogador sabem que um falso positivo é improvável. Por isso, a defesa trabalha com a possibilidade de que algum dos chás antigripais e digestivos que ele tomou na concentração da seleção peruana possa estar contaminado com o benzoylecgonina, metabólito da cocaína e do chá de coca.
O exame de doping será analisado por um químico especialista, que apontará os níveis de cada substância encontrada (permitidas e proibidas). Como de todos os componentes que compõem a cocaína, apenas a benzoylecgonina foi identificada, seria possível provar que o problema está na ingestão do chá.
— Ele admitiu que tomou chás. A federação peruana já está mandando todo o histórico do que Guerrero tomou e comeu enquanto estava lá. Vamos investigar ponto a ponto — disse Bichara Neto, um dos advogados do caso.
Contraprova será marcada
A defesa afirma que Guerrero garantiu não ter tomado chá de coca. Diz ainda que, como peruano, ele conhece bem o sabor forte e amargo da infusão, e seria capaz de identificá-lo caso tomasse por engano. A defesa vai pedir para analisar todos os chá consumidos pelo peruano.
A hipótese, considerada muito provável, é que o chá da outra erva que ele tomou possa ter sido produzido no mesmo maquinário que foi feito, em outro momento, o chá de coca, e, por isso, o produto teria sido contaminado — neste caso, a pena pode ser apenas uma advertência, como aconteceu com o campeão olímpico Cesar Cielo, que provou uma contaminação cruzada na manipulação de um suplemento.
A defesa não esclareceu se Guerrero viu o saché sendo colocado na água ou apenas recebeu uma xícara com a infusão já pronta. A lei internacional de doping diz que o atleta é responsável por tudo que entra em seu corpo, mas a pena pode ser mais branda caso ele tenha recebido a infusão já pronta, pelas mãos do médico da seleção.
Ainda esta semana, a Fifa vai dizer quando o laboratório de Colônia, na Alemanha, fará a contraprova. A defesa espera que o caso esteja resolvido até o dia 26 de novembro. Suspenso provisoriamente, Guerrero está fora da repescagem para a Copa do Mundo de 2018, contra a Nova Zelândia. O jogo de ida será na madrugada de sábado, à 1h15, na casa do rival.
Na segunda-feira, ele quebrou o silêncio.
— Estou tranquilo — disse à “TV Latina”, em Lima, manifestando apoio à seleção. — Estou unido com meus companheiros. Eles têm todo o meu apoio.