Matheus já ficaria triste por desfalcar a equipe Zico 10 por uma partida ou um campeonato. Mas, aos 13 anos, ele teve de enfrentar uma dura realidade ao saber que não ficaria de fora apenas da Copa da Amizade, como imaginava. Após ter sofrido um acidente grave na Praia da Barra da Tijuca, o menino, morador da Cidade de Deus, no Rio de Janeiro, perdeu os movimentos das pernas e teve o sonho de se tornar jogador de futebol interrompido. Com apoio da família e dos amigos, o jovem tenta recomeçar e sonha em ter uma vida independente, mesmo na cadeira de rodas.
O acidente aconteceu dia 8 de agosto, mas o processo de recuperação continua. Além de ter de aprender a viver com as limitações, o jovem tenta recuperar a auto-estima e a alegria. Para ele, ainda é difícil lembrar do dia em que resolveu matar aula com os amigos para tomar um banho de mar. Ao mergulhar, o garoto não percebeu que estava raso demais e bateu a cabeça na areia. O choque fraturou sua coluna cervical e comprimiu a medula.
Como o fato é muito recente, Matheus admite: é complicado pensar nos planos que tinha no futebol e ter de substituí-los por novos sonhos. As imagens da época em que atuava na lateral-direita no time do projeto de Zico, maior ídolo do Flamengo, estão em todo lugar, nas fotografias e lembranças.
- Estava com o foco no futebol. Logo mais pra frente ia ter outro campeonato. Tudo isso me abalou muito - contou, em entrevista ao "SporTV News".
Às vezes, as declarações do filho partem o coração do pai, Marcos Nascimento. Mas ele se mantém firme e procura transmitir força e esperança. Ele relembra que, ainda no hospital, sem ter noção da gravidade do acidente, Matheus lembrou que teria um jogo pela frente e queria saber se conseguiria se recuperar a tempo de estar em campo.
- Tem vezes que ele fala coisas desse tipo e isso fere a nossa alma - revelou.
Apesar dos momentos de fraqueza, Marcos não perde a esperança. Na entrada da casa, uma mensagem demonstra o sentimento da família, que pede aos amigos que também acreditem em um recomeço: "Não traga desânimo, derrotas, palavras negativas, mas sim autoestima, incentivo, profetize a benção", diz a placa.
- Na idade dele é difícil compreender, mas eu me dou por satisfeito por ter ele ao meu lado, no nosso aconchego. Imagine perder ele de vez, a gente não iria aguentar. O tempo de chorar já passou, agora é o tempo de guerrear e ele sabe disso. A esperança que nós trazemos é todo dia renovada - diz o pai, olhando diretamente para o filho.
Na equipe do projeto Zico 10, no Rio de Janeiro, ele está fazendo falta. No time, a ausência de um lateral-direito é sentida a cada treino. No grupo, falta o amigo, admirado pelos companheiros. O acidente abalou os meninos, que presentearam Matheus com a última medalha conquistada por eles.