Diego Hypolito quer partir para o jornalismo quando parar com a ginástica, mas não espere que ele siga o caminho de Tande ou Glenda Kozlowski. Em vez de apresentar programas esportivos, o ginástica pretende ser repórter de rua. Para ele, será a chance de mostrar ao público que a cultura esportiva do país pode ir muito além do futebol.
?Não tenho isso como grande objetivo, mas que quero mostrar para as pessoas o esporte como ninguém vê. Eu tive a oportunidade única de ser reconhecido pelo que eu faço. Todos os atletas se dedicam da mesma maneira e merecem esse espaço?, disse Diego Hypolito, em entrevista durante uma de suas sessões de fisioterapia no Flamengo.
O tratamento faz parte de sua atribulada rotina pré-olímpica. Diego se recupera de uma lesão para tentar buscar a sonhada medalha na segunda Olimpíada de sua carreira. Aos 26 anos, sua ideia é seguir na ginástica até os Jogos Olímpicos de 2020. Até lá, quer terminar a faculdade de educação física antes de começar a aprender jornalismo.
A facilidade em lidar com o público e com as câmeras ajuda, mas a visão de Diego é preponderante para a escolha. Ele pede que o esporte tenha mais incentivo. Antes mesmo de tentar a nova profissão, fala em criar um projeto social para fomentar a inclusão de jovens na ginástica artística.
Conseguir patrocínios para a iniciativa não deve ser difícil. Diego Hypolito é uma exceção na ginástica e no esporte olímpico em geral. Conhecido do grande público, é convidado para palestras e de vez em quando aparece em sites e revistas de fofoca devido à proximidade com famosos de diversas áreas, de cantoras como Preta Gil a atrizes como Ísis Valverde.
?Conheci essas pessoas por conta de amigos, de vivermos todos no Rio. São mundos que se cruzam. Me sinto muito e respeitado em qualquer área?, diz Diego. Desde que começou a trabalhar a imagem, ele sempre fez isso muito bem?, avalia Renato Araújo, técnico e conselheiro do ginasta desde que ele chegou ao Flamengo, ainda criança.
Juntos, passaram por poucas e boas. No ciclo olímpico que culminou em Pequim, foram dois Mundiais, muitas etapas de Copa do Mundo e o favoritismo olímpico. O erro na final há quatro anos iniciou uma sequência ruim na vida esportiva de Diego. Mesmo mantendo-se entre os melhores do mundo, ele passou a sofrer com muitas lesões.
Uma lesão no ombro esquerdo o atrapalhou na disputa do Mundial de 2009. Um ano depois, fez a pior cirurgia da carreira para corrigir uma lesão no pé esquerdo e perdeu a principal competição do ano, o Mundial de Roterdã. Em 2011, viveu seu melhor momento. Conquistou a vaga olímpica e três medalhas de ouro no Pan de Guadalajara.
Só que em dezembro, pouco antes do Pré-Olímpico em Londres, que poderia classificar a equipe masculina, uma dor no ombro o tirou da competição. A sina seguiu em março, quando ele passou por uma artroscopia no joelho direito. Quando voltou aos treinos, mais uma lesão, desta vez no pé esquerdo.
?Eu ainda estou me recuperando. Nos últimos dias é que comecei a sentir melhorar. Estou tentando diminuir a carga sobre o pé e fazendo fisioterapia. A minha recuperação vai definir a nota de partida da minha série. Se eu conseguir encaixar o Hypolito [estilo de salto que leva seu nome] eu consigo aumentar a ter mais chances na competição?, disse o atleta, que deve focar suas expectativas de medalha no solo e no salto.