O sol de 30 graus, o clima árido e a lavoura de melão deram lugar à vida na Europa, realizando seu sonho de menino. Nem as dificuldades do sertão pararam um determinado Daniel Alves da Silva, que desde a infância queria ser jogador ou músico. O perfil dos convocados para a Copa do Mundo pela seleção brasileira desta segunda-feira no Jornal Nacional é sobre o camisa 2 da equipe: Dani Alves, do Barcelona.
Tudo começou na aridez da comunidade de Umbuzeiro, distrito de Salitre, município de Juazeiro, na Bahia. Descalço no chão de cascalho, ajudava o pai na roça, na lavoura de melão. Sob sol de trinta e muitos graus. Sempre teve o sonho de sair de lá. Seu Domingos, não.
- É o paraíso, com certeza aqui. Nós plantamos melão, cebola, coco, manga, e os pés no chão. Tem o Velho Chico, que não seca. Quatro horas da manhã você já ouve os galos cantarem e já dá vontade de levantar - contou.
Mas Dani Alves largou esta vida cedo. Aos 13 anos, foi para Juazeiro jogar no time da cidade, com o irmão Ney. Enfrentou dificuldades no clube, tinha só duas peças de roupa na mala, mas venceu. Desde pequeno, ensaiava autógrafos pensando na fama. Na escola, não escondia.
- "O que você quer ser quando crescer?" No dele e no meu tinha assim: músico ou jogador de futebol - lembrou Ney, que foi atleta e hoje é sanfoneiro.
As duas peças de roupa de Daniel viraram um estilo único, com armário bem variado, que se tornou marca registrada. O pé descalço hoje é calçado por chuteiras que "desfilam" no Camp Nou, onde o lateral-direito é considerado uma peça fundamental no "maior time dos últimos anos", o Barcelona de Messi, que fez história não só na Espanha, como na Europa e no mundo.
- Eu ensaiava autógrafo porque tinha o sonho de conseguir ser alguém em algo.
Conseguiu. Ganhou tudo que poderia na Espanha, entre Sevilla e Barça: a Liga dos Campeões (2), Copa da Uefa (2), Campeonato Espanhol (4), Copa do Rei (3), Mundial de Clubes (2), Supercopa da Uefa (3)) e Supercopa da Espanha (5). Na Seleção, conquistou a Copa América de 2007 e ainda duas Copas das Confederações. Falta só a Copa do Mundo.
- Eu sou muito orgulhoso da minha história de vida. Porque eu sei o quanto foi difícil, sei o quanto tive que ralar, o tanto que eu tive q acordar às cinco horas da manhã. Eu sei o que é a vida. Meu pai acordava às cinco da manhã, eu acordava às cinco da manhã. Ele ia fazer aquilo, eu queria estar com ele. É meu herói, sem dúvida nenhuma - encerrou.