O slogan "Pódio todo dia" do Comitê Paralímpico Brasileiro muito tem a ver com a participação do atletismo nos Jogos Olímpicos do Rio. Na manhã desta terça-feira, quem abriu a contagem foi Edson Pinheiro, com o bronze nos 100m rasos T38, para paralisados cerebrais, a 18ª medalha em seis dias de competições no Estádio Olímpico. Nascido pelas mãos de uma parteira em um seringal no interior do Acre, o velocista precisou de três Paralimpíadas para chegar ao pódio, mas o fez em grande estilo, em casa. O chinês Hu Jianwen quebrou o recorde mundial e ficou com o ouro, desbancando o bicampeão Evan O´Hanlan, da Austrália, que levou a prata.
A falta de oxigenação no cérebro causou a lesão que afetou os movimentos do braço direito de Edson em seu nascimento, na pequena Cruzeiro do Sul. A porta de entrada de Edson no esporte foi o tênis de mesa, em 2001, mas a experiência não durou muito. No ano seguinte, se apaixonou pelo atletismo e dois anos depois já estava convocado para seleção brasileira. Era o início de uma longa caminhada até a medalha conquistada nesta terça-feira.
Desclassificado nos 400m em Pequim 2008 e em Londres, Edson tinha resultados medianos nas Paralimpíadas anteriores. O melhor deles era um quarto lugar nos próprios 100m rasos na China. Oito anos depois, o acreano finalmente deu um passo adiante e subiu ao pódio. O bronze no Mundial de Lyon 2013 e a prata em Doha 2015, por sinal, já indicavam que a missão, enfim, seria completada no Rio.
“É maravilhoso. Dentro de casa, com essa torcida empolgante, e poder ganhar essa medalha é muito bom, é um momento único. É minha primeira vez em um pódio de Paralimpíada. A prova era muito forte e quem largasse melhor teria grandes chances. Eu estava treinado, mas 100m é um tiro. Fui dormir 3h da manhã pensando: "Amanhã é meu dia". Era o que estava faltando.” O calor de 33º graus no Rio de Janeiro jogou a favor de Edson, que ainda no aquecimento acompanhou o sofrimento dos principais concorrentes. “O australiano e o sul-africano estavam sofrendo um pouco, com toalha de gelo nas costas. Para mim, era tranquilo, já estou acostumado. A torcida gritando meu nome também ajudou.”