Não foi com vitória, muito menos com uma grande atuação, mas o Corinthians conquistou neste domingo o quinto título do Campeonato Brasileiro de sua história. Com um empate sem gols diante do arquirrival Palmeiras, no Estádio do Pacaembu, a equipe de Tite fez o resultado de que precisava e terminou na ponta da tabela, com 71 pontos, sem nem precisar se preocupar com o resultado do clássico carioca entre Vasco e Flamengo, no Engenhão.
A partida foi quente, repleta de cartões amarelos e com quatro expulsões: Valdivia e João Vítor, pelo Palmeiras, e Wallace e Leandro Castán, pelo Corinthians. Com muita marcação e vontade dos dois times, o nível do futebol não foi o esperado pela torcida - após o apito final, porém, os corintianos esqueceram o nervosismo apresentado durante a partida e explodiram em festa em um Pacaembu totalmente lotado.
O Corinthians começou a partida de forma tensa e viu o rival alviverde jogar melhor no primeiro tempo. Apesar de entrar mais ligado na segunda etapa, não conseguiu furar o bloqueio palmeirense mesmo nos minutos em que teve um jogador a mais. No fim, após provocações de Jorge Henrique, uma confusão no Pacaembu acabou em várias agressões e duas expulsões.
Com o empate, o Corinthians finaliza sua campanha na competição dois pontos à frente do Vasco - que ficou no empate por 1 a 1 com o Flamengo e chegou a 69. É o quinto título brasileiro do time paulista - campeão também em 1990, 1998, 1999 e 2005 - e o primeiro do técnico Tite.
Primeiro tempo: nervosismo corintiano e poucas chances criadas
Os dois times vieram a campo com esquemas idênticos. Sem o suspenso Ralf, Tite apostou em Wallace na função de volante, ao lado de Paulinho; mais à frente, atuaram Willian (direita), Alex (meio), Jorge Henrique (esquerda) e Liedson (centroavante). Pelo lado palmeirense, a dupla de volantes Márcio Araújo e Marcos Assunção recebia o auxílio na marcação dos jogadores abertos pelos lados, Patrik e Luan, enquanto Valdivia era o armador central e Ricardo Bueno, o centroavante.
Em meio à festa que a torcida ainda fazia pelo começo do jogo, o Corinthians teve sua primeira chance logo no primeiro minuto, em falta sofrida por Liedson e cobrada por Alex, que a defesa verde afastou. Tentando jogadas com Willian pela direita, o time alvinegro teve nova oportunidade aos 6min, em falta pela esquerda da intermediária. Alex bateu de novo, em jogada ensaiada, e mandou por cima do travessão de Deola.
Os primeiros minutos de partida viram muita marcação, com chegadas fortes dos palmeirenses, e pouco futebol. O Corinthians tinha mais posse de bola e jogava no campo de defesa do rival, mas parava nas linhas de defesa alviverdes e pouco conseguia criar. A primeira chegada do Palmeiras veio aos 13min: Patrik saiu de sua posição na direita para tabelar com Ricardo Bueno e chutar com perigo, para fora. Três minutos depois, novamente Patrik teve liberdade pela direita, carregou para o meio e errou o alvo na finalização.
Os palmeirenses se levantaram quando Marcos Assunção teve uma chance frontal em cobrança de falta aos 18min, mas a batida do volante foi ruim, direto na barreira. A partida seguiu sem chances claras de gol, com o Corinthians demonstrando nervosismo e errando passes em excesso. Pouco depois, uma encarada entre Jorge Henrique e Valdivia após disputa de bola atiçou os ânimos entre as equipes.
À medida que os minutos iam passando, o Palmeiras se soltava mais e aproveitava os nervos à flor da pele do time alvinegro, que não conseguia encaixar uma sequência de passes e sofria com os constantes desarmes do rival. Os comandados de Felipão jogavam melhor, mas também não criavam oportunidades. Só aos 40min houve uma chegada perigosa: Valdivia ajeitou para Cicinho e o lateral chegou batendo, mas a bola desviou e saiu pela linha de fundo.
O Corinthians finalmente "acordou" aos 44min. Alex enfiou boa bola para Willian, que tabelou com Alessandro, invadiu a área e foi travado no momento da finalização; na sequência, Jorge Henrique também viu seu chute ser desviado para escanteio. Os corintianos ficaram pedindo pênalti de Henrique sobre Willian no primeiro lance, e o primeiro tempo terminou quente.
Segundo tempo: expulsões dos dois lados e penta consumado
A segunda etapa começou e o Corinthians imediatamente deu sinais de que jogaria mais com a bola no chão: com 44s, Willian recebeu com liberdade na área, mas bateu fraco, nas mãos de Deola. A partida nem havia retomado seu ritmo quando um lance mudou o panorama do confronto: Valdivia levantou o braço em dividia com Jorge Henrique e o árbitro Wilson Luiz Seneme interpretou o lance como violento, expulsando imediatamente o camisa 10 do Palmeiras.
O Palmeiras instintivamente recuou após ficar com um jogador a menos, e Felipão logo respondeu com duas alterações: João Vítor substituiu Patrik para ajudar a marcar pela direita, enquanto Ricardo Bueno deu lugar ao alto Fernandão, que virou alvo para as bolas longas da defesa palmeirense. Com superioridade numérica, o Corinthians logo passou a jogar mais adiantado e trocar passes, mas sem achar uma brecha na retrancada equipe alviverde.
O time alvinegro só conseguiu assustar Deola aos 21min, quando Fábio Santos cruzou e Gerley quase desviou contra a própria meta. O lance, porém, já estava invalidado por impedimento. O Palmeiras respondeu cinco minutos depois, ao seu estilo: Marcos Assunção levantou na área em cobrança de falta e Fernandão cabeceou na trave. Luan teve a chance no rebote, mas mandou por cima do gol.
A chance de o Corinthians criar algo com um jogador a mais acabou aos 29min: Wallace entrou com o pé alto em dividida com Maikon Leite (que substituiu Cicinho), recebeu o segundo amarelo de Seneme e também foi expulso. Tite tentou arrumar o time colocando o ex-capitão Chicão na função de volante, na vaga de Willian.
Com dez contra dez, a partida ficou aberta e teve chegadas das duas equipes, mas as defesas continuaram a levar a melhor sobre os ataques. Sabendo que o empate garantiria o título, o Corinthians evitou se arriscar muito e tomou poucos sustos nos minutos finais.
No fim, Jorge Henrique provocou os palmeirenses com o "chute no vácuo" popularizado por Valdivia e causou uma grande confusão à beira do campo, com vários jogadores envolvidos e João Vítor e Leandro Castán expulsos. Luan agrediu o atacante corintiano com um chute por trás, mas não foi punido pelo árbitro. Depois, o time do Parque São Jorge só esperou o apito final para comemorar o pentacampeonato.