Muito mais do que doente do pé, Adriano está ruim da cabeça. E o Flamengo, através do diretor de futebol, Zinho, enfim reconhece o problema, após as seguidas recaídas. Diferente do dia seguinte à primeira falta, quando o dirigente determinou que o Imperador desse explicações à imprensa, agora a conduta foi a de preservar o paciente, que retomou os treinos e será levado, enfim, a tratamento psicológico.
Zinho deixou a cargo do chefe do departamento médico, José Luiz Runco, que selecione o profissional de saúde mais adequado para acompanhar Adriano, e não quer esperar muito tempo.
? Esse psicólogo é para agora. Mas não sou eu que escolho. O Runco vai indicar ? informou o diretor.
O médico do Flamengo iniciou alguns contatos, mas deixou claro que para o tratamento ser sério, o nome será mantido em sigilo, o máximo possível, para que o trabalho não seja prejudicado. Runco não se mostrou surpreso pelas faltas de Adriano e pediu paciência no caso, apesar de tirar do atacante o papel de vítima da história.
? Ninguém se surpreende, ele tem idade para saber o que é bom. Ter algumas dúvidas é normal para quem sofre com lesões há algum tempo. Fica preocupado, mas faz parte do retorno. Ele mesmo não decidiu o que é o melhor para ele. Tem que ter paciência ? pediu o médico.
A atenção do clube se voltou para o lado extracampo de vez. Tanto que o setor jurídico está mobilizado para orientar o jogador na investigação policial em que Adriano pode responder por lesão corporal, depois que Adriene Cyrilo foi baleada na mão no carro do atacante.
? Falei com o Michel Assef (advogado do clube) e ofereci o serviço jurídico para ajudar o Adriano nessa parte pendente da discussão do carro ? revelou Walter Oaquim, vice de relações externas e defensor do jogador.
O dirigente também admite que já esperava uma recaída e chegou a alertar o agente do jogador, Luiz Claudio Menezes, sobre a necessidade de um psicanalista.
? Não gosto de trabalhar com a palavra punição, mas sim compreensão. Pode ser uma, duas, até seis faltas, dependendo da gravidade da doença, não quer dizer que se você tomou o remédio vai parar a dor. A reintegração dele não elimina os problemas. Está dentro da transição. A culpa dele foi demorar a aceitar esse acompanhamento ? afirmou Oaquim.
Para o capitão e amigo Leo Moura, além da paciência, é necessário filtrar a companhia para não perder foco:
? Quando sai daqui, é mais difícil. Fora de campo é onde precisa ser ajudado. Mas ele tem que querer.