Nascido numa comunidade carente de Nova Iguaçu, o atacante Emerson diz que se identifica com as emoções do povo. Virou o Sheik no mundo árabe e se considera um jogador para o povo.
Nas entrelinhas, está a disposição de exaltar seu amor pelo Flamengo, clube de 35 milhões de torcedores, e conquistar a fiel torcida do Corinthians - clube em que se apresenta hoje com um contrato de dois anos.
Da passagem na aristrocrática sede das Laranjeiras, o papel histórico de ter feito o gol do título brasileiro de 2010 e a saída pela porta dos fundos, que lhe faz destilar ironias.
Nesta entrevista ao Jogo Extra, o Sheik revela a felicidade de jogar no Corinthians, novo clube de massa em sua carreira, remonta o cenário de alguns casos polêmicos no Fluminense (tiros de chumbinho no quarto de hotel), ironiza o dirigente tricolor Mário Bittencourt e diz que não comemorará gol no Flamengo. Mas no Fluminense...
- Dou até cambalhota se marcar gol no Fluminense.
JOGO EXTRA: Qual a expectativa de jogar no Corinthians?
- Já estou fechado e me apresento na segunda-feira (hoje). O Corinthians é um clube com uma história linda, que tem uma torcida contagiante. Assim como a torcida do Flamengo. Eu me identifico com torcidas grandes. Estou feliz da vida.
JOGO EXTRA: Você parece não sentir a pressão de jogar em clube de massa..
- Tem tudo a ver comigo. No Japão, foi assim. Atuei no clube de maior torcida (Urawa Red Diamonds). Foi muito bom. No meu retorno ao Brasil, veio o Flamengo. Me empolga, me contagia. Agora, é o Corinthians.
JOGO EXTRA: Você pouco cita o Fluminense...
- Na verdade, tudo que tinha para falar já falei. Acho que hoje viram que tudo que falei era verdade. Foi dito por mim e por outros atletas. O Fluminense faz parte de um passado que, colocando na balança, não foi ruim. Mas eu sou do tipo que guardo as coisas boas e esqueço as ruins. Olha, quero que todos sejam bem felizes. Porque eu vou ser no Corinthians.
JOGO EXTRA: Com a camisa do Corinthians, você comemorá gol no Flamengo?
- Não consigo comemorar gol no Flamengo.
JOGO EXTRA: E no Fluminense?
- No Fluminense, dou até cambalhota.
JOGO EXTRA: É verdade que os jogadores deram tiros de chumbinho dentro de um quarto de hotel, no Uruguai?
- É verdadeira a história. As armas foram apreendidas no aeroporto. Doze jogadores compraram armas num shopping em frente ao hotel. Saímos do hotel com a concordância da diretoria. Aí, todos atiraram dentro do quarto. Mas só meu nome apareceu. Toda a conta (da destruição no quarto) foi dividida certinho. Todos pagaram. Foi uma brincadeira,molecagem de jogador mesmo. Mas usaram isso para colocar só no meu nome e de forma negativa.
JOGO EXTRA: Posso compreender então que foi parecido com a história de que só você cantou o funk "Bonde do Mengão sem freio" no ônibus da delegação?
- Estavam todos felizes dentro do ônibus, era mais uma viagem com todos juntos. Cantaram o "Bonde do Mengão sem freio" e outros vários funks. Só o Emerson cantou, né. Agiram de má fé.
JOGO EXTRA: Mas quem cantou então?
- Um monte de gente. Não vou falar nomes sob o risco de esquecer um, dois, três, quatro..
JOGO EXTRA: O certo é dizer que o Fluminense desandou no início deste ano..
- Teve a saída do vice-presidente (Alcides Antunes), o Muricy. Entrou uma turma sem experiência.
JOGO EXTRA: Há informações de que seu relacionamento com o Mário Bittencourt não era dos melhores. O que o Mário fazia lá?
- (risos). Na boa, estou indo para São Paulo. Vou deixar o número do meu celular com você e quando você descobrir o que ele fazia lá, por favor, me liga para avisar. Acho que só almoçava e jantava no clube.
JOGO EXTRA: O atacante Fred é um desafeto, como já ficou claro em outra entrevista. Ele indica treinador mesmo? É um presidente entre aspas?
- Ele é atleta, né? Eu acho que é atleta, né (risos). Não sei de nada (risos).