"Caiu no Horto, tá morto". É assim que a torcida atleticana costuma se referir ao Estádio Independência, casa que marca o início da ascensão de um dos favoritos ao título do Campeonato Brasileiro, de largada neste sábado com três partidas. Depois de sofrer fora de Belo Horizonte, o Atlético-MG reagiu de volta à capital, encheu os cofres e deu início a um ciclo vitorioso. É um exemplo perfeito para o que pode ser o principal termômetro da edição 2013: os estádios.
Enquanto Grêmio, Cruzeiro, Bahia, Vitória e Náutico já têm casa nova para jogar, Internacional e Atlético-PR só devem atuar em seus estádios em 2013. Preocupados, de verdade, estão os clubes cariocas. No Rio de Janeiro, pânico sem Engenhão até a volta do Maracanã
Especialmente Botafogo, Flamengo e Fluminense, com leque de opções reduzido pela interdição do Engenhão, passam por pânico para o Brasileiro 2013. O Vasco não poderá mandar dois jogos em São Januário, a ser cedido para a preparação da Copa das Confederações. Na sequência, porém, terá sua casa à disposição. Artigo raro entre os cariocas.
Flamengo e Fluminense esperam utilizar Maracanã depois da Copa das Confederações
"Essa questão interfere, claro. E interfere muito. Você fica migrando, perde a identidade e não fideliza o torcedor", assinala Rodrigo Caetano, diretor executivo do Fluminense. Nesse processo migratório, cidades que normalmente não recebem jogos do Brasileiro podem entrar em cena enquanto o Maracanã não tiver sua concessão resolvida - a dupla Fla-Flu é favorita para fechá-la.
Brasília, Juiz de Fora e Florianópolis são cogitadas pelos cariocas, que também têm opção de Macaé e Volta Redonda.
Rebaixáveis fora de BH há dois anos, mineiros celebram casa nova
Se no Rio de Janeiro estádio é tema que gera dor de cabeça nos clubes, em Minas Gerais este é um pesadelo já superado. O Atlético-MG, que jamais perdeu no Independência desde a reinauguração há pouco mais de um ano, foi o melhor mandante da última Série A. Nas finanças, também colheu frutos: foi a segunda melhor renda do Brasileiro 2012 e assim superou um prejuízo que, segundo Alexandre Kalil, era de R$ 6 milhões por ano graças aos jogos fora de Belo Horizonte.
O Cruzeiro atuará fora do Mineirão em seus três primeiros jogos como mandante, já que terá de cedê-lo à Fifa para a Copa das Confederações. Depois do torneio, enfim jogará no remodelado estádio que empolga seus torcedores. Muito pela reabertura do Mineirão, o programa de sócios se aproxima de 30 mil torcedores - no fim de 2011, eram dois mil. Isso significa mais de R$ 50 milhões de injeção no orçamento anual.
Copa das Confederações antecipa etapas em Pernambuco e Salvador
Sem equipes cearenses na Série A, o novo Castelão ficará restrito a jogos das divisões inferiores, mas a nova Arena Pernambuco e a renovada Arena Fonte Nova farão com que o Nordeste receba boa parte dos jogos da elite nacional em casas de primeiríssima linha. Os dois estádios, por sinal, tiveram seus naming rights comprados pela cervejaria Itaipava.
Enquanto o Bahia fechou consórcio para atuar na Fonte Nova, o Vitória ainda ficará preso ao Barradão. O acordo da equipe rubro-negra com a empresa concessionária é de apenas cinco jogos da temporada no mais moderno estádio baiano. Entretanto, o treinador Caio Júnior já fez certo lobby para que o Vitória tente atuar mais vezes na Fonte Nova em seu retorno à Série A.
Depois de estrear com empate na Arena Pernambuco neste meio de semana, contra o Sporting de Portugal, o Náutico irá testar sua força em casa nova justamente no Campeonato Brasileiro. Acostumado a se impor nos Aflitos, terá de se ambientar ao campo mais amplo - e sem os habituais defeitos que tinha em seu gramado. "Nada faz com que nós mudemos o nosso estilo de jogar. Temos que fazer valer a nossa força. Nós teremos um dos melhores campos do Brasil e não podemos ter medo de nada", avaliou o treinador Silas.
Grêmio joga o primeiro Brasileiro na Arena; Inter tem de viajar
Só mesmo no próximo domingo, contra o Náutico, o Grêmio deve atuar fora de seus domínios. O clube irá cumprir punição por perda de mando de campo e jogará em Caxias do Sul, no Estádio Alfredo Jaconi. Terá de fazer, assim, um trajeto que o Internacional já tem na memória. Com o fechamento do Beira-Rio para reformas, a casa colorada temporária é o Estádio Centenário, estádio do Caxias.
"Isso nos traz um peso muito grande. Basta ver o exemplo do Cruzeiro e Atlético-MG, que correram risco de rebaixamento sem o Mineirão", diz Marcelo Medeiros, diretor de futebol do Internacional. "Estamos muito atentos a esse tipo de agravante. Mas estamos confiantes, é um desafio a mais, pois fomos campeões gaúchos longe do Beira-Rio e temos apoio no interior", emenda.
Novo Hamburgo e Gravataí são possibilidades para o Inter, que inicialmente esperava voltar ao Beira-Rio ainda neste ano. "Não vamos precipitar a inauguração para evitar problemas como os que ocorreram em Porto Alegre", lembra Medeiros, com menção à Arena do Grêmio.