A manipulação de jogos no futebol nacional, através da Operação Penalidade Máxima, levantou discussões envolvendo esquemas ilegais em várias outras modalidades, entre elas, os esportes eletrônicos. Diversos profissionais do conhecido esports foram suspensos, banidos e até mesmo presos em casos envolvendo as manipulações de apostas em campeonatos de games.
Os esports se encontram no terceiro lugar das modalidades esportivas com maior dimensão de partidas que possuem suspeita de manipulação de resultados no mundo. Os games ficam atrás apenas do futebol e basquete. As informações foram levantadas pela Sportradar, empresa de integridade competitiva responsável por monitorar apostas e resultado de partidas.
No ano passado, ocorreram 36 casos suspeitos nos esports, de acordo com a Sportradar. Isso implica que, a cada 499 partidas de esports monitoradas, há uma suspeita de irregularidade relacionada a apostas. Em comparação, a proporção é de 1/171 no futebol e 1/194 no basquete.
Suspensão em campeonato de League of Legends
Durante o Campeonato Mundial de League of Legends, um dos jogos de esports mais populares do mundo, ocorreu uma suspensão em 2021 envolvendo o jogador taiwanês Chien "Maoan". Ele foi suspenso após fornecer informações sobre a partida de sua equipe para um amigo, visando obter vantagens em apostas.
Nesta temporada, Chien "Maoan" retornou à competição profissional representando a equipe Beyond Gaming na Pacific Championship Series (PCS). Após ser liberado pela Riot Games, a desenvolvedora do jogo League of Legends e organizadora do cenário competitivo, ele teve a oportunidade de retomar sua carreira no cenário competitivo.
Além disso, houve casos em que outros jogadores receberam punições mais severas. Os jogadores chineses Chen "Jay" e Ying "lcberg", por exemplo, foram banidos permanentemente de competições oficiais. Essas punições refletem a postura rigorosa das autoridades em relação a comportamentos antidesportivos e atividades relacionadas a apostas ilegais no cenário competitivo dos esports.
Outros casos no mundo dos games
Outros games também já passaram por episódios de manipulação, como se mostra o caso do Counter-Strike: Global Offensive (CS:GO). Durante a quinta temporada da CEVO Professional League, em 2014, a equipe iBUYPOWER, considerada uma das melhores da América do Norte na época, sofreu uma derrota por 16-4 para a relativamente desconhecida NetcodeGuides.com. Esse resultado levantou suspeitas significativas.
Posteriormente, ficou comprovado. Os jogadores da iBUYPOWER deliberadamente perderam o jogo para que apostas na derrota, previamente acordadas com eles, pudessem gerar lucros.
A Valve, desenvolvedora do CS:GO e empresa responsável por sancionar os campeonatos considerados Majors, baniu permanentemente sete indivíduos envolvidos no escândalo. Dos cinco jogadores da iBUYPOWER, quatro foram punidos: Braxton "swag", Sam "DaZeD", Keven "AZK" e Joshua "steel". Além disso, Duc "cud" e Derek "dboorN", proprietários das contas relacionadas às apostas, juntamente com Shahzeeb "ShahZaM" e Casey "caseyfoster", membros da NetcodeGuides.com, também receberam punições permanentes.
Prisão na Coreia do Sul
Na Coreia do Sul os esportes eletrônicos são levados a sério e há até uma entidade governamental responsável pelo setor. No país, um escândalo de manipulação de resultados envolvendo jogadores famosos do StarCraft surgiu a partir de 2015.
Uma série de prisões ocorreu, incluindo a do campeão mundial de 2014, o sul-coreano Seung-hyun "Life", que até hoje é considerado um dos maiores nomes da história do StarCraft. O jogador foi condenado a 18 meses de detenção por ter sido acusado de perder intencionalmente duas partidas durante a 1ª temporada da KeSPA Cup, em 2015, em troca de dinheiro. Ele recebeu 35 milhões de Won por cada jogo perdido, o que equivale a aproximadamente R$ 100 mil na época, de acordo com a taxa de câmbio vigente.