Luis Fabiano voltava de lesão muscular, saiu antes do fim do jogo para se poupar, mas teve tempo suficiente para decidir o clássico deste sábado entre São Paulo e Palmeiras. Com dois dele, o Tricolor fez 3 a 0 com facilidade, viu um rival completamente perdido em campo e se aproxima do G-4 do Campeonato Brasileiro, com 46 pontos. A tarde fabulosa para os são-paulinos ainda teve um bônus: o time afundou ainda mais o Verdão na zona de rebaixamento - com 26 pontos, está a seis do Coritiba, primeiro time acima da linha vermelha.
O camisa 9 fez um gol fácil no primeiro tempo, um golaço no segundo e foi o nome do jogo ? ele chegou aos 13 gols no Brasileirão e colou em Bruno Mineiro, da Portuguesa, artilheiro do Brasileirão com 14. Não há como se esquecer do arisco Lucas, claro, que correu por ele e pelo amigo Fabuloso. Denílson completou o placar com um golaço do meio da rua, o seu primeiro com a camisa do São Paulo.
Por outro lado, o Verdão parece voltar à estaca zero. Gilson Kleina conheceu sua primeira derrota no comando da equipe, depois de duas vitórias seguidas no Brasileiro e um esboço de reação. Completamente perdido, o time foi presa fácil para o São Paulo.
O São Paulo volta a campo na próxima quarta-feira, quando enfrenta o Vasco, às 22h (horário de Brasília), em São Januário. Na quinta-feira, o Palmeiras recebe o Coritiba, às 21h, na Arena da Fonte, em Araraquara.
Jogo de um time só
O clássico era entre São Paulo e Palmeiras, mas deu a impressão que só o Tricolor entrou em campo no primeiro tempo. O time de Ney Franco teve 45 minutos quase perfeitos, com domínio em todas os detalhes do jogo: ataque, meio-campo, defesa. Mesmo com uma escalação mais cautelosa, com Wellington, mais marcador, na vaga de Maicon, que sai para o jogo, o time da casa foi ao ataque e exerceu pressão desde o apito inicial de Paulo César de Oliveira, surpreendendo o rival.
O Palmeiras é que está acostumado a fazer essa pressão, tanto que conseguiu gols antes dos 15 minutos nos três jogos sob o comando de Gilson Kleina. Neste sábado, porém, ele montou um time mais preocupado em cadenciar o jogo, com Daniel Carvalho e Valdivia na armação. E Barcos lá na frente, sozinho, quase implorando por uma bola para tentar resolver o jogo.
Essa bola quase não veio, só mesmo em uma tabela com Valdivia e um chute sem força de fora da área. De resto, só deu Tricolor. E tome Lucas pela esquerda, pela direita, pelo meio. Osvaldo e Cortez muito bem pelo lado esquerdo. Até Paulo Miranda, improvisado na lateral direita, se arriscou no ataque e quase abriu o placar em chute bem defendido por Bruno, na pequena área.
E ainda havia Luis Fabiano. Enquanto a garotada corria por ele, o Fabuloso procurava se posicionar bem na área para aproveitar alguma sobra. Ele martelou, parou três vezes em Bruno, mas na quarta não teve jeito. Aos 35 minutos, Jadson lançou, Lucas entortou Márcio Araújo, deixou o palmeirense no chão e chutou cruzado. A bola bateu na trave e sobrou limpa para o centroavante marcar. 1 a 0 Tricolor, e comemoração ?parado na esquina?. Foi o 12º gol do artilheiro são-paulino no Brasileirão.
O São Paulo não se acomodou com a vantagem. Pelo contrário. Continuou em cima e criou ainda mais chances. No Verdão, o nervosismo de rodadas anteriores voltou a bater. Juninho e Artur só faltaram estender um tapete vermelho (ou tricolor) para os são-paulinos atacarem pelas laterais. Nulos, Daniel Carvalho e Valdivia deixaram Barcos morrendo de fome no ataque.
O 1 a 0 soava como lucro para o Palmeiras, que sequer esboçou uma reação. Aos 42 minutos, o discreto Denílson tratou de deixar o placar mais justo. De fora da área, ele arriscou um chute que se mostrou infalível: bela curva na bola, que entrou bem na junção entre a trave e o travessão de Bruno.
Um golaço daqueles que o torcedor vai se gabar no futuro: ?Eu estava no jogo do golaço do Denílson?. E foi só o primeiro dele em 89 jogos com a camisa do São Paulo. Por isso, na comemoração, os dez companheiros de time foram com ele até o escudo do clube, na lateral do campo, enquanto os 11 palmeirenses aguardavam, cabisbaixos, a comemoração do rival. Retrato fiel de um primeiro tempo de um time só.
Verdão se perde, Tricolor administra
Gilson Kleina admitiu que errou na escalação do primeiro tempo e resolveu fazer o simples. Saíram Márcio Araújo e Daniel Carvalho, entraram Tiago Real e Luan no intervalo. Coincidência ou não, antes do primeiro minuto a bola já havia chegado a Barcos, em cabeçada que parou em boa defesa de Rogério Ceni. O capitão são-paulino, aliás, reuniu sua defesa para acertar o posicionamento após as alterações do Palmeiras.
A reação, porém, não durou dez minutos. O Verdão jogou de igual para igual até Artur fazer falta em Osvaldo e levar o cartão vermelho de Paulo César de Oliveira. O árbitro, que já era marcado pelos alviverdes, foi alvo de uma série de protestos após expulsar o lateral. E com a saída de Juninho, machucado, o time ficou sem laterais. Correa entrou para cobrir o lado direito, enquanto Luan foi recuado pela esquerda.
Mesmo assim, em frangalhos, o Palmeiras assustou em um lance criado inteiramente por Correa. Rogério Ceni teve de fazer grande defesa, e Valdivia se machucou ao tentar pegar o rebote. Com muitas dores no joelho esquerdo, o Mago apenas fez número em campo. Na prática, o Verdão passou a ter dois jogadores a menos ? Kleina não tinha mais substituições a fazer.
Assim, ficou mais fácil ainda para o São Paulo ampliar. Luis Fabiano, aos 24, recebeu lançamento de Paulo Miranda, girou dentro da área e fez um golaço: 3 a 0, e fim de papo. Após marcar, Fabuloso deixou o gramado setindo cãibra. As arquibancadas tremeram com gritos de ?olé?, além de lembranças à difícil situação do rival Palmeiras no Brasileiro. Se há uma semana a possibilidade de deixar a zona de rebaixamento era real, agora o Verdão parece ter voltado à estaca zero. São seis pontos de diferença para o Coritiba, 16º colocado.