Filho de ditador da Líbia já pagou mico jogando no futebol italiano

Família Kadafi já investiu e pagou mico no futebol italiano

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No início de 2002, os patriarcas das famílias Agnelli, dona da montadora Fiat, e Kadafi, ?dona? da Líbia, apertaram as mãos e comemoraram. Por US$ 16 milhões (R$ 24,5 milhões na cotação atual), Muamar Kadafi, chefe de Estado do país africano desde 1969, comprou 7,5% das ações de um dos bens mais valiosos dos Agnelli: a Juventus de Turim, time que mais vezes conquistou o Campeonato Italiano. Foi o início da aventura dos Kadafi no mundo da bola, numa trajetória que ainda incluiu tentativas frustradas do filho de Muamar, Al-Saadi, emplacar como jogador.

Os investimentos dos Kadafi em clubes de futebol começaram em 2002, após duas décadas gastando dinheiro em armamentos e bombas. Depois de comprar as ações da Juventus, da qual ainda tem participação, Muamar entrou para a diretoria do clube. Ele planejava adquirir mais ações e chegar a 20%, o que acabou não se concretizando. No mesmo ano, o ditador pagou US$ 4 milhões (R$ 6,6 milhões, na cotação atual) para comprar a modesta Triestina, também da Itália.

Sua maior investida, porém, acabou não vingando: aproveitando a terrível crise financeira da Lazio em 2002, Muamar ofereceu 150 milhões de euros (R$ 346 milhões, na cotação atual) para comprar o clube romano. Os italianos não aceitaram a oferta, mas não tiveram vergonha de aceitar o pagamento de US$ 600 mil (R$ 1,4 milhões, na cotação atual) para que o Al-Ittihad Tripoli, clube onde o filho do ditador atuava, pudesse utilizar os centros de treinamento do clube por 10 dias.

O filho de Muamar Kadafi, aliás, também colecionou histórias no futebol. Boleiro frustrado desde jovem, Al-Saadi Kadafi fez de tudo pelos campos do país do norte da África: foi, ao mesmo tempo, dono e jogador do Al-Ittihad Tripoli e, mais tarde, capitão da seleção da Líbia e presidente da Federação de Futebol de seu país. Em uma excursão com seu time ao Brasil, em 2003, Al-Saadi jogou contra os reservas do São Paulo, no Morumbi. Após empate por 1 a 1, ganhou do ex-atacante Careca uma camisa 9 do clube paulista.

Atuando pela seleção da Líbia, o filho do ditador (que tem outros seis) usava a braçadeira de capitão. Com seu destempero e suas péssimas atuações, porém, cansou de derrubar técnicos, entre eles o argentino Carlos Bilardo, auxiliar de Diego Maradona no comando da Argentina na Copa 2010. Outro treinador, o italiano Franco Scoglio, certa vez deixou de convocar ?o filho do chefe? para dois jogos. Pressionado, chamou Al-Saadi para a partida seguinte, mas o deixou no banco. Foi o suficiente para ser ?convidado a se retirar? do comando líbio.

Porém, foi novamente na Itália que o filho de Muamar Kadafi pagou seus maiores micos como jogador. Contratado em 2003 pelo Perugia, então um time da Série A italiana, Al-Saadi passou cinco meses chegando aos treinos de limusine, cercado por seguranças que incomodavam seus colegas de equipe. Mostrando desconhecimento, o presidente do clube italiano, Luciano Gaucci, declarou na época que Al-Saadi ?não se importaria de ficar no banco?, e afirmou que ?apostava sua reputação? no sucesso do líbio.

Após longa expectativa, o filho do ditador atuou por apenas um jogo antes de ser pego no exame antidoping e encerrar sua passagem pelo Perugia, que acabaria o campeonato rebaixado. Sempre no futebol italiano, mais pelo tamanho de sua conta bancária do que por suas qualidades técnica, Al-Saadi ainda chegou a jogar 10 minutos com a camisa da Udinese, na temporada 2005/06, e acertou transferência para a Sampdoria na temporada seguinte. Pelo clube de Gênova, porém, nem chegou a entrar em campo.

Frustrado pelos sucessivos fracassos, Al-Saadi encerrou sua nada memorável carreira de jogador em 2008, quando passou a diversificar seus negócios. Atualmente, enquanto Muamar Kadafi é pressionado pela população para deixar o governo da Líbia, Al-Saadi, de 37 anos, investe no cinema de Hollywood: ele comprou uma produtora que está financiando um filme com o astro Mickey Rourke (O lutador, Sin City, Os mercenários) e deve ainda colocar dinheiro em mais 20 películas nos próximos cinco anos.

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