Flamengo não assina nota da LIBRA que repudia fala do presidente da Conmebol

Os dirigentes veem preconceito em declaração do presidente da Conmebol, que comparou ausência do Brasil na Libertadores a “Tarzan sem Chita”

Sede do Flamengo na Gávea | Reprodução Sede do Flamengo na Gávea | Foto: Reprodução
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A declaração do presidente da Conmebol, Alejandro Domínguez, comparando a ausência de clubes brasileiros na Libertadores a "Tarzan sem Chita", segue repercutindo de forma negativa no futebol sul-americano. Nesta semana, a Libra (Liga do Futebol Brasileiro) divulgou uma nota de repúdio contra a fala, classificando-a como “gravíssima e carregada de preconceito”. Entre os 17 clubes que compõem a liga, apenas o Flamengo não assinou o comunicado.

A fala polêmica aconteceu na última segunda-feira (17), durante entrevista concedida antes do sorteio dos grupos da Libertadores 2025. Ao ser questionado sobre o risco de boicote por parte dos clubes do Brasil diante dos recorrentes casos de racismo na competição, Domínguez respondeu:

“A Libertadores sem os clubes brasileiros é como Tarzan sem Chita”.

A frase foi entendida como um reforço de estereótipos racistas, e gerou reações imediatas. Na nota, os clubes da Libra afirmaram que o comentário “perpetua a desumanização de pessoas negras” e que não aceitarão “calados nenhum tipo de discriminação”.

Relembre a fala de Alejandro Dominguéz:

Confira a nota:

Os clubes brasileiros Atlético-MG, Bahia, Grêmio, Palmeiras, Red Bull Bragantino, Santos, São Paulo, Vitória, Ferroviária, Paysandu, Remo, Volta Redonda, ABC, Brusque, Guarani e Sampaio Corrêa - membros da LiBRA - vêm a público manifestar seu profundo repúdio às declarações do presidente da CONMEBOL, Alejandro Domínguez, que, ao comparar a possível ausência das equipes brasileiras na Copa Libertadores a "Tarzan sem Chita", utilizou uma analogia de evidente cunho racista e preconceituoso.

A gravíssima declaração de Dominguez traz à tona o evidente preconceito enraizado no ambiente do futebol, reforça estereótipos racistas, perpetua a desumanização de pessoas negras, além de demonstrar total insensibilidade em relação a temas de extrema urgência, como o combate ao racismo e a promoção da diversidade no futebol.

Os clubes brasileiros reafirmam seu compromisso com a luta contra o racismo e com a promoção de um futebol inclusivo e respeitoso. Não aceitaremos calados nenhum tipo de discriminação, seja em campo, nas arquibancadas ou nas declarações de dirigentes.

Atlético-MG

Bahia

Grêmio

Palmeiras

Red Bull Bragantino

Santos

São Paulo

Vitória

Ferroviária

Paysandu

Remo

Volta Redonda

ABC

Brusque

Guarani

Sampaio Corrêa

Assinam o documento clubes como Atlético-MG, Palmeiras, Bahia, Grêmio, São Paulo, Santos, Red Bull Bragantino, Vitória, entre outros. O Flamengo, embora membro da Libra, optou por não subscrever a nota.

Leila Pereira critica presidente da Conmebol

A presidente do Palmeiras, Leila Pereira, também se pronunciou de forma contundente, chamando a fala de Domínguez de “abominável” e chegou a ironizar a situação:

“Achei até que pudesse ser um vídeo manipulado por Inteligência Artificial. Aliás, pensando bem, acho que nem mesmo a Inteligência Artificial seria capaz de produzir uma declaração tão desastrosa quanto esta.”

No dia seguinte à repercussão negativa, Alejandro Domínguez usou as redes sociais para se desculpar, mas as reações não cessaram.

A polêmica reforça um debate já recorrente no futebol sul-americano: a falta de ações efetivas da Conmebol diante de casos de racismo e intolerância, especialmente em partidas envolvendo clubes brasileiros. A nota da Libra evidencia que a pressão por mudanças se intensifica e que os clubes não pretendem mais silenciar diante de declarações e atitudes discriminatórias.

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