Flamengo vence o campeão europeu e faz história com título intercontinental

Empurrado pela inflamada torcida na Arena da Barra, time carioca conta com grandes atuações de Laprovittola e Meyinsse para superar o atual campeão europeu: 90 a 77

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Agora não falta mais nada. Depois do Carioca, do NBB, da Liga das Américas e da Liga Sul-Americana, o torcedor do Flamengo pode encher a boca para falar que tem o título de clubes mais importante do planeta: a Copa Intercontinental. Numa atuação coletiva perfeita e com grandes desempenhos individuais do argentino Nico Laprovittola e do americano Jerome Meyinsse, o time comandado pelo técnico José Neto derrotou o Maccabi Tel Aviv por 90 a 77 (46 a 36), neste domingo, na quase lotada Arena da Barra, e agora pode dizer que é campeão de tudo. A equipe carioca precisava de uma diferença de no mínimo quatro pontos após a derrota por 69 a 66 na primeira partida, na última sexta-feira.

Assim que o cronômetro zerou, a torcida do Flamengo invadiu a quadra para festejar junto com os jogadores, num ambiente de euforia generalizada. A polícia teve que ser acionada para retirar os torcedores, e o locutor da Arena avisou pelo alto-falante que a premiação só aconteceria depois que a quadra fosse devidamente esvaziada.

Com 24 pontos e seis rebotes, o argentino Nicolas Laprovittola, que terminou a partida eliminado com cinco faltas, foi o grande nome da conquista rubro-negra - e eleito melhor jogador do torneio (MVP). Jerome Meyinsse, que anotou 22 pontos e cinco rebotes, e Marquinhos, com nove pontos, quatro rebotes e duas assistências, também se destacaram.

- Fizemos história hoje e temos que desfrutar. Toda a equipe fez um ótimo trabalho. Levamos o jogo bem, como tem que fazer. Somos um equipe dentro e fora de quadra. Temos que seguir assim. Esse é o começo da temporada, um começo muito bom e feliz para todo o Brasil - disse Laprovittola.

Pelo lado israelense, Jeremy Pargo, cestinha do jogo com 28 pontos, sete assistências e seis rebotes, Keith Hayes, com 15, e Guy Pnini, que contribuiu com 10, foram os maiores pontuadores

Com o campeão da Euroliga no bolso, a equipe rubro-negra agora vai arrumar as malas para encarar os jogos contra Phoenix Suns, Orlando Magic e Memphis Grizzlies pela pré-temporada da NBA.

Antes do feito rubro-negro, o Sírio, de São Paulo, era o único time brasileiro com um título de expressão internacional: o Mundial Interclubes de 1979, superando o Bosna, da antiga Iugoslávia, na final. No ano passado, o Pinheiros disputou o título intercontinental com o Olympiacos, da Grécia, mas perdeu as duas partidas da decisão, em Barueri.

Susto e reação

A tarde de domingo começou esquisita para o Flamengo. Mesmo com a Arena da Barra quase lotada, os frios rivais nem deram bola para a pressão e decidiram matar bolas. Foram três seguidas, uma delas de três de Pnini, que deram uma vantagem de 7 a 0 para os visitantes em pouco mais de dois minutos de jogo.

José Neto confiou no taco de seus jogadores e segurou um pedido de tempo que poderia ser providencial àquela altura. A decisão deu certo, e Marquinhos começou a reação numa bola de três. A torcida foi junto com o time, e o Maccabi até então 100% passou a errar. Melhor para os donos da casa, que com outra bola de três de Marquinhos e uma cesta na marra de Jerome Meyinsse, assumiram a liderança pela primeira vez.

A virada inflamou a torcida rubro-negra, e a diferença rapidamente chegou a sete pontos (16 a 9). Com 10 pontos no quarto, Laprovittola comandava as ações, enquanto Marcelinho, novamente com a pontaria descalibrada, deu lugar a Olivinha. Guy Goodes mudou todo o time de Maccabi, e, aos poucos, os campeões europeus foram tirando a diferença para passar a frente no minuto final. Mas com uma bola de três de Walter Herrmann, foi o Flamengo que fechou o primeiro período na frente, com uma vantagem de 27 a 25.

José Neto mudou o time quase todo e voltou para o segundo quarto com Benite, Olivinha e Caracter, além dos titulares Laprovittola e Herrmann. Mas o cartão de visitas na volta para a quadra foi de Hayes. Com uma bola de três, o armador americano recolocou o Maccabi à frente. O jogo então passou a ser lá e cá, assim como a liderança, que mudava de lado a todo instante.

Mas a pouco mais de cinco minutos do fim do primeiro tempo ela resolveu se estabelecer do lado rubro-negro. De volta, Marcelinho desencantou com cinco pontos seguidos, três deles na sua primeira bola de três nessas finais, e ampliou a diferença para sete pontos (39 a 32). O momento era todo do capitão rubro-negro, que em outra bonita jogada individual deixou Olivinha livre para marcar mais dois. O lance fez a Arena da Barra delirar.

Incrédulos, os campeões da Euroliga sentiram a pressão, passaram a errar um ataque atrás do outro e ficaram mais de três minutos sem pontuar.  A seca acabou a 1m38s do fim, num lance livre solitário de Jeremy Pargo.  Foi o suficiente para o treinador para José Neto parar o jogo. Embora o pedido de tempo tenha sido feito pelo Flamengo, a irritação no banco estava do outro lado. Aos berros e num dialeto só dele, que misturava hebraico e inglês, Guy Goodes não perdoou e "passou o sabão" em seus comandados.

Mas a bronca de nada adiantou. O Flamengo sobrava em quadra e abriu 11 pontos, a pouco mais de um minuto para o intervalo. O prejuízo do Maccabi só não aumentou porque o time rubro-negro desperdiçou dois arremessos seguidos de três pontos nos dois ataques seguintes.

Com três lances livres de Cohen, a diferença até caiu para oito, mas voltou a subir com outros dois convertidos por Laprovittola, cestinha do primeiro tempo com 12 pontos. Com 46 a 36 a seu favor, o campeão da Liga das Américas foi para o vestiário com seis pontos de crédito para gastar na etapa final.

Os dois primeiros pontos foram do Flamengo na volta do intervalo, mas Jeremy Pargo voltou para os vinte minutos finais inspiradíssimo. Com duas bolas de três seguidas, ele tirou seis pontos de prejuízo. A diferença é que o Flamengo pouco errava e também pontuava. Mas Pargo estava decidido a estragar a festa rubro-negra e anotou sua terceira cesta de três. Pnini também deixou a sua. A artilharia pesada de Maccabi não tinha fim, e Pargo fez mais uma, a quarta, e saiu rindo, o que levou o árbitro a adverti-lo.

Se Pargo desequilibrava de um lado, Jerome Meyinsse resolveu pagar a dívida do primeiro jogo e sustentava o Flamengo no ataque, ora com uma enterrada ora com lances livres. De ponto em ponto, o americano já somava 16 a menos de três minutos do fim do período. Mas Pargo não queria ficar para trás. Numa enterrada espetacular que calou a Arena da Barra, o “baixinho” de 1,88m diminuiu a diferença para três pontos. Benite deu o troco na sequência em outra linda jogada individual. Mas para fechar o momento “showtime”, Pargo fez uma ponte aérea com Alexander Tyus e deu outra cravada de tirar o fôlego.

Mesmo com a performance espetacular do camisa 4 do Maccabi, que anotou 16 pontos no terceiro quarto, o Flamengo foi para o último período vencendo por 64 a 61. Mas o começo do campeão da Américas nos 10 minutos finais foi fulminante e a sete minutos para o fim do jogo a vantagem já era de 11 pontos. Guy Goodes imediatamente parou o jogo, mas parecia que seus próprios comandados não acreditavam no que viam. As bolas do Flamengo caiam de todos os lados e por todas as mãos. Ora com Laprovittola na linha dos três, ora com Herrmann de dois, ora com uma bandeja e falta de Benite.

O Maccabi ainda diminuiu a diferença para nove pontos numa bola de três de Hayes a 1m37s para o fim do jogo, mas o prejuízo ainda era muito grande. A ansiedade no rosto dos jogadores rubro-negros era visível e compreensível, talvez por isso as bolas passaram a não cair mais. Porém, não era preciso, com oito pontos de frente a 53 segundos do fim, só uma tragédia tiraria o maior o maior titulo de clubes da Gávea. E como o domingo que começou esquisito não era de milagres, a festa rubro-negra não tinha mais hora para acabar: 90 a 77.

Escalações

Flamengo: Marquinhos (9), Marcelinho (5), Meyinsse (22), Herrmann (8), Laprovittola (24); Entraram: Olivinha (9), Benite (8), Caracter (4), Gegê (0), Felício (1), Danielzinho (0)
Técnico: José Neto

Maccabi: Pargo (28), Pnini (10), Randle (6), Landersberg (7), Maric (4); Entraram: Haynes (15), Smith (2), Tyus (4), Ohayon (0), Cohen (1), Linhart (0)
Técnico: Guy Goodes





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