Acabou o jejum: dois anos, três meses e 16 dias depois dos 4 a 1 ? com show de Thiago Neves ? pela Taça Guanabara de 2008, o Fluminense voltou a vencer o Flamengo. Fazendo-se valer de um adversário desmantelado e, principalmente, do nítido padrão de jogo implementado por Muricy Ramalho, o Tricolor sobrou no gramado do Maracanã e fez 2 a 1 na noite desta quarta-feira, em partida válida pela quarta rodada do Brasileirão.
Recuperado das dores na coxa direita, Fred até esteve em campo, mas quem fez a diferença foi Conca. Com uma assistência para o gol de Rodriguinho e um golaço em chute de fora da área, o argentino foi o nome do jogo. Bruno, em cobrança de falta perfeita, descontou.
Na próxima rodada, o Tricolor vai até Belo Horizonte encarar o Atlético-MG, domingo, às 16h (de Brasília), no Mineirão. Já o Rubro-Negro volta a jogar no Maracanã, sábado, contra o Grêmio, às 18h30m.
Flu massacra, mas marca só um gol
Se coincidiam no fato de buscarem afirmação em momento de reformulação, Fluminense e Flamengo entraram em campo de formas distintas. O Tricolor com força máxima. Dúvida até o início da partida, Fred se recuperou de dores na coxa direita e foi para o clássico. Já o Rubro-Negro entrou remendado. Sem Adriano, uma ausência definitiva, o treinador Rogério Lourenço também não pôde contar com Kleberson, Fierro (convocados para a Copa), Willians (fratura na mão), Michael (tendinite) e Petkovic (dores na coxa).
Fred mostrou logo que estava disposto a ter uma bela atuação. Com apenas 12 segundos, arriscou um chute de longa distância. A bola passou perto da meta de Bruno, que foi a campo com a camisa número três do Fla (em amarelo e azul). Aos quatro minutos, o goleiro não pôde se limitar a apenas observar. Carlinhos cruzou da esquerda e encontrou o camisa 9 na pequena área. Fred cabeceou, e Bruno, quase dentro do gol, salvou. O atacante ainda reclamou que a bola teria entrado.
Com meio-campo repleto de volantes (Rômulo, Toró e Fernando), o Flamengo mal conseguia sair do campo de defesa, e a responsabilidade de criação caía nos pés do jovem Camacho. E a pressão tricolor deu resultado aos dez minutos. Conca avançou pelo meio e lançou Rodriguinho. Na mesma linha do último homem do Fla, o atacante invadiu e tocou na saída de Bruno.
Após sofrer o gol, o Fla tentou ensaiar uma reação. Aos 12, Toró invadiu a área e caiu após um leve toque de Conca em suas costas. O árbitro Marcelo de Lima Henrique mandou o jogo seguir. Ataques rubro-negros, no entanto, eram raridade. O Flu massacrava e dava a impressão de que poderia golear a qualquer momento. Mas desperdiçava boas oportunidades.
Acuado, o Flamengo ao menos tinha espaço para os contra-ataques. Aos 21, Camacho descolou lançamento longo para Vagner Love, que ganhou na velocidade de Gum e tocou com categoria para encobrir Rafael. O goleiro se esticou todo e impediu o gol. O Rubro-Negro equilibrou um pouco as ações e assustou em novo contragolpe aos 27, com Vinícius Pacheco. Rafael novamente foi bem e espalmou.
O Tricolor, por sua vez, tinha um verdadeiro corredor nas costas de Leonardo Moura pelo lado esquerdo de ataque. Carlinhos deitava e rolava. Aos 28, ele recebeu de Marquinho dentro da área, chutou forte e levou perigo ao gol de Bruno. Quatro minutos depois, novamente com muita liberdade, o lateral fez com cruzamento na cabeça de Rodriguinho. O atacante voou de peixinho para balançar as redes, mas o lance foi bem anulado pelo auxiliar, que marcou impedimento.
Correndo de um lado para o outro, Toró tentava diminuir os buracos na defesa do Flamengo. Correu tanto que perdeu a cabeça em uma jogada: deu dois tapas em Conca ao tentar desarmá-lo, mas sequer foi punido pelo árbitro. No campo ofensivo, quem lutava praticamente sozinho para reanimar a equipe era Vagner Love, tentando aproveitar um dos inúmeros vacilos de Gum.
Com o jogo mais parelho, o Rubro-Negro até se mantinha no campo de ataque. Só não criava. Lance de perigo somente no minuto final da primeira etapa. Camacho levantou a bola na área em cobrança de falta, Love tentou o desvio, e Fred afastou de meia bicicleta.
Sem fazer força, Tricolor administra e amplia
Completamente dominado na primeira etapa, Rogério Lourenço apostou em uma formação ofensiva na volta para o segundo tempo. Diego Maurício e Ramon entraram nas vagas de Vinícius Pacheco e Rômulo. Não deu certo. Nitidamente mais organizado em campo, o Fluminense não foi tão incisivo no ataque, mas seguiu dominando o jogo.
Trocando passes de um lado para o outro, o Fla não encontrava espaços para criar e apostava em jogadas de bola parada. Aos sete, Juan cobrou falta na cabeça de Fernando. O volante, na pequena área, se atrapalhou todo e cabeceou mal. Já o Flu deu o bote certo.
Aos 11, Mariano foi ao fundo e achou Marquinho dentro da área. O meia dominou, fez o papel de pivô e rolou com açúcar para Conca emendar de primeira. Golaço do argentino!
Na base da correria, o Rubro-Negro tentava atacar, mas tropeçava nas próprias pernas, como Diego Maurício, aos 13. Seguro de seu futebol, o Fluminense mandava na partida.
O melhor suspiro de vida do Flamengo aconteceu aos 21. Camacho deixou Ramon sozinho na frente de Rafael dentro da área. E o apoiador decepcionou. Ele olhou para o gol, para o meio da área, para o gol e errou tudo ao tentar passe para Vagner Love. Três minutos depois, o Flu quase ampliou em cabeçada de Marquinho que tirou tinta da trave.
Em sua segunda oportunidade entre os profissionais, Diego Maurício tentava de todas as maneiras levar seu time ao ataque. Sem sucesso. Se já era amplamente dominado, o Rubro-Negro viu suas possibilidades de empate terminarem 15 minutos antes do apito final. Em bola dividida com Carlinhos, Fernando levantou muito o pé e levou o cartão vermelho.
Apesar da vantagem, o Fluminense abdicou do ataque e segurou a bola tocando de um lado para o outro, esperando o fim da partida. A passividade foi castigada com belo gol do goleiro Bruno, de falta, aos 46 minutos. Nada que colocasse em risco a vitória e o fim de um tabu que incomodava.