Força estrangeira é arma corriqueira na história da Superliga de Vôlei

Ao longo das 26 edições da Superliga Banco do Brasil já passaram pelas quadras nacionais 167 atletas de 30 nacionalidades diferentes

Dani Scott, Al Hachdadi e Daymi Ramirez passaram por times da Superliga | Divulgação
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Dani Scott, Al Hachdadi e Daymi Ramirez passaram por times da Superliga (Divulgação)

O Brasil é reconhecido como uma das principais escolas do voleibol mundial e, quanto a isso, não há dúvidas. Nesta condição, a Confederação Brasileira de Voleibol (CBV) trabalha anualmente para organizar a principal competição nacional da modalidade no intuito de mantê-la entre as mais disputadas do planeta. Assim, não é de se estranhar que a cada edição da Superliga Banco do Brasil, uma verdadeira legião estrangeira venha participar do campeonato e defender as camisas de clubes de diversas partes do país.

Ao longo das 26 edições da Superliga Banco do Brasil já passaram pelas quadras nacionais 167 atletas de 30 nacionalidades diferentes, com todos os continentes representados. Da Alemanha à Venezuela, o mapa de voleibolistas que jogaram por aqui rende uma viagem digna de romances de Júlio Verne.

A participação de estrangeiros teve início já na primeira temporada da Superliga entre 1994 e 1995. Na edição inaugural foram oito no total, sendo cinco atletas na competição feminina e três no masculino. A levantadora peruana Rosa Garcia, medalhista olímpica em Seul-1988, foi um dos principais nomes no elenco do BCN (SP), que terminou a competição com o vice-campeonato. Desde então, o mundo do voleibol evoluiu, e novos talentos apareceram em diversos cantos dos sete continentes.

Na história da Superliga, os países da América do Norte, Central e Caribe foram os que mais enviaram atletas para jogarem em solo brasileiro, com 74 ao todo. Aliás, os Estados Unidos, outra potência na modalidade, é o país que mais cedeu jogadores para a competição, 33 no total, incluindo a estrangeira com maior número de participações: Danielle Scott. A central norte-americana jogou em 10 temporadas, entre 1998 e 2014, sendo quatro delas pela equipe representante de Osasco (SP).

“A Superliga foi muito importante na minha carreira como atleta, e é uma das ligas mais fortes do mundo. Ter jogado tantos anos no Brasil me ajudou bastante, conheci pessoas importantes para a minha vida e treinei com ótimos técnicos. O povo e a cultura brasileira me marcaram. Não me surpreende tantos jogadores daqui dos Estados Unidos terem ido jogar na Superliga, pois o nível é muito alto”, comentou Dani Scott.

Em segundo lugar entre as estrangeiras que mais jogaram na Superliga está Daymi Ramirez, uma entre os 25 atletas cubanos a atuarem por aqui. Ela disputou seis temporadas, quatro pelo Dentil/Praia Clube (MG), clube que a trouxe para o Brasil pela primeira vez, e pelo qual a oposta tem muito carinho.

“O Brasil sempre foi um país que eu sonhava em jogar. A qualidade do voleibol praticado e as pessoas envolvidas foi o que me motivou a disputar a Superliga. Durante os anos que estive por lá aprendi muitas coisas, inclusive taticamente, que trago comigo até hoje. O momento que mais me marcou foi a final que joguei pelo Dentil/Praia Clube na temporada 2015/2016”, contou a atleta cubana.

A pequena ilha caribenha, que se tornou gigante no voleibol, é o terceiro país que mais exportou jogadores para as quadras brasileiras, ficando atrás apenas dos EUA, e da Argentina, que cedeu 27. E, junto com os argentinos, peruanas, colombianas e venezuelanas somam 37 sul-americanos que defenderam as cores de clubes brasileiros em edições da Superliga.

Um dos maiores ícones do voleibol argentino, Carlos Javier Weber, é um dos estrangeiros que deixaram uma marca na história da competição. Como levantador participou de seis temporadas, e foi campeão em duas, ambas pela Ulbra (RS) – 97/98 e 98/99. Após a aposentadoria como atleta, Weber passou a ocupar o cargo de treinador, e, novamente, conquistou o principal título do voleibol brasileiro, desta vez como comandante da Unisul (SC), em 2004. Para a próxima temporada, ele está de volta ao território verde e amarelo para ser o técnico do EMS Taubaté Funvic (SP).

Mas não é só de atletas dos países europeus e americanos que a Superliga se abastece no quesito estrangeiros. África, Ásia e Oceania também tiveram representantes por aqui. O central Ilouoni Ngamporou, do Congo, foi o primeiro africano a disputar a competição, e defendeu o Copel Telecom Maringá (PR) na temporada 15/16. Já o segundo não demorou muito a vir, no ano passado o Taubaté trouxe o marroquino Mohammed Al Hachdadi para o elenco.

“A principal razão para que eu escolhesse o Brasil para jogar foi a oportunidade de aprender com a escola brasileira de voleibol, especialmente com o técnico Renan. A temporada que passei em Taubaté, a Superliga é uma competição de alto nível, assim como a seleção nacional, foi um ganho enorme para a minha carreira. Outro aspecto que me marcou muito fui o carinho dos fãs, que me trataram com muito carinho”, disse o oposto marroquino.

Os asiáticos que jogaram em clubes brasileiros tiveram a mesma origem: o Japão. Os ponteiros Yusuke Ishijima e Tatsuya Fukuzawa defenderam clubes das região sul em décadas distintas. O primeiro esteve na Ulbra entre 2006 e 2007, e o segundo defendeu Maringá entre 2015 e 2016. Já o único atleta da Oceania a disputar uma edição da Superliga foi o ponteiro Igor Yudin, da Austrália, que jogou no Minas Tênis Clube (MG) na temporada 2005/2006.

A contribuição para construir o legado da Superliga vai além das grandes escolas do voleibol. Entre tantos norte-americanos, argentinos e cubanos, os clubes brasileiros já contrataram atletas de países de menor evidência na modalidade como a Letônia, a República Tcheca, a Suécia e o Azerbaijão.

No que tange ao aspecto técnico dos 167 forasteiros que vieram disputar a Superliga, 46% eram ponteiros, 21% eram centrais, 20% opostos, 9% líberos. Na divisão entre os gêneros, as mulheres participaram em maior número, com 54% do total de atletas de outras nacionalidades. Outro dado interessante diz respeito à quantidade de estrangeiros em cada edição da Superliga, com média de 10 por edição, a que contou com o maior números deles foi a 2018/2019, com 26. Já a temporada 2004/2005 foi a única sem a presença de “gringos”.

A contribuição de todos estes jogadores de várias culturas e escolas diferentes no que diz respeito ao voleibol foi muito importante para o desenvolvimento e consolidação da Superliga como uma das principais competições da modalidade em âmbito mundial. E, pelo visto, o hábito de contar com atletas de fora segue arraigado nos clubes brasileiros, pois, até o fechamento deste texto, já são nove estrangeiros contratados para a edição 2020/2021.

PAÍSES QUE CONTRIBUÍRAM COM ATLETAS PARA A SUPERLIGA

Estados Unidos – 33

Argentina – 27

Cuba – 25

República Dominicana – 9

Sérvia – 9

Rússia – 7

Bulgária – 6

Canadá – 5

Ucrânia – 5

Venezuela - 5

Holanda – 4

Itália – 4

Peru – 3

Alemanha – 2

Colômbia – 2

Croácia – 2

França – 2

Japão – 2

Polônia – 2

Porto Rico – 2

Romênia – 2

Austrália – 1

Azerbaijão – 1

Bélgica – 1

Congo – 1

Grécia – 1

Letônia – 1

Marrocos – 1

República Tcheca – 1

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