Nove gols em nove jogos. Desde que se recuperou de uma grave lesão muscular, Fred vive em estado de graça com a camisa do Fluminense. Nesta quarta-feira, apesar de discreto, o atacante foi novamente decisivo. Contra o Cerro Porteño, no primeiro jogo da semifinal da Copa Sul-Americana, em Assunção, no Paraguai, ele marcou o gol da vitória por 1 a 0 (assista ao vídeo ao lado). Placar magro, que não condiz com o futebol apresentado pela equipe brasileira, mas muito importante para a busca do título inédito para o clube. Além disso, confirma a bom momento tricolor. São dez jogos sem perder (sete pelo Brasileirão e três pela competição continental).
Na próxima quarta-feira, no Maracanã, o Flu joga por um empate para ir à final. O vencedor deste duelo vai encarar River Plate (URU) ou LDU (EQU). Antes, porém, o time de Cuca terá uma verdadeira decisão pelo Campeonato Brasileiro. No domingo, o adversário será o Atlético-PR, às 19h30m (de Brasília), também no Rio. Hora de voltar à luta para fugir da zona do rebaixamento.
Cuca avisou que o Fluminense agrediria o Cerro, e a postura ofensiva da equipe brasileira se confirmou antes mesmo de o relógio marcar dois minutos. Depois de uma bonita arrancada de Diogo pelo meio, Marquinho cruzou rasteiro da esquerda, e a bola sobrou na área para Maicon. Na hora de finalizar, faltou frieza ao atacante. Logo ele que apontou a tranquilidade como ponto fundamental para conseguir a vitória.
Marcação adiantada, e uma vontade incrível de sufocar o adversário. Foi a tônica tricolor nos primeiros 15 minutos. O time de Cuca estava à vontade em campo, principalmente porque a pressão no La Olla Azul y Grana era bem menor do que a sentida no Santa Laura, local do jogo com o Universidad de Chile, na fase anterior. Só uma parte da torcida organizada cantava o tempo todo. O clima era de apreensão.
Característica marcante nos duelos sul-americanos, a polêmica não demorou a aparecer. Aos 23, Mariano recebeu na ponta direita e bateu firme. No rebote do goleiro Barreto, Conca dividiu com Torren na área e foi derrubado. O meia argentino pediu pênalti, mas Héctor Baldassi (árbitro da final da Libertadores do ano passado) ignorou.
Fred pouco apareceu na primeira meia hora. Bem marcado, o atacante não encontrava espaços para ser acionado. Quando teve chance, aos 31, bateu rasteiro, e Barreto defendeu. O goleirão também foi testado por Dalton, de cabeça, e Mariano, em lindo chute de longe, e demonstrou qualidade. O travessão ainda ajudou o Cerro. E tudo isso aconteceu num período de dois minutos. Dava gosto ver o Flu jogar, mas faltava o gol, a cereja do bolo.
A primeira e única ameça paraguaia ocorreu aos 44. O grandalhão Nanni se livrou de dois marcadores, invadiu a área brasileira e bateu cruzado, com força, mas Rafael fez a defesa com o pé esquerdo. Placar em branco, sabe-se lá como, e reclamação do técnico Cuca pelo pênalti não marcado.
- A equipe está muito bem. Não adianta ficar pensando no juiz. Eu estou aqui fora me controlando, mas é brincadeira, né? - disse, em entrevista ao SporTV.
Um drible com a habilidosa perna esquerda, seguido de um chute rasteiro. Era o aviso de Conca ao Cerro Porteño. O argentino do Flu, cheio de vontade e categoria, voltou para o segundo tempo desafiando Barreto, aos seis minutos, mas o goleiro foi bem. Apesar de os paraguaios adiantarem a marcação, o time carioca manteve a ofensividade do primeiro tempo. Só não chegava com a mesma facilidade.
O técnico Pedro Troglio tentou dar mais força e criatividade aos donos da casa. Julio dos Santos, ex-jogador de Grêmio e Atlético-PR, ocupou a vaga da Cáceres para acionar "El Tigre" Ramirez, ex-Flamengo, e Nanni. Sem sucesso. Mesmo com mais posse de bola, o Cerro não chegava a ameaçar.
Conca e Mariano eram os mais ativos, enquanto Fred continuava sumido. Cuca decidiu mudar o ataque, e Maicon deu lugar a Alan, aos 24. Naquele momento, os paraguaios investiam na jogada aérea e esbarravam na segurança da zaga tricolor.
Quando o Fred ganhou a dividida no meio-campo, era difícil imaginar que fosse conseguir superar praticamente toda a defesa adversária. Mas foi exatamente o que ele fez. Arrancou com velocidade e bateu com categoria da entrada da área, aos 30. Chute seco, decisivo. Desta vez não deu para Barreto. Desorganizado, o Cerro pouco assustou nos 15 minutos finais, e o Flu confirmou uma vitória de muita autoridade.
Com o apito final, torcedores paraguaios atiraram pedras e objetos no gramado. Os jogadores do Fluminense e o trio de arbitragem receberam proteção policial enquanto aguardavam a desocupação do estádio. Um policial foi atingido na cabeça por uma pedra.