Marcos, 37 anos, confessa: ?Estou amargurado com esta perspectiva de parar?. O goleiro do Palmeiras marcou a aposentadoria para o final do ano. E já sofre com a possibilidade. ?Jogador de futebol só sabe jogar futebol. Não se prepara para outra coisa?, afirmou.
O corpo do campeão mundial de 2002, com a seleção brasileira, anda cobrando o esforço de 20 anos de carreira. No início desta temporada, Marcos conversou com o preparador Carlos Pracidelli e com outros integrantes da comissão técnica. Juntos, avaliaram o que ele poderia fazer depois da temporada de 2010, quando ele parou várias com contusões nos braços e nos joelhos.
?Disse para eles: não tenho mais condições de ser titular do Palmeiras?, afirmou em entrevista à TV Bandeirantes. Segundo Marcos, ele foi convencido a jogar com intervalos de descanso. E tem funcionado assim. ?Jogo alguns jogos, sinto dores e levo três, quatro partidas fora até não sentir mais nada?, afirmou.
Ele conta que tem conversado com velhos companheiros e adversários em campo. Constatou que não é o único. ?Os caras que puxavam a fila nos treinos são os que estão mais ferrados. Eu tomei tanto anti inflamatório, que acabo tomando remédio para o estômago. Hoje, eu penso em fazer uma coisa, mas não consigo executar em campo?.
Este problema se tornou insolúvel. O arqueiro palmeirense sente que a experiência o ajuda a fazer boas defesas porque já passou por lances semelhantes. É o caso da jogada de Jucilei, no clássico contra o Corinthians. Ele caiu de um lado, abrindo as pernas para cortar um toque no contrapé. Conseguiu desviar o chute do ex-volante corintiano.
Além disso, jogar nem é o maior problema. A questão é a exigência nos treinos. Para defender cinco bolas numa partida, ele evitou centenas de gols em chutes nos treinamentos. Pracidelli, os médicos e preparadores físicos do Palmeiras têm trabalhado no patamar mínimo de esforço. ?Agradeço demais o que estão fazendo por mim?, disse.
Parar é, segundo Marcos, a ?pior decisão que ele já tomou na vida?. Para um atleta, pendurar as luvas aos 38 anos é normal. Mas para um ?civil?, é muito cedo deixar de ser produtivo. No último contrato que assinou com o Palmeiras, o clube se compromete a lhe dar emprego por três anos.
?Nem sei onde me encaixo. Mas nem pensei nisso. Quero aproveitar cada minuto destes dez meses que faltam para curtir a despedida?, falou. Brincalhão, ele lembra da fama de sempre dar entrevistas polêmicas no final das partidas e emenda: ?Tem gente dizendo que eu deveria ser o assessor de imprensa. Aí a casa cai?.
O goleiro tem recebido cartas de torcedores pedindo para que não pare. Chega até a pensar a respeito. Mas aí treina, sente dores e desiste. ?Não vou falar mal do meu corpo. Ele me deu tudo e eu exigi muito dele. Coomo eu defini mesmo que paro em dezembro, quero jogar o máximo de jogos. Sou um cara do interior, não vou ficar viajando depois de parar. Por isso, no Brasileiro, quero me despedir de cada cidade?, afirmou.