Há 6 anos, Maguila aceitou doar cérebro para Universidade de São Paulo

Ao longo de 85 lutas, ele venceu 77, sendo 61 por nocaute, sofreu sete derrotas e teve um empate técnico

Maguila | Divulgação
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O ex-boxeador José Adilson Rodrigues dos Santos, o Maguila, aceitou doar seu cérebro para pesquisas científicas no ano de 2018. Ele faleceu nesta quinta-feira (24) após anos de luta contra a Encefalopatia Traumática Crônica (ETC)uma doença degenerativa incurável provocada por impactos repetidos na cabeça ao longo de sua carreira no boxe. A decisão de doar seu cérebro foi motivada pela vontade de contribuir com estudos sobre as consequências de traumas no esporte.

O que aconteceu

O processo de doação começou há seis anos, quando Maguila preencheu uma "declaração de vontade" formalizando seu desejo de doar o cérebro para a Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP). A instituição possui um grupo de pesquisa focado em estudar os efeitos dos impactos repetidos em esportes de contato, como boxe, futebol e rúgbi. Esse tipo de estudo busca entender melhor doenças como a ETC, que afetam muitos atletas.

Etapas

De acordo com a FMUSP, o documento deve ser assinado e ter firma reconhecida em cartório, com duas vias — uma delas fica com a faculdade e a outra com o próprio doador ou seus familiares. Essa é a primeira etapa do processo de doação. A segunda fase se inicia após o falecimento do doador, quando a família deve registrar um boletim de ocorrência informando a morte e, em seguida, contatar o Serviço de Verificação de Óbitos (SVO), localizado na Faculdade de Medicina.

Processo

Após essa etapa, o corpo é levado ao SVO, onde a "declaração de vontade" é apresentada. A disciplina de Topografia da FMUSP, que será responsável por receber o cérebro, é então notificada. Segundo a faculdade, o SVO realiza o preparo do corpo e, posteriormente, o órgão é encaminhado para a disciplina responsável, onde será armazenado em uma câmara fria em baixíssimas temperaturas para preservação.

Contribuição para ciência

Apesar do processo estar em andamento, ainda não há confirmação oficial de que a doação será realizada. A doação, se concretizada, será um passo importante para o avanço de estudos sobre os impactos do boxe e outros esportes na saúde dos atletas.

História

Maguila foi uma das figuras mais marcantes do boxe brasileiro. Nascido em 12 de junho de 1958, em Aracaju, Sergipe, sua carreira profissional durou de 1983 a 2000. Ao longo de 85 lutas, ele venceu 77, sendo 61 por nocaute, sofreu sete derrotas e teve um empate técnico. Um dos confrontos mais famosos de sua carreira foi contra o lendário George Foreman, no qual o americano nocauteou o brasileiro.

Popular

Além do boxe, Maguila teve outras aparições públicas, como comentarista de economia no programa "Aqui Agora", do SBT, na década de 1990, e no elenco fixo do humorístico "Show do Tom", da Rede Record, em 2004. Contudo, antes de completar 50 anos, ele foi diagnosticado com a ETC, uma condição que inicialmente foi tratada como Alzheimer, até que o neurologista Renato Anghinah, em 2015, identificou a verdadeira causa: os repetidos golpes na cabeça que sofreu durante sua carreira.

Vida pessoal

Maguila passou seus últimos anos em tratamento no Centro Terapêutico Anjos de Deus, em Itu, São Paulo, onde recebeu cuidados paliativos. Em uma entrevista concedida ao GE em 2022, o ex-lutador declarou que, apesar da doença, estava tranquilo e mandou uma mensagem de carinho para o público brasileiro. Ele deixa sua esposa e três filhos: Edimilson Lima dos Santos, Adenilson Lima dos Santos e Adilson Rodrigues Júnior.

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