Isabel Salgado partiu repentinamente, aos 62 anos, vítima de um quadro de pneumonia que evoluiu para Síndrome de Angústia Respiratória do Adulto (SARA). A informação foi confirmada nesta quinta-feira pela assessoria de imprensa da família da ex-atleta.
Ela foi internada pela manhã da última terça-feira no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo. Intubada no decorrer do dia, precisou entrar na oxigenação por membrana extracorporal (ECMO), mas não resistiu.
Presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) e diretor do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF), o médico Alberto Chebabo explica que a doença que vitimou Isabel se comporta de maneira muito semelhante à Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), que se popularizou com a pandemia da Covid-19.
– A SARA é uma lesão pulmonar que compromete a respiração, normalmente causada por um agente infeccioso, que pode ser viral ou bacteriano. No caso dela, ao que tudo indica, foi uma bactéria. A doença leva a um quadro de insuficiência respiratória e a pessoa eventualmente precisa ser entubada – diz.
A produtora Paula Barreto, que preparava um documentário ao lado de Isabel, chegou a enviar, na quarta-feira, uma mensagem a amigos de ambas comunicando a morte da ex-atleta. No texto, ela diz que Isabel procurou o hospital após sintomas gripais e que testou negativo para Covid.
"Na segunda a noite foi dormir passou mal. Deixou para ir para o hospital Sírio na terça de manhã . Quando acordou na terça já estava bem pior. Internou no Sírio já no CTI . Detectaram um bactéria que já tinha tomado todo o pulmão. Foi entubada e teve uma parada cardíaca as 4 da manhã hj e não resistiu", escreveu a cineasta.
A rapidez na evolução do quadro de Isabel impressiona. Chebabo completa:
– A velocidade depende do quadro. Normalmente você vai tendo um quadro progressivo, mas se o atendimento é tardio e o paciente chega ao hospital com um comprometimento grande do pulmão, pode ser grave e evoluir de forma rápida. O que imaginamos é que tenha sido uma pneumonia bacteriana que evolui de maneira muito rápida e levou a esse quadro grave que não conseguiu ser revertido.
Despedida com aplausos, rosas e música
Em uma cerimônia que contou com saxofone e violão, o corpo de Isabel Salgado foi levado para o Crematório da Penitência, no Caju, sob aplausos nesta quinta-feira. Os cinco filhos da ex-atleta lideraram o cortejo, com Carol Solberg e Pilar e Maria Clara Salgado caminhando abraçadas. Carol, que segue os passos da mãe e está na segunda colocação do ranking mundial de jogadoras de vôlei, disse que as cinzas de Isabel serão lançadas no mar de Ipanema.
— A minha mãe foi um furacão, uma mulher fora do comum. Ela não amava só a gente, minha mãe amava gente. Uma mulher que ensinou a amar e foi muito amada. Hoje foi um dia de celebrar ela, que segue muito viva dentro da gente — afirmou Maria Clara Salgado, que também é atleta de vôlei de praia: — Não era a hora dela ainda, que viveu só 62 anos, mas viveu intensamente como poucas pessoas viveram.
No caminho até o crematório, um saxofonista tocava “Como é grande o meu amor por você”, de Roberto Carlos. Uma camisa da seleção feminina de vôlei da década de 1980 foi colocada sobre o caixão. Na chegada ao local, amigos e familiares jogaram pétalas de rosa, enquanto cantavam a música "Não quero dinheiro (só quero amar)", de Tim Maia.