Jogadores do Tigre prestam queixa e vestiário fica destruído

Três argentinos passam por exame de corpo de delito. Eles acusam seguranças do São Paulo de agressão e ameaça com arma de fogo

Confusão em campo, no jogo entre São Paulo e Tigre | Reprodução
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Membros da delegação do Tigre prestaram queixa no DHPP (Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa), no centro de São Paulo, contra os seguranças do Tricolor, após a decisão da Copa Sul-Americana, nesta quarta-feira à noite, no Morumbi. Eles alegam terem sido agredidos e afirmam que alguns dos funcionários do clube paulista portavam armas de fogo. Três jogadores, inclusive, passaram por exame de corpo de delito: o goleiro Albil, o lateral Orban e o volante Galmarini, que teve um corte na testa e precisou tomar três pontos.

A diretoria do São Paulo nega as acusações. Pouco antes da queixa do Tigre, quatro seguranças do Tricolor foram ao 89º DP e registraram um boletim de ocorrência acusando os jogadores do Tigre de os terem agredidos. Depois, os quatro foram encaminhados ao DHPP para registrar depoimento. O caso será investigado.

- Nenhum segurança do São Paulo anda armado no Morumbi. Eles (argentinos) podem ter se confundido por não saber quem é policial e quem é segurança. O comando da Polícia Militar me garantiu que não encontrou arma no local - disse José Francisco Manssur, assessor da presidência do Tricolor, no DHPP. Ele foi o único representante do São Paulo no local, já que dirigentes, comissão técnica e jogadores comemoravam o título, na mesma hora, numa boate na região dos Jardins.

No total, seis integrantes da delegação do Tigre, entre jogadores e comissão técnica, prestaram depoimento no DHPP, além do presidente do clube, Rodrigo Molinos, e do manager, Sérgio Massa. O ônibus deixou o DHPP por volta das 3h, com destino ao hotel onde o time argentino está hospedado em São Paulo, na região do Morumbi, mas os jogadores que prestavam queixa permaneceram na delegacia.

Todos prestaram esclarecimentos e deixaram o local às 4h30m. À delegada de plantão, eles sustentaram a versão de que teriam sido ameaçados gratuitamente pelos seguranças são-paulinos e que arrancaram divisórias e prateleiras de madeira dos vestiários com o intuito de se defender.

Eles devem seguir de van direto para o Aeroporto de Cumbica, em Guarulhos, já que o voo de volta a Buenos Aires está marcado para as 8h. Enquanto prestavam queixa, houve um princípio de tumulto por um motivo inusitado: Fernando Galmarini, pai do volante Martín Galmarini, se desentendeu com policiais porque queria adentrar ao local para urinar. Foi impedido e bateu boca.

Os seguranças do São Paulo deixaram a delegacia por volta das 4h50m, todos com marcas da briga com os jogadores do Tigre. Um deles teve um corte no supercílio, enquanto outro teve uma lesão mais profunda na mão. Por motivos de segurança, eles não quiseram fazer fotos. Por outro lado, os garotos do Tigre saíram praticamente sem marcas.

Tigre não pedirá anulação do jogo; vestiário é destruído

Por conta da confusão no vestiário do Morumbi, durante o intervalo do jogo, os atletas do Tigre se recusaram a voltar a campo para o segundo tempo, e o árbitro chileno Enrique Osses decretou o fim da partida. O São Paulo, que vencia por 2 a 0, conquistou, assim, o título da Copa Sul-Americana.

Dirigentes do Tigre afirmam que não pretendem pedir a anulação da partida, já que até Nicolas Leoz, presidente da Conmebol, participou da cerimônia de premiação. O clube, porém, prestará queixa contra o São Paulo na Associação de Futebol Argentina (AFA), que, por sua vez, encaminhará a reclamação à entidade máxima do futebol sul-americano. Os dois times estão classificados para a Libertadores (o Tricolor ainda precisará passar pela primeira fase eliminatória) e podem se encontrar no torneio.

Na saída do DHPP, na madrugada desta quinta-feira, Rodrigo Molinos, presidente do Tigre, justificou a ausência da equipe na segunda etapa e garantiu que não reconhece o São Paulo como atual campeão sul-americano.

- Não me parece que podemos considerar um campeão se nem pudemos jogar o segundo tempo. Nossos jogadores estavam ameaçados e não puderam subir para os vestiários. Estamos num país estrangeiro e fomos atacados nos vestiários - afirmou.

- Faremos as reclamações necessárias e vamos buscar nossos direitos - completou.

O ônibus do Tigre deixou o Morumbi por volta de 1h30, mais de duas horas depois de o árbitro ter decretado o fim do jogo. Eles deixaram para trás um rastro de destruição. Parte do mobiliário do vestiário foi destruída. Funcionários do São Paulo afirmam que alguns pedaços de madeira do mobiliário foram usadas pelos argentinos como armas. Havia muitas marcas de sangue na parede.

Vestiário do Tigre após a partida contra o São Paulo (Foto: Marcelo Prado/Globoesporte.com)Vestiário do Tigre foi destruído e ficou com marcas de sangue (Foto: Marcelo Prado/Globoesporte.com)

A confusão se deu no intervalo de jogo, ainda no campo, logo após o fim do primeiro tempo, quando o atacante Lucas passou pelo lateral-esquerdo Orban oferecendo a ele, de forma irônica, o chumaço de algodão que estancava o sangramento em sua narina direita. Lucas havia sido atingido pelo argentino pouco antes.

Não demorou para que jogadores do Tigre cercassem o camisa 7 do São Paulo. A confusão foi generalizada. Revoltados com a provocação ? e, claro, com a derrota na bola -, os argentinos partiram para cima dos são-paulinos e por pouco não invadiram o vestiário do time da casa. Policiais precisaram intervir e, segundo jornalistas argentinos, houve confronto da PM com os jogadores. O técnico Nestor Gorosito, em entrevista à ESPN Argentina, acusou os policiais de terem ameaçado seus jogadores com armas de fogo. Ele chamou os jogadores do São Paulo de "cagões" e afirmou que "só se garantem com os policiais". Ao canal Fox Sports, o volante Galmarini afirmou:

- Não queria que terminasse da maneira que terminou. Estou triste por acabar assim, sendo ameaçado com um cassetete e um revólver.

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